Mercados

Dólar fecha a R$ 4,63 e acumula valorização de 3,4% na semana

06 mar 2020, 17:30 - atualizado em 06 mar 2020, 18:13
Dólar
O dólar negociado no mercado à vista, que encerra às 17h, caiu 0,36%, a 4,6344 reais na venda (Imagem: REUTERS/Bruno Domingos)

O dólar à vista finalmente quebrou uma série de 12 altas consecutivas e fechou em baixa moderada ante o real nesta sexta-feira, mas ainda assim acumulou a maior valorização semanal desde novembro do ano passado, depois de dias de forte tensão por causa do coronavírus e ampliada por questionamentos do mercado acerca do modus operandi de atuação do Banco Central no câmbio.

O Banco Central vendeu nesta sexta-feira, em um único leilão, 2 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional –que equivalem à venda de dólar no mercado futuro. O volume ofertado (40 mil contratos de swap) foi o dobro do registrado em operações anteriores.

O BC reforçou as operações depois de na véspera fazer três leilões de 1 bilhão de dólares em swaps cada e não conseguir impedir que o dólar cravasse novo recorde histórico, atraindo críticas de operadores de mercado pelo que consideraram a postura excessivamente discreta, com volumes de swaps aquém do necessário, dado o cenário de grande volatilidade.

Luis Laudisio, operador da Renascença, disse que a disparada recente do dólar foi reflexo em boa parte de um “corner em que o colegiado (o Copom) se colocou” ao sinalizar nesta semana que poderia cortar os juros, enquanto o Banco Central tentava segurar a depreciação cambial.

“Com isso, parte do mercado espera novos cortes da Selic, o que reduziria o diferencial de juros entre Brasil e restante do mundo. Com isso, em combinação à piora nos mercados globais, o real voltou a se depreciar frente ao dólar e às moedas de países emergentes”, afirmou o Bradesco em nota.

Em dois dias, o BC vendeu um total de 5 bilhões de dólares em contratos de swap. Em 18 e 19 de junho de 2018, o BC liquidou a venda de 6,750 bilhões de dólares nesses ativos.

Leonardo Monoli, gestor no Opportunity Total, afirmou que o reforço da intervenção cambial visa tornar o hedge no dólar “ineficiente na margem”. “Isso força desmontar posições em outros ativos (reduzir risco) ou procurar hedge em outras moedas emergentes”, afirmou.

Alguns analistas chamaram atenção neste pregão para o desempenho mais fraco do peso mexicano –que, assim como o real, é considerado uma proxy para risco em moedas emergentes. Num dia de respiro para o real, o peso caía 1,5%, liderando as quedas entre 33 rivais do dólar norte-americano.

O dólar negociado no mercado à vista, que encerra às 17h (de Brasília), caiu 0,36%, a 4,6344 reais na venda, depois de disparar 8,13% em 12 pregões consecutivos de valorização.

Na semana, o dólar spot saltou 3,42%, maior ganho percentual desde a semana finda em 8 de novembro de 2019 (+4,34%).

Apesar do alívio no mercado interbancário de câmbio, a taxa do dólar futuro seguia em alta, chegando a se aproximar de 4,68 reais na máxima da sessão, acompanhando o mau humor nos demais mercados de câmbio em mais um dia de forte aversão a risco em todo o mundo.

Às 17h47, o dólar futuro de maior liquidez mostrava alta de 0,48%, a 4,6380 reais, depois de bater 4,6785 reais no pico da sessão. As negociações com dólar futuro na B3 terminam às 18h.

Apesar da força do dólar, alguns analistas ainda esperam uma retração da moeda ante os patamares atuais. O Itaú Unibanco ainda vê o real pressionado pelo “elevado nível de incerteza” na economia global e o menor apetite por risco”, mas acredita que, com a dissipação do choque econômico causado pelo coronavírus, a aversão a risco no exterior deve diminuir e a economia brasileira deve acelerar, abrindo espaço para recuperação da moeda local.

O Itaú manteve expectativa de que o dólar fechará 2020 e 2021 em 4,15 reais, mas calcula que a cotação deveria estar “mais perto de 4,00 reais” considerando o preço de outros ativos brasileiros e moedas emergentes.

(Atualizada às 18h13)

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