Economia

O desabafo de Campos Neto após Selic subir a 15%

19 jun 2025, 17:32 - atualizado em 19 jun 2025, 18:13
Banco Central, Roberto Campos Neto, Economia
Durante o seu mandato, que começou em 2019 e acabou no começo do ano, Campos Neto elevou a Selic de 2% para 13,75% (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não se segurou e quebrou o silêncio após a autoridade monetária elevar os juros em 0,25 ponto percentual na noite da última quarta-feira. No patamar de 15%, trata-se da maior taxa em 20 anos.

“Eu poderia falar: ‘Viu? Me criticaram tanto e agora a taxa está maior’. Mas minha honestidade intelectual não me deixa embarcar nessa. Eu teria feito a mesma coisa”, disse ao blog da jornalista Andréia Sadi, do G1.

De acordo com ele, a medida era necessária.

“Acho que o ganho de credibilidade frente ao custo monetário era claramente favorável a este último ajuste, dada a necessidade de reverter as expectativas desancoradas”.

Durante o seu mandato, que começou em 2019 e acabou no começo do ano, Campos Neto elevou a Selic de 2% para 13,75%, em um dos maiores ciclos de alta dos juros da história recente do Brasil.

Provocada pela pandemia da Covid-19, a autoridade foi obrigada a baixar a taxa para logo em seguida trazê-la para um patamar restritivo.

Após a eleição de 2022, virou alvo do presidente Lula, o que o acusava de ‘falar’ demais. O petista também criticava os juros elevados.

Em maio, o ex-BC foi contratado pelo Nubank para assumir a sua estrutura de liderança como vice-chairman.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Juros altos por muito tempo

A elevação da taxa Selic para 15% pelo Copom veio acompanhada de um sinal forte ao mercado: os juros vão continuar altos por mais tempo. A avaliação é do UBS BB, que destacou a inclusão da palavra “muito” no comunicado do Banco Central como um recado direto para conter apostas em cortes no curto prazo.

“Quando o Comitê fala em manter os juros por um período muito prolongado, está deixando claro que não quer ver cortes precificados ainda em 2025”, escreveu a equipe do UBS em relatório recente.

Para o banco, a decisão surpreendeu parte do mercado, que estava dividido entre a manutenção e uma alta de 25 pontos-base, com precificação de cerca de 65% de chance para a elevação.

A reação do mercado pode ser negativa.

Compartilhar

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.