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Dólar sobe a R$ 5,54 com ‘tarifaço’ de Trump sobre o Brasil

10 jul 2025, 17:06 - atualizado em 10 jul 2025, 17:14
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O dólar teve uma nova alta após Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros; Lula diz que vai adotar medida recíproca (Imagem: iStock.com/Aslan Alphan)

O dólar engatou forte alta pela segunda vez consecutiva com as tarifas de importação anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Nesta quinta-feira (10), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5452, com alta de 0,78%.



O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, subia 0,07%, aos 97.629 pontos.

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O que mexeu com o dólar hoje?

As tarifas de importação impostas pelo presidente dos Estados Unidos continuaram a concentrar as atenções dos investidores no Brasil e no exterior.

Ontem (9), Donald Trump anunciou uma taxa de 50% sobre os produtos brasileiros — a maior alíquota entre os 22 países que participaram dessa segunda rodada do “tarifaço”. O chefe da Casa Branca vinculou a decisão ao tratamento recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) sob acusação de planejar um golpe de Estado.

Assim, as novas tarifas devem entrar em vigor em 1º de agosto.

Em resposta no mesmo dia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva  afirmou que o Brasil é um país soberano com instituições independentes e “que não aceitará ser tutelado por ninguém”. Ele também disse que a medida comercial será respondida “à luz” da Lei da Reciprocidade Econômica.

O posicionamento do governo foi reafirmado nesta quinta-feira (10). Em trecho de uma entrevista publicada pelo portal R7, da Record, Lula reiterou que “se ele [Trump] cobrar 50% da gente, a gente vai cobrar 50% dele”.

O chefe do Executivo ainda menciona que o Brasil pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas de Trump. A íntegra está programada para ser veiculada ainda hoje à noite.

Os dados econômicos ficaram em segundo plano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, subiu 0,24% em junho — uma desaceleração em relação à alta de 0,26% apurada em maio. O indicador veio acima das projeções do mercado, que apontavam para um avanço de 0,23%, segundo o último Relatório Focus.

No acumulado de 12 meses, a inflação acumula alta de 5,35% — acima da meta perseguida pelo Banco Central, de 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Na avaliação do Itaú, apesar da surpresa altista no índice, o qualitativo veio próximo do esperado. A Ativa Investimentos, por sua vez, destacou que o resultado não representa, por si só, um driver capaz de alterar a postura do Banco Central.

A expectativa é de que o presidente do BC, Gabriel Galípolo, entregue uma carta ao Ministério da Fazenda para explicar o novo estouro da meta de inflação. O documento é uma exigência legal sempre que a inflação acumulada de 12 meses ultrapassa o limite da meta, em uma recorrência trimestral.

Ontem (9), Galípolo reafirmou que todos os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) estão “bastante incomodados” com a desancoragem das expectativas de mercado para a inflação, enfatizando que o BC persegue o centro da meta.

Já nos Estados Unidos, os investidores voltaram a precificar um possível recuo na política tarifária de Trump, movimento chamado de ‘TACO Trade”. O mercado ainda dividiu as atenções com novas declarações de membros do  Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA). 

O diretor do Fed, Christopher Waller, disse que o BC norte-americano pode continuar a reduzir o balanço patrimonial a fim de retornar a um “tamanho compatível com um sistema amplo de reservas”, em discurso na sede distrital do Fed em Dallas.

O balanço patrimonial do Fed está atualmente em US$ 6,7 trilhões, abaixo do pico de quase US$ 9 trilhões registrado há alguns anos, mas bem acima dos níveis anteriores à pandemia de Covid-19.

Na visão de Waller, o programa, conhecido como aperto quantitativo, pode continuar por mais algum tempo e ainda fornecer o nível de reservas que os bancos precisam para se manterem seguros. Ele projetou que o balanço patrimonial provavelmente cairia para US$ 5,8 trilhões.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
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