Guerra

Mísseis hipersônicos: como os EUA ficaram para trás na nova fase da corrida armamentista com China e Rússia

25 ago 2025, 7:15 - atualizado em 22 ago 2025, 14:16
Vladimir Putin Xi Jinping Mísseis hipersônicos Rússia China
A corrida por mísseis hipersônicos acelera entre EUA, Rússia e China, com destaque para o uso do Avangard e Oreshnik no conflito ucraniano. A inovação tecnológica está redefinindo o poder militar global.

A guerra entre Ucrânia e Rússia, que já dura mais de três anos, evidenciou diversos contrastes geopolíticos, com destaque para o uso de mísseis hipersônicos no conflito. Vladimir Putin transformou a guerra em um laboratório para testar novas armas, especialmente o míssil Avangard.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Com velocidade de 3,2 quilômetros por segundo, o Avangard consegue atravessar a Europa de leste a oeste em 20,83 minutos, ou ir do Oiapoque ao Chuí em pouco mais de 22 minutos. Dotado de alto poder destrutivo, o Kremlin classifica esses mísseis como “imparáveis”.

A mais recente arma empregada foi o “Oreshnik”, um míssil balístico de alcance intermediário, capaz de transportar tanto armamentos convencionais quanto ogivas nucleares, usado em novembro do ano passado contra a cidade ucraniana de Dnipro. Segundo Putin, o projétil atingiu Mach 10 — dez vezes a velocidade do som, cerca de 12.350 km/h — tornando-o extremamente difícil de interceptar.

Apesar de os gastos militares dos EUA superarem em muito os de qualquer outro país, o uso desses armamentos no campo demonstra que os norte-americanos estão atrás na corrida pelo desenvolvimento dos mísseis hipersônicos.

SAIBA MAIS: O que pensam os líderes de grandes empresas e gestoras financeiras? O programa Money Minds traz entrevistas exclusivas; veja agora

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Cooperação sino-russa

Desde o fim da União Soviética, China e Rússia vêm estreitando sua relação, especialmente no setor militar. Recentemente, Vladimir Putin e Xi Jinping manifestaram a intenção de aprofundar essa cooperação bilateral.

Embora sem uma aliança formal, os dois países compartilham interesses estratégicos, como a oposição à expansão da OTAN e à influência dos EUA na Ásia Central. Exercícios militares conjuntos e transferência de tecnologias — incluindo sistemas de mísseis, radares e componentes aeronáuticos — são exemplos claros dessa aliança, que fundamenta a utilização do míssil hipersônico russo no conflito ucraniano.

Corrida armamentista

Do fim da Segunda Guerra Mundial até anos após a Guerra Fria, os Estados Unidos lideraram o avanço tecnológico e militar. Porém, não acompanharam o ritmo de Rússia e China na última década.

A Rússia foi a primeira a usar mísseis hipersônicos em combate, mas a tecnologia chinesa já superou a russa. Em 1º de outubro de 2019, durante o Dia Nacional da China, o Exército de Libertação Popular apresentou seu arsenal de mísseis hipersônicos Dongfeng, com 15 toneladas e perfil aerodinâmico.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na época, a cerimônia estimulou especulações sobre a ameaça dos avanços militares chineses — hoje, essa ameaça é realidade.

Atualmente, a China lidera o desenvolvimento da tecnologia hipersônica, seguida pela Rússia, com os EUA um pouco atrás. França, Japão e Israel também investem no setor, mas ainda distantes dos líderes dessa corrida.

Diferenças entre mísseis hipersônicos e outros tipos

A tecnologia hipersônica não é novidade. O primeiro veículo a ultrapassar Mach 5 foi o foguete Project Bumper, lançado pelos EUA em 1949.

A principal diferença entre mísseis hipersônicos e outros está menos na velocidade e mais na trajetória e capacidade de manobra.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) atingem velocidades superiores a 6.100 km/h, mas seguem uma trajetória parabólica previsível, facilitando a interceptação por sistemas de defesa. Esses mísseis entram e saem da atmosfera durante o trajeto, tornando-os vulneráveis a defesas bem posicionadas.

Já os mísseis hipersônicos podem alcançar cerca de 6.200 km/h, voando em altitudes mais baixas e com trajetórias difíceis de prever. Diferentemente dos ICBMs, eles são manobráveis, podendo alterar o curso durante o voo, o que dificulta seu rastreamento e interceptação.

Como os EUA ficaram para trás

Em entrevista recente à BBC, William Freer, do Council on Geostrategy, afirma que Rússia e China estão na frente porque “decidiram investir muito dinheiro nesses programas há vários anos.”

Em outubro de 2021, Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, afirmou que a China estava próxima de um “momento Sputnik” ao testar um míssil hipersônico que entrou em órbita baixa, circundou a Terra e seguiu para o alvo — embora tenha errado por cerca de 20 km.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Hoje, os EUA tentam reduzir a distância com o desenvolvimento de armas como o míssil “Dark Eagle”, enquanto a China colhe os frutos de décadas de investimentos em tecnologia e armamentos.

E se a Rússia já utiliza esses armamentos em combate, o programa norte-americano de mísseis hipersônicos ainda enfrenta uma série de contratempos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Formado em Jornalismo pela PUC-SP, atua como repórter no Money Times e no Seu Dinheiro, onde também já trabalhou como analista de mídias sociais, com experiência em produção de conteúdo para diferentes plataformas digitais. Antes disso, foi repórter no site Monitor do Mercado.
otavio.rodrigues@seudinheiro.com
Linkedin
Formado em Jornalismo pela PUC-SP, atua como repórter no Money Times e no Seu Dinheiro, onde também já trabalhou como analista de mídias sociais, com experiência em produção de conteúdo para diferentes plataformas digitais. Antes disso, foi repórter no site Monitor do Mercado.
Linkedin
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar