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A revanche dos canaviais: Entenda as vantagens sobre o milho e por que a cana não morreu, segundo gestor

15 nov 2025, 12:00 - atualizado em 13 nov 2025, 17:29
Milho cana-de-açúcar etanol
Entenda o potencial da cana-de-açúcar na geração de biometano e como isso pode impactar o setor agroindustrial.

Não pense que o setor da cana-de-açúcar morreu, porque ele ainda tem vantagens”. Quem diz isso é o CIO da Trígono Capital, Werner Roger, num momento de forte avanço do milho na produção de etanol que leva alguns a cogitarem que a cana vá perder totalmente seu espaço. 

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A Trígono Capital é uma gestora de small caps com mais de R$ 2,5 bilhões sob gestão que mantém posição em empresas do setor do agronegócio, como 3tentos (TTEN3),São Martinho (SMTO3), Jalles (JALL3) e Kepler Weber (KEPL3).

Uma das vantagens da cana frente ao milho, segundo Roger, é a maior produção de vinhaça — subproduto da produção de etanol —, que pode ser usada para fabricar biometano para abastecer o maquinário das próprias usinas. Além de reduzir custos, usar o biometano em vez do diesel nos caminhões e tratores também emite menos gases de efeito estufa.

Roger cita o exemplo da Tupy (TUPY3), que já conta com um projeto de produção de biometano, mas com o aproveitamento de dejetos suínos. A empresa obtém biometano com desempenho idêntico ao do diesel, mas com vantagens como menor ruído, menos vibração e maior conforto para o motorista.

“Enquanto o biometano custa cerca de R$ 3,60 por litro, o diesel custa em torno de R$ 6 por litro”, diz Roger, citando a economia com combustível para o maquinário. 

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Soma-se a isso a possibilidade futura de transformar o uso de biocombustíveis em créditos de descarbonização, quando o mercado de carbono estiver regulado no país.

“Usando mais biometano, as usinas geram mais CBios [créditos de descarbonização] para comercializar assim que o mercado de carbono for regulado. A São Martinho (SMTO3) tem 1,2 milhão de CBios — imagine se eles fossem precificados a US$ 50. Isso representaria um ganho adicional acima de US$ 50 milhões.”

E há ainda um mercado potencial em ampliação para o biometano.

Com a lei do Combustível do Futuro, a Petrobras (PETR4) lançou um edital para a compra de biometano, incentivando a produção do biocombustível. 

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Para o biogás e o biometano, a lei obriga o cumprimento da mistura de 1% ao gás natural veicular a partir de 2026, impondo um limite máximo de 10%, conforme metas que ainda devem ser definidas e regulamentadas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

O diferencial das usinas integradas de cana-de-açúcar

Segundo Werner, outra vantagem para o setor de cana-de-açúcar frente ao milho fica para o menor custo com combustíveis para rodar a usina, isso porque as plantas de etanol de milho não produzem o seu próprio grão.

“As usinas que produzem o seu próprio etanol — o que não ocorre no caso do milho, já que as plantas compram o grão para consumo — terão um custo de etanol variando entre R$ 1,80 e R$ 2 por litro para rodar as máquinas, contra R$ 6 por litro do diesel. Essas usinas canavieiras integradas terão uma vantagem que o etanol de milho não tem.”

Importantes empresas de máquinas e implementos agrícolas, como a John Deere e a Case, já desenvolveram tratores e colheitadeiras que rodam com etanol. Com ganhos de escala, essa tecnologia pode ser aplicada também a caminhões utilizados no transporte interno das usinas de cana.

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Essa substituição energética ampliaria a autossuficiência do setor e sua sustentabilidade, estimulando uma nova demanda interna por biocombustíveis, que hoje ainda não existe.

Cana x milho 

No Brasil, a expansão da produção de etanol está cada vez mais atrelada ao milho, contrariando uma lógica que perdurou por anos no país.

Atualmente, o mercado crescente do etanol de milho representa 25% da produção anual do etanol brasileiro. Nos próximos 10 anos, algumas estimativas mais otimistas apontam que esse número pode ser de 50%. Para a StoneX, esse volume deve ser de 40% em 2035.

O consultor da Datagro e considerado um dos principais especialistas do Brasil no mercado de açúcar e etanol, Plinio Nastari, reforça que não há no momento nenhum projeto para uma nova usina de etanol de cana no país.

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Segundo o CEO da FS, maior produtora do biocombustível a partir do milho, o custo para o milho é até 40% mais baixo quando comparado com a cana-de-açúcar. Segundo ele, isso se dá pela flexibilidade da matéria-prima. 

No entanto, ainda há ressalvas para esse mercado em expansão. Como você viu aqui, o CIO da Trígono Capital chamou atenção para o que ele chama de “bomba-relógio armada” para o etanol de milho e disse que o modelo “flex” de usinas, que integram a produção de açúcar, etanol de cana e etanol de milho em um mesmo complexo industrial, é o mais sustentável. 

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
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