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Ação da Vale (VALE3) está perto de voltar a valer R$ 100?

13 dez 2022, 12:21 - atualizado em 13 dez 2022, 12:21
Vale
Ação da Vale acompanhou a recuperação do setor e saltou mais de 20% em novembro (Imagem: REUTERS/Washington Alves)

A Vale (VALE3) e outras ações do setor de mineração e siderurgia aproveitam a recuperação que os preços do minério de ferro têm oferecido.

As notícias de reabertura econômica em meio a flexibilizações das duras restrições da política de Covid Zero na China e maiores apoios oferecidos pelo governo chinês ao mercado imobiliário do país puxaram o minério de ferro de volta aos US$ 100 a tonelada, impactando diretamente a performance dos papéis ligados ao ingrediente siderúrgico na Bolsa.

A ação da Vale acompanhou a recuperação do setor e saltou mais de 20% em novembro, com a cotação saindo dos R$ 67 para retomar ao patamar de R$ 85. Atualmente, o papel é negociado a R$ 86,09 (fechamento desta segunda-feira, 12).

Nesse ritmo, a Vale está perto de voltar a ser negociada acima de R$ 100?

Curto prazo ainda pesa

Para analistas ouvidos pelo Money Times, o mercado não deve ver a ação da mineradora valendo R$ 100 ou acima desse valor no curto prazo.

Matheus Spiess, analista da Empiricus, vê espaço para a Vale voltar a R$ 100, mas não necessariamente no curto prazo, apesar dos ventos positivos que a retomada econômica chinesa tem trazido para os mercados.

O maior detrator, na avaliação de Spiess, é o temor de recessão em nível global, uma vez que haveria uma desaceleração da atividade e consequente queda na demanda por commodities em geral.

“Eventuais pressões podem ter efeito negativo em Vale. Então, no curto prazo, talvez ela não chegue até os R$ 100”, diz.

Por outro lado, Spiess acredita que a ação pode voltar a valer R$ 100 no médio e longo prazo, “sem problema nenhum”.

“Até porque é um call sistêmico. Se houver um rali brasileiro, ela tende a andar”, completa o analista.

O analista ressalta, no entanto, que a Vale deve flertar com esse patamar. Para que ela se mantenha em patamares acima dos R$ 100, precisaria haver estabilidade prolongada dos preços ou uma explosão dos preços do minério de ferro.

“Se ficar estável o preço, ela consegue gerar muito caixa, crescer receita, crescer operação. Ela poderia aumentar seu valor ao longo do tempo. Se o preço explodir, ela também conseguiria. Agora, se ficar volátil o preço ou cair, aí ela não se manteria”, explica.

O líder da área de análise da Warren, Frederico Nobre, acredita que seja “muito otimismo” pensar que a Vale deve voltar aos R$ 100. Ele lembra que a Vale atingiu máxima quando o minério estava acima de US$ 200 em 2021.

“Acho que é bem pouco provável que a gente veja o minério de ferro voltando a esses patamares tão agressivos”, afirma.

Nobre ainda acrescenta que, para os padrões da Vale, os custos de produção seguem altos.

“Logo após o último resultado da Vale, ela despencou por conta disso”, lembra o analista.

“No trimestre, o mercado esperava que a Vale fosse apresentar uma melhora nos seus custos de produção de minério de ferro, e isso não aconteceu. Agora, resta saber se, para o quarto trimestre deste ano, ela realmente vai conseguir virar a chave neste sentido”.

China, a resposta?

Para Spiess, da Empiricus, a questão da pandemia do coronavírus na China deve ser uma página superada.

De acordo com o especialista, o mercado está ansioso demais quanto à velocidade que a recuperação da economia da segunda maior economia mundial pode apresentar, “mas, voltar como era antes, acho mais difícil”.

“De maneira geral, a abertura deve ser contínua e marginal”, afirma.

Gabriel Augusto Mollo, analista de investimentos do Banco Daycoval, é da mesma opinião.

“Acredito que isso [restrições] é uma tendência que não vai voltar. A reabertura vai continuar acontecendo. Só não sei se ela vai ser rápida”, comenta.

O analista acredita que a China tentará correr atrás do prejuízo, mas, quanto ao ritmo, difícil prever.

“Parece cada vez mais provável que a China vai reabrir. Provavelmente, essa reabertura tende a ser gradual”, complementa.

Sobre as estimativas recentemente divulgadas pela Vale, de produção de minério de ferro entre 310-320 milhões de toneladas em 2023, Spiess avalia que frustraram as expectativas, mas mostra certo controle da Vale em relação à incerteza do mercado global.

Ao mesmo tempo que o fato de a Vale estar produzindo menos ser um choque positivo para o preço do minério de ferro, considerando que a empresa é um player global, também sinaliza que uma recessão global pode chegar. Apesar disso, Spiess diz que Vale continua barata e” pode aguentar desaforo”.

Oportunidade em VALE3?

Vale
Empiricus diz que Vale continua barata e” pode aguentar desaforo” (Imagem: REUTERS/Pilar Olivares)

A Empiricus segue construtiva em Vale, pois enxerga eficiência no controle de custos da companhia, que segue gerando bom caixa. Em meio à expectativa de uma recessão mais curta, Spiess acha que os preços do minério de ferro podem se sustentar em patamares elevados – ainda que não em US$ 110-120 a tonelada.

Apesar disso, a preferência é pela Gerdau (GGBR4) e a holding controladora Metalúrgica Gerdau (GOAU4).

Além de maior valor agregado por conta da exposição ao aço, a Gerdau tem batido as expectativas de resultados há vários trimestres, demonstrando eficiência de gestão e projetos relevantes.

Além disso, destaca Spiess, ela está muito relacionada à sucata, que poderia ser relacionada com a tese ESG, atraindo capital estrangeiro para a companhia.

A Gerdau é ainda exposta aos Estados Unidos, com grande contratação esperada para 2023, apesar do receio de recessão no país.

“Em uma realidade de remodelação das cadeias produtivas globais, a gente pode surfar com as duas [Gerdau e Vale]. Mas Gerdau vai estar na frente da cadeia, porque ela está vivendo o aço. Da mesma maneira, ela consegue estar barata e pagar dividendos”, afirma o analista.

“A gente é construtivo para as duas ações, mas Gerdau tem essas vantagens operacionais e de momentum que parecem brilhar mais aos olhos”, completa.

A Warren mantém recomendação neutra para a Vale, pois enxerga o movimento atual um pouco como “otimismo exagerado”. No entanto, a instituição acredita que as perspectivas para o setor de mineração e siderurgia como um todo são melhores.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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