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A missão do agronegócio em meio a taxa de juros nas alturas, segundo superintendente do Sicoob

14 maio 2025, 7:30 - atualizado em 13 maio 2025, 15:50
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Luciano Ribeiro, superintendente de agronegócio do Sicoob (Foto: Reprodução Sicoob)

A elevação da taxa de juros é um recurso do Banco Central para desacelerar a economia e frear o aumento da inflação. No entanto, mesmo com o freio de mão puxado no país, o agronegócio segue tentando acelerar.

De acordo com Luciano Ribeiro, superintendente de Agronegócios do Sicoob — Sistema de Cooperativas Financeiras do Brasil — o setor vive um momento de expansão, ao contrário da maioria dos segmentos econômicos no país.

Em entrevista ao Money Times, o executivo afirma que muitas empresas estão investindo em estruturas produtivas de longo prazo, acelerando o índice de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede investimento em máquinas, equipamentos e construção civil.

“O agro está tendo uma missão muito importante para um país que está entre os mais caros do mundo, considerando Selic e nível médio de impostos em relação ao PIB. Precisamos de gente investindo e o agro está atingindo recorde de FBCF”, diz Ribeiro.

Segundo ele, os investimentos realizados por empresas do agronegócio não estão acontecendo em grande parte da indústria nacional. Entre os exemplos citados, estão novas usinas de etanol de milho, de cana-de-açúcar, frigoríficos, fábricas de celulose e de esmagamento de soja.

Para o superintendente, os investimentos seguram a economia, mas não são suficientes para sozinhos reduzirem a taxa de juros. “Com uma Selic desse tamanho tudo fica mais caro”, afirma.

Na reunião da semana passada, entre 6 e 7 maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), para 14,75% ao ano.

Ribeiro ainda destaca que por mais que a cooperativa consiga atuar com taxas mais competitivas que os bancos tradicionais, a perspectiva é de que, em média, o produtor rural continue tomando crédito em uma taxa de juros mais cara.

Expectativas para o agronegócio em 2025

Apesar das dificuldades relacionadas ao custo do crédito, a expectativa para 2025 é positiva. De acordo com o superintendente, o Sicoob está “financiando como nunca” novos frigoríficos e granjas de suínos e aves.

Com a ampliação da produção de carnes, o consumo de grãos também deve ser potencializado. “Estamos preparando o Brasil para ser um grande fornecedor de proteína animal e vamos precisar de mais milho e soja para tratar deles”, diz Ribeiro.

Na expectativa do Sicoob, as safras de soja e milho serão maiores que no ano anterior. Para o milho, o aumento do consumo para a produção de etanol pode ser um diferencial para que a commodity tenha alguma valorização.

Entretanto, a cooperativa ainda vê dificuldades estruturais, de natureza logística, para que o Brasil consiga ser mais competitivo em diferentes culturas.

Segundo Ribeiro, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) trabalha com linhas de apoio à produção de alimentos como arroz e feijão, mas o agricultor tem uma dificuldade de escoar os produtos pelo país. “Temos que pensar em valorizar a produção nacional”, afirma.

Feiras agrícolas e proximidade com o produtor

O superintendente de agro do Sicoob destaca que a cooperativa esteve presente nos principais eventos do setor em 2025, incluindo a Tecnoshow, que ocorreu em Rio Verde (GO), e a Agrishow, realizada em Ribeirão Preto.

Ribeiro ainda afirma que as próprias cooperativas do sistema realizam feiras agrícolas, com ampla participação de produtores e cooperados. “Nós visitamos os produtores, identificamos as necessidades de financiamento e levamos os fornecedores”, disse.

A proximidade com o produtor rural cooperado é uma das grandes apostas do Sicoob, desde o pequeno agricultor até o grande proprietário. Segundo o executivo, o sistema caminha para chegar a 9 milhões de associados.

“Tentamos construir um relacionamento que vai muito além do crédito. Estamos sempre analisando o bolso do produtor, o processo de produção e identificando as dores que ele tem. Buscamos parcerias que levam a ele tecnologia e inovação em um custo muito menor do que se ele buscasse sozinho”, diz Ribeiro.

Atualmente, a carteira de crédito rural do Sicoob ultrapassa os R$ 81 bilhões, que representam uma participação em cerca de 12% do mercado. O sistema atende mais de 2 mil municípios no país.

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Repórter estagiário no Money Times, graduando em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP). Cobre empresas, mercados e agronegócio desde 2024.
gustavo.silva@moneytimes.com.br
Repórter estagiário no Money Times, graduando em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP). Cobre empresas, mercados e agronegócio desde 2024.
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