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A pedra no sapato da MRV (MRVE3), após prejuízo e receita recorde; veja desempenho da ação

09 nov 2023, 14:34 - atualizado em 09 nov 2023, 16:49
MRV construção civil construtora incorporadora
Ações da MRV têm movimento na contramão dos números do terceiro trimestre, que não agradaram boa parte dos analistas (Foto: Flávya Pereira/Money Times)

Apesar da MRV (MRVE3) ter reportado números do terceiro trimestre “pouco animadores”, segundo a Ativa Investimentos, investidores parecem dar de ombros para os resultados.

Com isso, por volta das 16h50 (de Brasília), as ações da construtora e incorporadora oscilavam em alta de 2,9%, negociadas acima de R$ 9,50, em dia positivo para o índice Ibovespa, que se aproxima dos 120 mil pontos.

De julho a setembro, a MRV registrou prejuízo consolidado de R$ 139,7 milhões, revertendo lucro de R$ 8 milhões no mesmo período de 2022. Por outro lado, o lucro bruto somou R$ 460,5 milhões, crescimento de 40,5%.

Enquanto a receita operacional líquida somou R$ 1,97 bilhão no período, alta de 16,4% na base anual. Desse total, R$ 1,92 bilhão foi do segmento de incorporação (MRV e Sensia) e atingiu recorde, segundo a empresa mineira.

Os dados abrangem o resultado consolidado da MRV, da incorporadora SensiaUrbaLuggo e da subsidiária norte-americana Resia, que juntas formam a MRV&Co.

Analistas veem 3T23 da MRV de fraco a misto

O analista da Ativa Investimentos, Pedro Serra, comenta que os resultados ficaram abaixo do esperado pela casa de análises.

“O resultado mostra uma recuperação mais lenta das atividades. Como também uma demanda ainda reprimida com um cenário [econômico] desafiador”, diz.

A equipe da XP destaca que a empresa de construção civil atingiu prejuízo impactada por efeitos de swaps (R$35 milhões de equity swaps + R$55 milhões de swaps de dívida). “Enquanto o prejuízo líquido ajustado [ex-swaps] atingiu R$ 21 milhões”, acrescenta, citando ainda a perda de R$ 20 milhões na venda de terras no Paraná.

Enquanto a Ativa vê os resultados como “pouco animadores”, os analistas de real estate da XP veem como mistos. “Dado o desempenho ainda fraco do lucro líquido. Embora o forte crescimento de receita e a recuperação gradual da margem bruta pareçam encorajadores”, avaliam.

Na análise da Genial Investimentos, os resultados da MRV “foram fracos”, com pontos positivos na recuperação da operação de incorporação no Brasil. “Mas foi negativo devido a essa perda de terreno, levando a um lucro menor do que esperávamos”, diz a equipe da corretora.

A equipe ressalta que após a construtora e incorporadora realizar a sua oferta de ações (follow-on), o nível de endividamento melhorou, “atingindo 69,7% do patrimônio líquido total (ante 80,9% no segundo trimestre).

Contudo, a Genial lembra que quase metade da dívida líquida total se refere à operação da Resia, subsidiária da MRV nos Estados Unidos.

Queima de caixa é pedra no sapato da MRV?

Sobre a Resia, a persistente queima de caixa que, no trimestre somou R$ 443 milhões sem lançar e vender empreendimentos, parece ser uma pedra no sapato da companhia, segundo comentários dos analistas.

Entretanto, a MRV anunciou junto com os resultados um compromisso de queima de caixa zero da Resia para 2024. Porém, os analistas da Guide Investimentos chamam a atenção para o cenário desafiador do mercado imobiliário norte-americano.

Diante disso, a Guide acredita que esse guidance até pode estar sendo bem recebido pelo mercado. Porém, a MRV não deve cumprir as estimativas de geração de caixa positiva em 2023. No acumulado do ano, o consumo de caixa é de R$ 332 milhões.

“Infelizmente, o histórico de cumprimento de guidances da companhia não é favorável. O que significa que muitos investidores provavelmente assumirão que o melhor cenário é uma queima de caixa pequena para 2024”, pondera a a equipe da Genial Investimentos, que vê as ações “definitivamente baratas”.

A XP vem falando de “preocupações acerca da Resia”. Os analistas reforçam a necessidade da subsidiária gerar liquidez para seus ativos no curto prazo.

O que pode exercer pressão sobre os preços de venda ante um cenário mais  desafiador nos Estados Unidos, com cap rates em alta “O que poderia ser um desafio em potencial para cumprir a política de zero de queima de caixa”, dizem.

Por sua vez, Serra, da Ativa Investimentos, ressalta que, com um caixa que equivale a 54,3% da dívida bruta de curto prazo, a contínua queima de caixa das atividades operacionais traz preocupação para a saúde financeira da MRV, “que necessita de um turnaround (reformulação) no curto prazo para voltar a trazer confiança aos investidores”, diz.

*matéria atualizada às 16h50

Repórter
Jornalista mineira com experiência em TV, rádio, agência de notícias e sites na cobertura de mercado financeiro, empresas, agronegócio e entretenimento. Antes do Money Times, passou pelo Valor Econômico, Agência CMA, Canal Rural, RIT TV e outros.
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