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4 fatores que explicam o fenômeno Anitta

07 jun 2022, 12:48 - atualizado em 07 jun 2022, 12:48
Anitta
Anitta se tornou a pessoa mais ouvida no mundo na plataforma Spotify; veja as lições sobre carreira que a cantora ensina (Imagem: Reprodução/facebook)

Empreendedora, professora, conselheira, executiva – e também cantora: essa é Anitta, que ao longo dos últimos anos transcendeu a música e hoje é uma autoridade simultânea em diversas áreas, mesmo sem sequer ter chegado aos 30 anos.

No mundo corporativo, palpitar sobre situações já consumadas leva o termo de ‘engenheiro de obra pronta’. E é este o propósito deste texto, afinal, nem mesmo a própria Anitta (ou quem estava ao seu redor) tinha noção do que estava por vir quando, há 10 anos, anunciava seu show no Piscinão de Ramos para após o Réveillon.

É fato que Anitta conduziu sua vida de forma totalmente diferente da regra, e justamente por isso ela é uma exceção.

Existe só uma Anitta, e, afinal, por que ela é muito mais que uma cantora?

1. Visionária:

“Meiga e Abusada” foi um dos primeiros grandes hits de Anitta. Sua consagração veio logo no começo de 2013, quando estourou nas rádios do Rio e logo depois no Brasil — tornando-se ainda mais forte ao se tornar parte da trilha sonora de “Amor à Vida”, novela das nove de grande sucesso da época.

Anitta poderia ter sido uma cantora de um hit só, como muitos foram. Sua música seguinte poderia render alguma coisa, a terceira um pouco menos e a quarta coisa alguma. Seria apenas mais um exemplo na música brasileira. Mas não com ela.

Logo em 2014, um ano após seu primeiro grande sucesso, Anitta se aventurou nos negócios e abriu o hoje Grupo Rodamoinho para contar com uma gestão profissional de sua própria carreira.

O negócio está presente atualmente no Rio e em Los Angeles e se posiciona como uma holding com quatro empresas em seu guarda-chuva, cada uma com sua especialidade, como produtora de clipes, gerenciadora de talentos e realização de eventos.

Mesmo quem não gosta da cantora é obrigado a reconhecer que ela, no mínimo, foi visionária ao decidir, em paralelo à sua ascendente carreira, empreender para se profissionalizar. Qualquer um, diante do deslumbramento de ter sua música numa novela das nove e ganhando o Brasil, provavelmente deixaria se levar pela fama.

2. A projeção de seu nome nos lugares certos e nas horas certas

Diferente de tiktokers ou demais influenciadores digitais, que são capazes de, ao mesmo tempo, ter milhões de seguidores e poder ir ao mercado sem ser incomodado, Anitta sempre aproveitou as oportunidades para estar em todos os lugares — ainda que isso não queira dizer, necessariamente, uma superexposição.

Em 2016, Anitta se tornou apresentadora de TV, no programa “Música Boa”, do Multishow, e cantou na abertura das Olimpíadas, que naquele ano eram sediadas no Rio de Janeiro.

Nestes dois movimentos, sobretudo no segundo, Anitta furou uma bolha: sua existência não era mais percebida apenas aos que gostavam de funk, mas sim por qualquer um.

Nas Olimpíadas, os olhos do mundo estavam sobre o Rio de Janeiro — e ao cantar na cerimônia, Anitta foi projetada internacionalmente.

Ainda que música seja algo subjetivo, é essencial para qualquer celebridade ser conhecida (o que não necessariamente significa ser aplaudida). E Anitta se tornou mundialmente conhecida a partir daí.

3. Comunicação é tudo

Diferente de nomes como Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Leonardo, Daniel ou Zezé di Camargo e Luciano, cujas carreiras nasceram off-line e tiveram que aprender a ir para o digital, Anitta nasceu neste mundo.

Sua forma de comunicar com o público, desde os primórdios, foi pelas redes sociais (principalmente o Twitter, onde hoje tem mais de 17 milhões de seguidores).

Diferente de vários artistas, que usam as ferramentas digitais como canal de divulgação, com uma comunicação fria e unilateral, Anitta é ‘gente como a gente’.

Ela usa o Twitter como diário virtual até hoje com tudo que tem direito: manda indiretas, diretas, repercute memes e interage com naturalidade. Em 2021, sem a menor intenção, ela, por exemplo, criou o meme ‘você é fã ou hater?’.

A sagacidade de Anitta, somada à sua intimidade com as redes sociais, fez com que seus fãs acreditassem quem ela participaria da próxima temporada de “A Fazenda”, na Record. Curiosamente, o tweet veio em meio à entressafra de temporadas do reality, momento o qual são sondados os próximos participantes.

Anitta deu uma ação de marketing gratuita à Record, que viu o programa decolar nas menções. Mas a artista logo desmentiu e afirmou se tratar do convite para sociedade da Fazenda Futuro, que busca escalar a produção de carnes de plantas com a mesma suculência, textura e sabor de carne.

4. Chefe de inovação? Conselheira? Professora? Por que não?

Anitta foi convidada para ser chefe de inovação da Ambev em 2019, para participar do Conselho do Nubank em 2021 e para dar aulas de empreendedorismo na Estácio.

Não faltaram reclamações nas redes. Os chamados ‘haters’ questionavam a falta de conhecimento técnico da cantora para assumir tais postos.

Só neste ano, ela ocupou a posição inédita a um brasileiro de ostentar a liderança do ranking global de músicas ouvidas no Spotify (com Envolver) e virou uma estátua de cera no Madame Tussauds de Nova York (ao lado de outros brasileiros, como Neymar e Pelé).

Uma pessoa que sai de Honório Gurgel, bairro periférico do Rio de Janeiro, e chega a tais conquistas tem muito mais bagagem que qualquer profissional para falar de inovação — ainda que possam lhe faltar as ferramentas técnicas e por isso Anitta não é a única autoridade nestas cadeiras assumidas: seu repertório se soma ao já existente dos profissionais de cada uma dessas empresas.

Além disso, as marcas enxergam em Anitta como uma porta-voz para dialogar com públicos que não são os seus, entendendo seus anseios, sonhos e dores — para que, a partir daí, sejam criadas soluções que lhes atendam.

Anitta, como qualquer celebridade, incomoda muita gente, principalmente os mais preconceituosos, que acham que uma funkeira não poderia ser nada além de uma funkeira. Mas seu caso é único.

Uma artista como ela não aparece mais de uma vez por geração. O seu profissionalismo, a exploração de suas vocações e usá-las ao seu favor para impulsionar marcas faz com que ela protagonize um sistema em que ela se retroalimenta.

Se parasse hoje, Anitta já teria conteúdo para livros, séries e palestras para o resto de sua vida, e esse conteúdo tem valor num mundo em que não são os mais ricos apenas os donos de máquinas, terrenos ou imóveis, mas sim de quem detém da informação e sabe como usá-la. Anitta tem conteúdo que é relevante e é muito bem pago por quem quis se associar a ela. Por isso, ela é muito mais que uma cantora.

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João Gabriel Batista é publicitário, com pós-graduação em Marketing and Sales na Escola de Negócios Saint Paul e MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Tem 30 anos e atua com marketing há 11, com passagens por veículos de comunicação, como emissora de TV, rádio e jornal, e multinacionais do segmento de telecom.
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João Gabriel Batista é publicitário, com pós-graduação em Marketing and Sales na Escola de Negócios Saint Paul e MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Tem 30 anos e atua com marketing há 11, com passagens por veículos de comunicação, como emissora de TV, rádio e jornal, e multinacionais do segmento de telecom.
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