A Bula do Mercado: Investidor se prepara para próxima crise

09 dez 2016, 9:38 - atualizado em 05 nov 2017, 14:08

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A trégua no cenário político ontem, que aparentemente volta à normalidade, pode ter vida curta. Apesar de o Senado acelerar os trabalhos para votar a PEC do Teto já na próxima semana, a ameaça dos partidos do chamado Centrão em obstruir a votação da Reforma da Previdência pode levar o presidente Michel Temer a recuar na nomeação de Antônio Imbassahy para a articulação, no lugar do posto deixado por Geddel Vieira Lima, mantendo o foco dos mercados domésticos no noticiário vindo de Brasília.

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Deputados do grupo foram ao Palácio do Planalto para dizer a Temer que, além de não aceitar a escolha do tucano, tampouco irão permitir interferência do Executivo na disputa pela sucessão da Câmara. Diante dessa retaliação, o presidente decidiu deixar para a próxima semana o anúncio de quem ocupará a vaga na Secretaria de Governo.

Temer marcou uma conversa com o presidente do PSDB, o senador Aécio Neves, na semana que vem para discutir o aumento do espaço dos tucanos em seu governo. Com o imbróglio, o PSDB voltou a pleitear o comando do Ministério do Planejamento, o que não tem o respaldo do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que não quer interferências políticas na condução da economia. 

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Diante dessa nova crise que se desenha, os mercados domésticos devem redobrar a cautela, desfazendo aquela sensação de que, por enquanto, está tudo ótimo. No exterior, o noticiário político também agita os negócios, diante do impeachment da presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, aprovado pelo Parlamento do país.

Ela é acusada de tráfico de influência, em meio à crescente indignação de que a amiga de Park, Choi Soon-sil, usou o relacionamento entre elas para garantir dezenas de milhões de dólares em doações de algumas das maiores corporações do país. Park agora ficará suspensa do cargo por 180 dias e uma nova eleição presidencial pode ocorrer em 60 dias.

Em reação, o won sul-coreano eliminou o maior ganho semanal registrado em dois meses e as incertezas políticas na economia asiática fazem os investidores fugirem do risco. Os índices futuros das bolsas de Nova York mergulharam no vermelho logo após o anúncio da decisão, contaminando a abertura do pregão na Europa.

Nas moedas, o dólar se fortalece ante os rivais com a busca por proteção também beneficiando os títulos norte-americanos (Treasuries). O petróleo, porém, tenta manter os ganhos, assim como os metais industriais, que se apoiam no salto da inflação ao produtor chinês (PPI) para o nível mais alto desde 2011, o que ajuda a manter os preços de insumos.   

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O mais recente escândalo de corrupção abala os mercados internacionais. Afinal, apenas no Brasil é que se consegue criar uma “jabuticaba”, tal qual o jeitinho dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para manter Renan Calheiros na presidência do Senado.

A decisão tende a garantir a aprovação das medidas fiscais no Congresso, alimenta a expectativa dos investidores de um ajuste nas contas públicas do país. Esse sentimento nem leva em conta a confusão criada para devolver a harmonia entre os Poderes, constrangendo o STF a agir politicamente e deixando a “voz das ruas” falando sozinha. Por ora, não há motivo para muita preocupação de uma forte contestação social, pois a tal da tempestade perfeita não dá sinais de que será formada.

A saída mágica para conter os atropelos constitucionais, combinada com a tentativa do Banco Central Europeu (BCE) de apertar as condições de política monetária sem deixar de afrouxar os estímulos à economia, fomenta o apetite por ativos de risco no Brasil. E a visão de que o primeiro passo do BC local em 2017 será de corte maior do juro pode atrair mais recursos para cá.

O resultado da inflação oficial ao consumidor (IPCA) em novembro tende a confirmar esse cenário. A expectativa é de que o índice praticamente mantenha o ritmo de alta no mês passado e suba 0,27%, vindo de uma alta de 0,26% em outubro. Ainda assim, será a taxa mais baixa para o mês desde 1998, quando caiu 0,12%.

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No acumulado em 12 meses, a taxa deve desacelerar a 7,09%, ante alta de 7,87% no mês anterior, retrocedendo aos níveis de 2014 para o período. Os números oficiais saem às 9h. No mesmo horário, saem os dados regionais da atividade industrial em outubro. Antes, às 8h, tem a primeira prévia do mês do IGP-M e os dados do IPC-S nas capitais.

No exterior, o calendário econômico nos Estados Unidos traz a leitura preliminar de dezembro do índice de confiança do consumidor e também os estoques no atacado em outubro, ambos às 13h. Logo cedo, saem dados da balança comercial em países europeus.

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Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
olivia.bulla@moneytimes.com.br
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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