Argentina

A inflação de Milei na Argentina: De alta de 410% do papel higiênico a aumento de 40% da carne, preços disparam

27 dez 2023, 17:36 - atualizado em 27 dez 2023, 18:17
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Primeiras medidas: Milei assinou megadecreto que desregulamenta economia argentina, e inflação dispara (Imagem: Facebook/ Javier Milei)

Os primeiros 16 dias de governo de Javier Milei, novo presidente da Argentina, foram marcados por uma disparada de preços. Gêneros de primeira necessidade e alimentos apresentam altas de dois dígitos, à medida que produtores e varejistas se desapegam das políticas intervencionistas do ex-presidente Alberto Fernández.

Segundo o jornal El Economista, na média, a cesta básica ficou 24% mais cara nas últimas duas semanas. Alguns itens, contudo, apresentaram reajustes muito maiores. É o caso do papel higiênico, cujo preço saltou 410%. O pó de café disparou 254%; e a pasta de dente, 143%.

Alimentos básicos, como ovo e arroz, subiram 44% e 27%, respectivamente, de acordo com o El Economista. O quilo do peito de frango aumentou 29%, e a carne moída, 40%.

A inflação argentina, neste começo de governo, não se restringe apenas aos itens básicos. A profunda desregulamentação iniciada por Milei atinge todos os setores da economia. As passagens aéreas internacionais, por exemplo, dobraram de preços com a maxidesvalização do câmbio oficial, uma das primeiras medidas do novo governo.

O preço médio dos automóveis zero-quilômetro também acelerou. Segundo o El Economista, os modelos da marca Peugeot subiram, em média, 58% nas últimas semanas; e os da Fiat, 54%.

Inflação em alta: Efeito-colateral das medidas de Javier Milei na Argentina

Milei tomou posse em 10 de dezembro, prometendo uma agenda de reformas econômicas profundas para tirar a Argentina da grave crise econômica que a aflige há anos. Com a inflação anual ao redor de 160% no acumulado até novembro, 40% da população abaixo da linha de pobreza (sendo 10% de indigentes), reservas internacionais escassas e uma barafunda de taxas de câmbio, Milei adotou uma série de medidas para desregulamentar a economia, liberar preços e cortar gastos públicos.

O problema é que, com a inflação reprimida por quatro anos de intervenções do governo peronista, retirar, de supetão, as regras de controle de preço e elevar a taxa de câmbio fizeram o custo de vida disparar.

O maior símbolo das reformas do economista ultraliberal, até o momento, é o pacote econômico que assinou em 20 de dezembro, com mais de 300 medidas que desregulamentam a economia.

“Hoje, iniciamos formalmente o caminho para a reconstrução”, disse Milei em mensagem gravada e transmitida em cadeia nacional naquele dia, referindo-se à crise que assola o país. As regras limitam exportações, privatizações e liberam aumentos de preços.

Além disso, entre as medidas anunciadas, estão revogações das leis do setor imobiliário, novas regras para a legislação trabalhista e a conversão de empresas públicas em sociedades anônimas para serem privatizadas.

“O objetivo é (…) devolver a liberdade e a autonomia aos indivíduos e começar a desmantelar a enorme quantidade de regulamentações que impediram, dificultaram e interromperam o crescimento econômico em nosso país”, disse ele, há uma semana.

Veja quanto alguns preços subiram nas primeiras semanas de Javier Milei na presidência da Argentina:

Item Alta
Papel higiênico 410%
Café moído 254%
Pasta de dente 143%
Passagens aéreas internacionais 100%
Erva mate 71%
Água mineral sem gás 70%
Leite 69%
Coca-Cola original 68%
Veículos da marca Peugeot 58%
Veículos da marca Fiat 54%
Cerveja 50%
Macarrão 46%
Ovo 44%
Cebola 43%
Carne 40%
Bife de chorizo 40%
Carne moída 40%
Veículos da marca Toyota 36%
Extrato de tomate 32%
Peito de frango 29%
Arroz 27%
Pão tipo baguete 18%
Batata 14%
Filé de merluza 5%

Fonte: El Economista

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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