Abrafrigo projeta perda de até US$ 3 bilhões para o Brasil em 2026 por salvaguardas da China
A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) manifestou “profunda preocupação” com a decisão da China desta quarta-feira (31) de aplicar salvaguardas para importação de carne bovina.
Segundo a entidade, a decisão representa um risco material e imediato ao desempenho das exportações brasileiras e ao equilíbrio da cadeia produtiva nacional e terá um impacto potencial de até US$ 3 bilhões para o Brasil, comprometendo o desempenho das exportações do setor, que devem superar US$ 18 bilhões em 2025.
Além do efeito direto sobre a balança comercial, a medida ocorre num momento delicado para a pecuária brasileira, marcado por redução de oferta e transição do ciclo pecuário.
“É uma medida que pode funcionar como fator de desestímulo para o pecuarista investir mais na atividade, ampliando a produção. Os efeitos podem se estender por toda a cadeia produtiva, com reflexos sobre geração de renda, emprego e investimentos no campo”, afirma a Abrafrigo.
Em 2025, o Brasil deve ultrapassar 1,6 milhão de toneladas enviadas ao mercado chinês, responsável por 55% das exportações de carne bovina in natura. A receita do setor com exportações à China deve alcançar aproximadamente US$ 9 bilhões neste ano.
A participação do país asiático — que já vinha apresentando crescimento expressivo — passou de US$ 5,424 bilhões em receita até novembro de 2024 para US$ 8,029 bilhões em 2025, uma alta de 48%.
Em volume, os embarques avançaram de 1.212.721 para 1.499.508 toneladas (+23,6%). Com isso, a China se consolida como o maior e mais estratégico comprador da carne bovina brasileira, respondendo por 48,6% do faturamento total e 42,7% do volume exportado no acumulado do ano.
A Abrafrigo reforça que é urgente e essencial uma atuação diplomática firme e coordenada do governo brasileiro, com foco na abertura e expansão de novos mercados acessíveis a todas as empresas do setor, de forma a mitigar os impactos comerciais das salvaguardas chinesas.