BusinessTimes

A solução da Petrobras para conter as altas da gasolina e do diesel vai funcionar?

16 abr 2021, 18:23 - atualizado em 17 abr 2021, 11:11
Gasolina
Pé atrás: analistas elogiam ideia do fundo, mas veem dificuldades em sua implementação (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

Os analistas estão cautelosos com a ideia de se criar um fundo para subsidiar os combustíveis, cujos recursos sairiam do leilão dos campos de Sépia e Atapu, na Bacia de Santos. O governo acredita que pode arrecadar R$ 30 bilhões (cerca de US$ 5,5 bilhões) com o leilão. Os vencedores também deverão pagar mais US$ 6,5 bilhões à Petrobras (PETR3; PETR4), a título de reembolso.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Parte do dinheiro arrecadado permaneceria em um fundo, cujo objetivo seria conter a alta dos combustíveis nos momentos de pico dos preços internacionais ou do dólar. A ideia, em si, é vista com simpatia pelo mercado.

“A criação desse fundo pode ser muito positiva para a Petrobras”, afirmam Vicente Falanga e José Cataldo, em um breve comentário enviado aos clientes da Ágora Investimentos. “Levantar R$ 30 bilhões para apoiar esse fundo daria um colchão de R$ 0,75/litro para os preços do diesel na bomba (ou US$ 20/barril), o que é bastante significativo”, explicam.

O problema, contudo, é que a ideia depende de dois fatores críticos. O primeiro é o prazo. Segundo a Reuters, o Ministério de Minas e Energia prevê que o leilão de Sépia e Atapu só ocorra no quarto trimestre. Até lá, sem outra fonte de recursos para bancar o fundo, os consumidores continuarão arcando com a volatilidade dos preços dos combustíveis.

“Notamos que a alternativa proposta não produzirá soluções até o leilão dos barris excedentes dos campos de Atapu e Sépia ocorrer”, resume a XP Investimentos, em seu relatório desta sexta-feira (16).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ovo dentro da galinha

O segundo ponto crítico é se o leilão será bem-sucedido. A XP lembra que, em novembro de 2019, o governo já tentou licitar os mesmos campos, sem que houvesse interessados. A gestora cita dois fatores para o fracasso naquela ocasião: os valores pedidos foram considerados muito altos (R$ 13,7 bilhões por Atapu e R$ 22,9 bilhões para Sépia); e havia dúvidas sobre como a Petrobras seria compensada – algo que já foi esclarecido desde então.

Além do histórico de fracasso em vender essas áreas, o mercado piorou de lá para cá, com o impacto da pandemia de coronavírus na economia. De um lado, o cenário dificulta a captação de recursos; de outro, a crise fiscal faz com que o governo busque o máximo de arrecadação com o leilão.

Repeteco: Ministério de Minas e Energia fracassou em vender Sépia e Atapu em 2019 (Imagem: Facebook/MME)

“Sépia e Atapu são campos menores, e o Ministério de Minas e Energia (MME) já decidiu que os vencedores deste leilão precisarão reembolsar a Petrobras em cerca de US$ 6,5 bilhões; portanto, levantar mais R$ 30 bilhões (US$ 5,5 bilhões) à vista pode ser extremamente desafiador”, sublinha a Ágora Investimentos.

Leilão sem interessados?

A Ágora acrescenta que, “dependendo das condições de pagamento, os retornos do leilão podem acabar sendo pouco atraentes e podem afastar quaisquer lances potenciais (a menos que seja feito pela própria Petrobras).”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Tantas incertezas reduzem bastante o otimismo dos analistas com a ideia de se criar um fundo para conter a alta dos combustíveis. Mesmo a Petrobras, que seria beneficiada pela proposta, não tem muito a ganhar neste momento.

“Não acreditamos que a notícia reduz a percepção de risco para a manutenção de uma política de preços de combustíveis alinhada com à paridade de importação, tendo em vista que há incertezas a respeito do sucesso das licitações destas áreas”, resume a XP Investimentos. A gestora manteve a recomendação de venda para as ações da Petrobras, com preço-alvo de R$ 24 tanto para PETR3, como para PETR4.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
marcio.juliboni@moneytimes.com.br
Linkedin
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
Linkedin
As melhores ideias de investimento

Receba gratuitamente as recomendações da equipe de análise do BTG Pactual – toda semana, com curadoria do Money Picks

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar