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A pergunta do BTG Pactual para o Marfrig: “tudo bem, mas, cadê o dinheiro?”

19 maio 2020, 14:02 - atualizado em 19 maio 2020, 14:11
Picanha do Marfrig, churrasco, carne
Vai passar do ponto? Para o BTG Pactual, falta o Marfrig pensar nos dividendos para os acionistas (Imagem: Facebook/Divulgação/Marfrig)

Enquanto o Credit Suisse afirma que os resultados do Marfrig (MRFG3), no primeiro trimestre, fizeram seus olhos saltarem, e a XP Investimentos eleva o preço-alvo do papel, o BTG Pactual está bem mais cético sobre o que realmente importa: a geração de valor para os acionistas.

Thiago Duarte e Henrique Brustolin vão direto ao ponto já no título do relatório que assinam para o BTG: “Bom, mas cadê o dinheiro?”

A dupla reconhece o avanço dos resultados operacionais, e releva o prejuízo de R$ 138 milhões, causado pelas perdas da marcação a mercado das dívidas atreladas ao dólar e pela recompra de títulos para pagar os diretores da National Beef.

Cheiro de queimado

A preocupação do BTG Pactual é outra: a forte queima de caixa no primeiro trimestre, e o aumento do nível de endividamento, decorrente da disparada do dólar. Dois movimentos foram destacados pelo banco. O primeiro foi a liquidação antecipada de linhas de capital de giro, no total de R$ 938 milhões.

O BTG Pactual reconhece que quitar a dívida representará a redução de despesas financeiras nos próximos trimestres, mas adverte que a operação, somada ao pagamento dos bônus para a diretoria da National Beef, drenaram R$ 1,5 bilhão do caixa em apenas um trimestre.

E, para piorar a situação, segundo os analistas, os dois movimentos foram feitos “antes que se pensasse em qualquer distribuição de dividendos”.

O banco também não gostou de ver o nível de endividamento da companhia crescer para 4,3 vezes o ebitda, puxado pela alta do dólar. Os analistas calculam que a dívida líquida do Marfrig seja de R$ 20,2 bilhões, um salto de 44% na comparação trimestral. O número é considerado “muito alto” pelos analistas.

Obstáculo

“Continuamos vendo o balanço como um obstáculo para qualquer visão mais construtiva para as ações no longo prazo”, diz o relatório. O banco adverte que as estimativas indicam claramente que o papel é negociado por 5 vezes VE/Ebitda.

Mas, quando se consideram margens mais “normais” na operação dos Estados Unidos, “não apenas o valuation se torna bem menos atraente (acima de 7 vezes), como também o nível de endividamento líquido cresce para um mais preocupante 5 vezes [ebitda]”.

Por tudo isso, os analistas são enfáticos ao afirmar: “permanecemos neutros [em relação à ação do Marfrig] e continuamos preferindo atuar no setor, por meio de empresas menos endividadas”. O preço-alvo é de R$ 11, menos do que sua cotação atual.

Por volta das 13h46, as ações do frigorífico apresentavam forte alta de 5,8%, negociadas a R$ 13,87, enquanto o Ibovespa, principal índice da B3, subia 0,59% e marcava 81.669 pontos.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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