Ações da Ambipar (AMBP3) despencam 14% após saída de diretor financeiro

As ações ordinárias da Ambipar (AMBP3) despencam pouco mais de 14% por volta das 15h desta terça-feira, após o diretor financeiro (CFO) da companhia, João Daniel Piran de Arruda, deixar o cargo.
A chegada de Arruda à companhia, em 2024, foi bem recebida pelo mercado. Na época, a empresa estava sob pressão por maior clareza na comunicação com investidores, e a escolha de um executivo com mais de duas décadas de experiência em resíduos, energia, saneamento e infraestrutura foi vista como um passo importante.
Antes da Ambipar, Arruda passou quase 15 anos no Bank of America (BofA), período em que também estreitou laços com a empresa.
Com a saída, a Ambipar declarou que continuará empenhada em fortalecer a área financeira, a governança e o relacionamento com investidores. Segundo comunicado, a prioridade é garantir transparência, reforçar a confiança do mercado e gerar valor para os acionistas.
No lugar dele, entra Ricardo Rosanova Garcia, que já exercia a função de diretor de Relações com Investidores (DRI) e agora acumulará as duas áreas. Garcia tem trajetória dentro do grupo, tendo atuado até o ano passado como CFO da Ambipar Environment.
Outras mudanças recentes na Ambipar
A saída de Arruda não foi a única movimentação recente no alto escalão. Na semana passada, a empresa também anunciou a mudança de Pedro Borges Petersen, que deixou o cargo de DRI para atuar como senior advisor de operações. Ele também se desligou da função de relações com investidores da Environmental ESG Participações, uma empresa do grupo.
Essa reestruturação ocorre em meio a um processo administrativo sancionador da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A instituição, na investigação, apura possíveis irregularidades ligadas a recompras de ações da Ambipar que poderiam ter ultrapassado o limite de 10% do free float. Além de Petersen, o fundador da companhia, Tércio Borlenghi Junior, e outros executivos são citados no processo.
As recentes mudanças na diretoria ocorrem em um cenário de grande volatilidade para os papéis da Ambipar. Desde maio do ano passado, as ações passaram por uma escalada impressionante, puxada por aquisições realizadas pelo controlador e por um programa de recompra da própria companhia.
De acordo com relatório técnico da CVM, parte dessas ações foi utilizada para quitar obrigações, resultando em ganhos de aproximadamente R$ 260 milhões.
O movimento foi potencializado pela entrada de fundos ligados ao Banco Master e ao empresário Nelson Tanure, o que acabou desencadeando um short squeeze. O efeito levou a cotação de cerca de R$ 8,00, em maio, para o pico de R$ 268 em dezembro.
Diante disso, a área técnica da CVM chegou a levantar a hipótese de manipulação de preços e sugeriu que o controlador poderia ser obrigado a realizar uma oferta pública de aquisição (OPA). A proposta, contudo, foi rejeitada pela diretoria da autarquia, decisão que gerou críticas no mercado.