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A Petrobras deixou margem para o aumento de impostos?

20 jul 2017, 19:51 - atualizado em 05 nov 2017, 13:59

A Petrobras cortou a gasolina em 4,4% desde o início da nova política de preços em 4 de julho, mostra um levantamento feito pelo Money Times que considera também a mudança prevista para o dia 21.

No mesmo período, contudo, o preço do petróleo tipo Brent subiu 3,7% e o dólar em relação ao real perdeu 4,8%. O diesel, no mesmo período, foi reajustado em -0,1%.

No último dia 30, a estatal anunciou uma nova política que previu o aumento da frequência de ajustes, que passaram a até ocorrer diariamente. Segundo a Petrobras, a medida “permitirá maior aderência dos preços do mercado doméstico ao mercado internacional no curto prazo e possibilitará à companhia competir de maneira mais ágil e eficiente”.

Em 2017, a gasolina teve o seu preço reduzido em 19,3% e o diesel em 16,3%. No mesmo período, o petróleo marcou uma queda de 11,47%. O mercado acredita que o comportamento da Petrobras é explicado pela briga com os combustíveis importados, que têm ganhado mercado no Brasil.

“Se o cliente importar agora, e a Petrobras reduzir os preços, ele pode ter prejuízo com a operação. Isso sem contar os custos”, ressalta Pedro Galdi, analista-chefe da Upside Investor.

Impostos

A Petrobras capitaneada por Pedro Parente reduziu a influência do governo sobre a gestão da empresa, mas a sua nova política de precificação pode ter deixado espaço, não propositalmente, para que a equipe econômica fizesse uso do PIS/Cofins para combustíveis para elevar a arrecadação e cumprir a meta fiscal.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse em uma entrevista para Miriam Leitão em seu programa na GloboNews que o imposto seria o “candidato mais provável” para ser alterado porque poderia ser feito por decreto. O peso da gasolina no IPCA está em torno de 5%.

Foi exatamente o que aconteceu. O imposto sobre a gasolina subiu de R$ 0,3816 para R$ 0,7925. As alíquotas também mudaram para o diesel e o etanol. O impacto na arrecadação é previsto em R$ 10,4 bilhões.

A prévia da inflação para julho medida pelo IPCA-15 divulgada nesta quinta-feira (20) mostrou uma deflação de 0,18%. O resultado chega a ser 0,34 ponto percentual inferior ao resultado de junho, quando a variação foi de 0,16%. É a menor variação relativa a julho, juntamente com o resultado de 2003, cuja variação também havia sido de -0,18%.

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Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
gustavo.kahil@moneytimes.com.br
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.