Internacional

Ação do Fed abre porta para queda global de retornos de títulos

04 mar 2020, 13:47 - atualizado em 04 mar 2020, 13:47
Dólar
O Fed cortou a taxa básica de juros em meio ponto percentual em uma ação de emergência na terça-feira (Imagem: Pixabay)

Pelo jeito, não há piso para os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, já que o corte de emergência dos juros do Federal Reserve não conseguiu acalmar os temores dos estragos econômicos causados pelo coronavírus.

Antes de terça-feira, o retorno dos títulos de 10 anos nunca havia ficado abaixo de 1%. Quando esse nível histórico foi rompido, menos de 30 minutos depois a taxa se aproximava de 0,90% ou metade do rendimento no fim de 2019. Esse é o novo normal no mercado de renda fixa de referência para o mundo, onde a ansiedade chegou a níveis vistos pela última vez durante a crise financeira de 2008.

A queda dos rendimentos dos títulos também marcou as negociações na Europa na quarta-feira: os rendimentos dos títulos de 10 anos no Reino Unido caíram para uma mínima histórica com apostas de que o Banco da Inglaterra vai seguir os passos do Federal Reserve.

“Existe a sensação de que o Fed esteja disparando sua bazuca e possa saber de mais coisas, de que essa pandemia pode piorar muito nos EUA”, disse Donald Ellenberger, gestor sênior da Federated Investors. “Este é um mercado simplesmente movido pelo medo.”

O Fed cortou a taxa básica de juros em meio ponto percentual em uma ação de emergência na terça-feira. O corte veio apenas duas horas depois que os ministros das Finanças do G-7 disseram em comunicado que estavam prontos para agir, o que também não conseguiu aliviar a preocupação nos mercados.

Após a decisão de emergência do Fed, a queda dos preços das ações e comentários encorajadores do presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, levaram operadores a apostar no risco de uma grande desaceleração econômica que desencadearia mais cortes dos juros, possivelmente ainda este mês. O Fed tem reunião agendada em 17 e 18 de março.

“O mercado esperava uma resposta mais coordenada e decisiva, e não apenas uma do Fed”, disse Solita Marcelli, vice-diretora de investimentos para as Américas do UBS Global Wealth Management. O mercado “desconsiderou que o Fed está sendo proativo e está focado em saber se o Fed vê um pior impacto do vírus na economia” do que a maioria espera agora, acrescentou.

O presidente do Fed reconheceu que o banco central não tem todas as respostas e acrescentou que seria necessário uma resposta em várias frentes dos governos, profissionais de saúde, bancos centrais e outros para conter os danos humanos e econômicos do vírus.

Jan Loeys, do JPMorgan Chase, disse que os EUA estão encurralados em um cenário que reduzirá os rendimentos do Tesouro para zero ou até abaixo desse nível ainda este ano.

“Quanto mais você corta os juros, mais rápido afunda na areia movediça”, disse Loeys. “A questão mais importante a médio prazo é que o Fed está ficando sem munição e está gastando agora. Vemos uma chance 50-50 de juro zero no final do ano, e é isso.”

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