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Listagem da JBS (JBSS32) nos EUA marca ressurgimento de irmãos Batista

13 jun 2025, 10:52 - atualizado em 13 jun 2025, 10:52
jbs wesley batista
(Foto: Reuters/Fernanda Luz)

A JBS começa a ser negociada na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) nesta sexta-feira (13), coroando o retorno surpreendente dos irmãos Joesley e Wesley Batista, menos de uma década depois de terem sido presos em meio ao escândalo de corrupção da Lava Jato e forçados a ficar na retaguarda de seu império global de alimentos.

A listagem nos EUA do maior frigorífico do mundo, que o grupo busca de alguma forma desde 2009, ocorre no momento em que os irmãos, agora de volta ao conselho da JBS, também recuperaram grande parte de sua influência entre a elite política do Brasil.

A proeminência deles foi exibida no sábado, quando Wesley Batista, recém-chegado de uma viagem a Paris com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, subiu ao palco para discutir as perspectivas econômicas com o presidente do Banco Central do Brasil e outros importantes executivos do setor bancário.

Batista estava de bom humor e rebateu um pouco do pessimismo de líderes empresariais brasileiros em relação ao governo Lula.

“Temos que olhar as coisas que não estão indo mal também, porque está todo mundo aqui fazendo planos para investir, todo mundo está crescendo”, disse ele durante evento no litoral de São Paulo, atraindo aplausos.

Poucos líderes empresariais podem se igualar ao acesso dos irmãos na capital Brasília. A agenda pública de Lula mostra que um ou ambos apareceram ao lado do presidente em pelo menos cinco eventos públicos desde o ano passado.

Eles também realizaram várias reuniões privadas com Lula e seus ministros, segundo duas pessoas com conhecimento das agendas privadas do gabinete.

A JBS disse que suas reuniões com autoridades públicas estão de acordo com seu código de conduta. A assessoria de imprensa da Presidência não respondeu às perguntas sobre as reuniões.

Tudo isso está muito distante do ponto mais baixo dos irmãos, há quase uma década, quando confessaram ter subornado centenas de políticos, se afastaram de seu império corporativo e passaram meses na cadeia, lutando contra alegações de uso de informações privilegiadas.

“Eles estão de volta porque estão investindo”, disse uma pessoa próxima à Presidência do Brasil.

A JBS tem centenas de operações e está presente em mais de 20 países, rivalizando com a Tyson Foods no mercado de carne bovina dos Estados Unidos. A companhia está entre as maiores empresas do Brasil em termos de receita e número de empregados. Sua controladora, a J&F, expandiu-se na economia brasileira nos setores bancário, de energia, logística e financeiro.

Uma doação de US$5 milhões feita pela Pilgrim’s Pride, subsidiária da JBS, ao Comitê Inaugural de Trump-Vance também evidenciou o crescente alcance global de sua influência.

A senadora norte-americana Elizabeth Warren questionou a JBS em uma carta pública no mês passado, sugerindo que a doação e a subsequente aprovação da listagem nos EUA pela Comissão de Valores Mobiliários em poucos meses “levantam sérias preocupações sobre um possível acordo quid pro quo”.

Em resposta a perguntas sobre a doação, a JBS afirmou que a Pilgrim’s “tem um longo histórico bipartidário de participação no processo cívico”.

A reabilitação dos irmãos vai além da política.

Depois de anos envolvida no maior escândalo de corrupção do Brasil, a J&F conseguiu uma decisão que suspendeu uma multa de cerca de R$10 bilhões por seu papel no esquema.

No auge do escândalo, os irmãos admitiram ter subornado cerca de 1.800 políticos. Em 2017, Joesley Batista gravou uma conversa supostamente discutindo um esquema de suborno com o então presidente Michel Temer, como parte de um acordo de delação premiada.

Os irmãos Batista, que se afastaram dos cargos de liderança da JBS durante os eventos do escândalo, foram posteriormente presos por suposta negociação de informações privilegiadas com base nesse acordo. Posteriormente, eles foram absolvidos no caso.

Em 2023, um juiz do Supremo Tribunal Federal suspendeu a multa contra a J&F em seu acordo de leniência, sob o argumento de que os promotores agiram de forma tendenciosa na época. O caso ainda aguarda uma revisão mais ampla pelo tribunal.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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