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Ciclo da celulose, ESG e desalavancagem: chegou a hora de comprar ação da Suzano

04 fev 2021, 17:29 - atualizado em 04 fev 2021, 17:59
Fábrica de papel e celulose da Suzano
O BTG Pactual tem recomendação de compra para a Suzano, com preço-alvo de R$ 81 (Imagem: Facebook/ Divulgação/Suzano)

O momento de olhar para a Suzano (SUZB3) de outra maneira chegou. Desde que adquiriu a Fibria dois anos atrás, a companhia tem passado por um “baixo ciclo” no qual precisou enfrentar uma série de desafios, desde excesso de capacidade no setor até alta alavancagem e perdas com derivativos.

Agora, parece que o cenário começou a mudar para a empresa de papel e celulose. Cada vez mais focada na pauta ESG (práticas ambientais, sociais e de governança corporativa) e na aceleração da desalavancagem, a Suzano voltou a chamar a atenção do BTG Pactual (BPAC11), que passou a recomendar a compra da ação, com preço-alvo de R$ 81.

Uma notícia positiva para a Suzano é que o ciclo da celulose mudou. Os preços estão subindo e a demanda segue aquecida. Otimista com esse ambiente altamente benéfico para as empresas do setor, o BTG acredita que, pelo menos no curto prazo, os preços da celulose continuarão aumentando.

O BTG atualizou as estimativas para os preços de celulose de fibra curta. Para 2021, a estimativa está em US$ 625 a tonelada, saindo de US$ 575 a tonelada. Em 2022 e 2023, os preços esperados são de US$ 600/tonelada e US$ 575/tonelada, respectivamente. O preço de longo prazo de US$ 550/tonelada não foi alterado.

Criação de valor

Para o BTG, a tese ESG da Suzano é uma das melhores da América Latina.

“Diferente de outras histórias que acompanhamos, a Suzano vê o ESG como uma fonte de criação de valor para seus acionistas/stakeholders nos próximos anos/décadas, não apenas em relação a protocolos e retórica”, disseram Leonardo Correa, Caio Greiner e Ricardo Cavalieri, analistas do banco que assinam o relatório divulgado na terça-feira.

A empresa está trabalhando com algumas iniciativas sociais e de governança, mas o BTG acredita que é na frente ambiental que a Suzano tem mais a oferecer.

“A Suzano está bem posicionada para aproveitar seus processos produtivos sustentáveis, utilizando recursos naturais altamente renováveis e um portfólio de produtos biodegradáveis”, afirmaram os analistas.

A companhia está em busca de novos usos para a celulose. Seus produtos, por terem uma natureza biodegradável, podem servir como substitutos para matérias-primas consideradas menos ecologicamente corretas.

“De acordo com a empresa, esses novos mercados endereçáveis (onde a celulose poderia ser utilizada) podem valer até US$ 50 bilhões/ano, sendo os mais representativos os combustíveis (US$ 17 bilhões), plásticos (US$ 16 bilhões), produtos químicos (US$ 10 bilhões) e têxteis (US$ 9 bilhões)”, comentaram Correa, Greiner e Cavalieri. ” Como comparação, 60 milhões de toneladas de celulose de mercado hoje representam US$ 35-40 bilhões/ano”.

O preço atual dos papéis da Suzano ainda não reflete todo o seu potencial de desalavancagem, defendeu o BTG (Imagem: Facebook/Suzano)

Potencial de valorização

Na avaliação do BTG, o preço atual dos papéis da empresa ainda não reflete todo o seu potencial de desalavancagem.

“Atualmente, calculamos que cerca de 50% de seu valor EV (valor da firma) de aproximadamente R$ 150 bilhões é composto de dívidas. Se assumirmos que a geração de fluxo de caixa livre entrante reduz seu índice de alavancagem para 30% (do EV) à frente, haveria um potencial de valorização acima de 25% para os preços das ações apenas no efeito de rebalanceamento”, avaliaram os analistas.

O banco vê a aceleração do processo de desalavancagem como um grande fator que impulsionará o desempenho do ativo.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.