Carros

A desvalorização dos carros elétricos: mitos, verdades, receios e tendências

23 maio 2024, 14:24 - atualizado em 23 maio 2024, 14:24
carros elétricos
Segmento de carros elétricos ainda é de baixo volume, mas pode representar um bom negócio para quem compra. (Imagem: Pexels/Canva Pro)

A desvalorização de um carro depende de algumas variáveis. Mas, quando se trata de um mercado novo, como o de modelos elétricos, as dúvidas são maiores.

Por serem novos em termos de tecnologia, alguns de marcas recém-chegadas e ainda considerados de nicho, eles podem representar prejuízos na revenda, dependendo de seu momento de mercado.

Um trabalho conduzido pela Bright Consulting apontou que os elétricos desvalorizaram mais do que os veículos a combustão, ou 3 pontos percentuais acima, conforme o quadro abaixo.

Tecnologia Desvalorização após um ano
Combustão -6%
Híbrido plug-in -7%
Híbrido leve -8%
Híbrido puro -9%
100% Elétrico -9%

Fonte: Bright Consulting

Na conclusão do estudo da Bright, conduzido pelo consultor estratégico Cassio Pagliarini, a desvalorização maior dos veículos eletrificados usados é consequência da insegurança dos clientes em comprar uma tecnologia nova, por já terem consumido um ano de sua garantia e pelo baixo volume no mercado.

Carros elétricos: Receio de custos maiores

Para o consultor automotivo Milad Kalume Neto, a desvalorização do carro elétrico ocorre principalmente pelo medo do futuro proprietário adquirir um veículo usado e ter custos relacionados à reposição da bateria que realmente não são baixos.

“A durabilidade da bateria ainda é bem discutida por falta de estudos sobre o tema e pela falta de quantidade suficiente de veículos para essa análise. Trata-se de um mercado incipiente e a tendência é de que se estabilize nos próximos anos, assim que existirem mais estudos sobre o tema”, explica.

Outro receio é o medo da atual tecnologia evoluir. A autonomia das baterias vem aumentando ano a ano e eventuais novas tecnologias, como as baterias sólidas, já são uma realidade, mas os custos para uma viabilidade em escala ainda são altos.

Similar a um iPhone

J.R. Caporal, presidente da MegaDealer e fundador e CEO da Auto Avaliar, compara o carro elétrico a um smartphone.

“Você compra um iPhone sabendo que vai sair um modelo mais moderno depois e o teu vai desvalorizar. A bateria do carro elétrico dura muito mais do que a de um telefone, porém custa a metade do que ele vale. Então, ninguém vai trocar a bateria de um carro elétrico porque é muito cara”, avalia.

Caporal considera que os carros em maior volume nas ruas desvalorizam menos. “Se tem mais veículos a combustão do que elétrico, eles vão desvalorizar menos que o elétrico. O dia que tiver mais elétrico e menos a combustão, vai ser o inverso”, conclui o especialista.

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Tendência de crescimento no segmento de elétricos

Um levantamento inédito feito pela plataforma InstaCarro para o Money Times indica que, após um aumento de 300% na venda de carros elétricos e híbridos do primeiro trimestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023, foi possível observar uma valorização dos carros elétricos.

De acordo com Luca Cafici, CEO da InstaCarro, o valor de final de venda destes veículos no 1º trimestre de 2024 foi 5% maior do que no mesmo período do ano anterior ao analisar a relação do lance na plataforma e o valor da tabela Fipe.

“Em 2024 registramos aumento de 450% na quantidade de veículos elétricos avaliados em comparação ao mesmo período de 2023”, conta Cafici. Para o CEO, isso mostra uma clara tendência de crescimento e interesse por esses tipos de veículos.

Essas informações destacam a crescente popularidade e aceitação dos veículos elétricos e híbridos no mercado, refletindo uma transição significativa na preferência dos consumidores por opções mais sustentáveis e eficientes.

iCar 2 - recarga carros elétricos - foto Caoa Chery
(Imagem: Caoa Chery)

Elétricos pouco rodados

Por esse mercado ter crescido mais nos últimos dois anos, chama a atenção nos classificados a quantidade de modelos elétricos à venda com baixa quilometragem.

Para Cafici, não necessariamente significa arrependimento. “Isso se deve ao aumento significativo de opções no mercado. Há um ano, elas eram bastante limitadas, com poucos modelos disponíveis. Quem comprou um elétrico há um ano pode ter adquirido a melhor opção disponível naquele momento, mas que não necessariamente atende todas as suas necessidades atuais. Hoje, os consumidores têm acesso a carros mais avançados, com mais itens de série, maior autonomia e, muitas vezes, por preços mais atrativos. Isso torna o upgrade uma escolha lógica e vantajosa”, explica.

Do lado de quem procura por um elétrico seminovo, ter um modelo menos rodado pode ser uma boa oportunidade de adquirir um carro elétrico com baixa quilometragem, coberto pela garantia de fábrica e por um preço significativamente inferior ao dos modelos novos.

“Este é um movimento inteligente para quem deseja ingressar no segmento de veículos eletrificados sem arcar com o custo elevado de um veículo zero-quilômetro”, opina o CEO da InstaCarro.

O mercado de veículos elétricos está se expandindo e evoluindo rapidamente, oferecendo melhores opções tanto para os vendedores quanto para os compradores.

“A decisão de vender ou comprar um elétrico seminovo envolve uma combinação de fatores, incluindo a evolução das opções disponíveis, questões de adaptação e conveniência, bem como considerações econômicas e ambientais”, finaliza Cafici.

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