Coluna do Sandro Magaldi

A carta na manga da Amazon que desafiou a incerteza econômica em 2023

11 dez 2023, 17:27 - atualizado em 11 dez 2023, 17:31
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Amazon apresentou crescimento sustentável em ano desafiador para empresas de tecnologia; empresa tem um trunfo (Imagem: Reuters)

Em 2022, as preocupações crescentes com os níveis de inflação, a taxa de juros crescente e as incertezas com a economia global geraram uma tendência generalizada de queda no valor das ações das empresas no mercado norte-americano.

Mesmo sendo uma organização líder em e-commerce e tecnologia, a Amazon acompanhou essa dinâmica e suas ações não ficaram imunes às condições macroeconômicas adversas, declinando cerca de 50%.

No entanto, esse cenário está sendo totalmente revertido e a empresa retorna ao radar de investidores atentos aos fundamentos de seu crescimento.

A carta na manga da Amazon

Uma evidência desse movimento é que, em 2023, suas ações já valorizaram mais de 50%, em uma tendência ascendente. Um dos motivos das expectativas positivas tem como raíz a Amazon Web Services (AWS), a divisão de computação em nuvem da empresa.

No terceiro trimestre de 2023, a AWS não apenas alcançou uma receita relevante de US$2 3,1 bilhões, mas também atingiu um lucro operacional de US$ 7 bilhões.

Diante disso, o impacto da divisão é central para o modelo de negócios da Amazon, já que não se limita a ser uma fonte de receita significativa. Ela é um motor vital para a lucratividade e o crescimento sustentável da empresa.

A margem de lucro operacional de 30% da AWS contrasta com as baixíssimas margens do e-commerce que, quando o cenário é muito positivo, não chegam a 2%. Com isso, via de regra, apresentam resultados negativos, como no 3º trimestre de 2023).

O trunfo da gigante do e-commerce

O crescimento do negócio de computação em nuvem é central para a evolução da Amazon e é nesse ponto que se concentram as expectativas positivas derivadas de um movimento tecnológico que ganha cada vez mais tração globalmente: a inteligência artificial (IA).

Devido a sua relevância estratégica, as organizações têm optado por desenvolver suas próprias aplicações de IA ao invés de utilizar estruturas de terceiros.

Portanto, para que isso seja possível, é necessário infraestrutura robusta e complexa que dê conta da alta capacidade de processamento de dados demandada por aplicações nessa área.

À medida que empresas de todos os tamanhos e setores buscam implementar soluções de inteligência artificial, elas se voltam inevitavelmente para provedores de nuvem como a AWS, que oferecem a capacidade computacional, armazenamento e serviços especializados necessários para alimentar essas tecnologias avançadas.

Esse cenário cria um campo fértil para a AWS não apenas expandir sua base de clientes, mas também inovar em serviços de computação em nuvem focados em IA reforçando sua posição como líder de mercado.

Esse movimento e o fato de que 90% dos gastos globais de tecnologia ainda estão em infraestruturas locais e não migraram para a nuvem demonstram o enorme potencial do setor e tendem a favorecer a AWS, que não é apenas uma divisão dentro da Amazon: ela é uma força que redefine a empresa.

Com isso, estima-se que sua participação no lucro total da companhia seja de cerca de 75%.

Como não bastassem as perspectivas de crescimento da computação em nuvem, a Amazon tem gerado um crescimento expressivo em seu negócio de publicidade, que é uma divisão de margens ainda mais robustas do que a AWS.

Desta forma, analistas estimam que a margem operacional dessa unidade chegue a incríveis 80%.

As mudanças do ambiente são muito rápidas e complexas, o que faz com que a Amazon tenha de ser capaz de se mover com agilidade e velocidade.

Trata-se de um desafio para uma organização de seu porte que não para de crescer. O êxito futuro da companhia vai depender de sua capacidade de continuar estruturando um modelo de negócios que seja capaz de capturar todo valor de seu ecossistema. Por enquanto, os sinais são para lá de positivos.

*Sandro Magaldi é especialista em transformação de negócios, gestão estratégica, cultura organizacional e liderança

Sandro Magaldi é especialista em transformação de negócios, gestão estratégica, cultura organizacional e liderança. É também pesquisador, palestrante, escritor e coautor dos livros "Gestão do Amanhã", "Liderança Disruptiva" e "Novo Código da Cultura".
Sandro Magaldi é especialista em transformação de negócios, gestão estratégica, cultura organizacional e liderança. É também pesquisador, palestrante, escritor e coautor dos livros "Gestão do Amanhã", "Liderança Disruptiva" e "Novo Código da Cultura".
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