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Compulsório menor: os primeiros beneficiados devem ser os próprios bancos

20 fev 2020, 14:26 - atualizado em 20 fev 2020, 15:18
Banco Central
Vantagem: dinheiro disponível barateará o custo de captação dos bancos (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Anunciado pelo Banco Central (BC) na manhã desta quinta-feira (20), o corte dos depósitos compulsórios foi bem recebido pelos analistas. Com potencial para liberar até R$ 135 bilhões, a medida foi justificada pelo BC como um incentivo ao crédito, a fim de estimular a economia.

Mas, para os analistas, os primeiros beneficiados devem ser os próprios bancos.

Isto porque, segundo os primeiros relatórios que abordam o assunto, a disponibilidade de dinheiro para emprestar (conhecida como liquidez) ainda é suficiente para atender a atual demanda dos consumidores.

Mas, como toda mercadoria, o dinheiro segue a lei da oferta e da demanda. Se a economia voltar a crescer de modo consistente, mais gente pedirá crédito.

Como a matéria-prima dos bancos é o dinheiro que captam de investidores, um eventual aumento da demanda de crédito geraria um efeito-cascata: os bancos buscariam mais dinheiro no mercado para transformar em crédito – e o preço que pagariam por ele subiria.

Logo, com o desbloqueio do dinheiro que já está depositado em seus cofres, os bancos não precisarão recorrer a outras fontes, se a demanda por empréstimos crescer. Logo, não haverá pressão sobre o “preço” do dinheiro no mercado.

“Enquanto a liquidez não tem sido um obstáculo para os empréstimos, isso [o corte do compulsório] mitigará uma potencial pressão dos custos de funding, à medida que o crédito crescer”, explica o Credit Suisse, em um breve comentário assinado por Marcelo Telles.

Ceticismo

A Guide Investimentos vai pela mesma linha. A equipe da gestora afirma que a decisão do BC aumenta “a disponibilidade de caixa para que os bancos possam exercer suas atividades. Sendo assim, é esperado que as instituições desse setor possam elevar seus níveis de atividades”.

Banco do Brasil
Banco do Brasil: instituição lidera queda do setor na bolsa (Imagem: Banco do Brasil/Facebook)

A Ágora Investimentos é ainda mais cética, quanto aos efeitos da medida, já que ela “não deve resultar em nenhum ganho material de curto prazo para os bancos, pois a liquidez do sistema é alta e saudável”.

Victor Schabbel e Maria Clara Negrão, que assinam o relatório da Ágora, observam que a redução dos compulsórios é “estruturalmente positiva para os bancos, pois diminui os custos para operar no país”.

Mas a dupla adverte: “isso não altera nossa visão cautelosa sobre o setor [bancário], pois vemos a concorrência se intensificando e as taxas cair”.

Os investidores parecem concordar com eles. Por volta das 14h10, o Santander (SANB11) era o único que operava em alta na B3, com valorização de 0,44% e preço de R$ 41,43. O Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) recuavam, respectivamente, 1,49%, 0,68% e 0,21%.

No mesmo instante, o Ibovespa caía 1,56% e marcava 114.698 pontos.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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