Boeing (BOEI34) recua quase 5% após queda de avião da Air India

As ações da fabricante de aviões Boeing (BA) recuaram quase 5% nesta quinta-feira (12), a US$ 203, depois que um avião da Air India com 242 pessoas a bordo caiu minutos após decolar da cidade de Ahmedabad, no oeste da Índia.
Os papéis listados na Bolsa de Nova York (NYSE) encerraram a sessão com queda de 4,79%, a US$ 203,75. Já os ADRs da companhia, negociados na bolsa brasileira sob o ticker BOEI34, caíram 4,55%, a R$ 1.130,23.
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O avião – um Boeing 787-8 Dreamliner, uma das aeronaves de passageiros mais modernas em serviço – tinha como destino o aeroporto de Gatwick, no Reino Unido, informou a Air India.
A notícia chega no momento em que a fabricante de aviões norte-americana tenta reconstruir a confiança do mercado, do público e de autoridades sobre a segurança de suas aeronaves e em que a empresa tenta aumentar a produção sob o comando do presidente-executivo, Kelly Ortberg.
Pior desastre aéreo em uma década
Mais de 200 pessoas morreram, segundo as autoridades, no pior desastre aéreo do mundo em uma década.
O avião caiu em uma área residencial, colidindo com um albergue de uma faculdade de medicina perto do aeroporto durante a hora do almoço. O avião estava indo para o Aeroporto de Gatwick, sul da capital britânica.
O chefe de polícia da cidade, G.S. Malik, disse à Reuters que 204 corpos foram recuperados do local do acidente. Não houve relatos de sobreviventes encontrados, e o jornal Indian Express informou que todos os 242 a bordo morreram, citando a polícia.
Malik disse que os corpos recuperados poderiam incluir tanto passageiros quanto pessoas mortas em terra.
Parentes foram solicitados a fornecer amostras de DNA para identificar os mortos, afirmou o secretário estadual de saúde, Dhananjay Dwivedi.
“O prédio em que o avião caiu é um albergue de médicos… já liberamos quase 70% a 80% da área e liberaremos o restante em breve”, declarou um policial sênior aos repórteres.
Partes do avião estavam espalhadas ao redor do prédio no qual ele se chocou, segundo fotografias e vídeos do local. A cauda do avião estava presa no topo da construção.
O canal de TV CNN News-18 da Índia disse que o avião caiu em cima da área de refeições do albergue estatal B.J. Medical College, matando também muitos estudantes de medicina.
Entre os passageiros havia 217 adultos, 11 crianças e dois bebês, disse uma fonte à Reuters. Entre eles, 169 eram cidadãos indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadense, informou a Air India.
O site de rastreamento de aviação Flightradar24 afirmou que o avião era um Boeing 787-8 Dreamliner, uma das aeronaves de passageiros mais modernas em serviço.
Esse foi o primeiro acidente com o Dreamliner, que começou a voar comercialmente em 2011, de acordo com o banco de dados da Aviation Safety Network. O avião que caiu na quinta-feira voou pela primeira vez em 2013 e foi entregue à Air India em janeiro de 2014, informou o Flightradar24.
“Neste momento, estamos apurando os detalhes e compartilharemos mais atualizações”, disse a Air India no X.
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O Boeing 787 Dreamliner é considerado como um dos jatos mais avançados em serviço e especialistas dizem que ele tem um histórico de segurança forte, sem nenhum incidente fatal anterior. A Boeing disse que está trabalhando para reunir mais informações sobre a queda desta quinta-feira.
A aeronave 787-8 envolvida na queda desta quinta-feira foi entregue em 2014 e é a menor de três variantes do modelo.
O 787-8 normalmente comporta 248 passageiros e o 787-9, maior e de maior alcance, transporta 296 pessoas. A maior variante, o 787-10, que também tem o menor alcance, tem 336 assentos, de acordo com dados da Boeing.
O 787 bimotor vem com uma opção de dois tipos de propulsores, fornecidos pela GE Aerospace ou pela Rolls-Royce. Os motores do avião acidentado eram fornecidos pela GE, que disse que apoiará a investigação.
A Boeing já vendeu mais de 2.500 unidades do 787s, incluindo 47 para a Air India. A empresa entregou 1.189 jatos para companhias aéreas ou locadoras, mas nos últimos anos tem sido afetada por atrasos na produção, o que se soma a uma crise corporativa mais ampla no maior exportador dos Estados Unidos.
O 787 voou pela primeira vez em 2011 e entrou em serviço no mesmo ano, após atrasos no desenvolvimento.
A criação do jato marcou um avanço no design, prometendo uma eficiência de combustível 20% maior com o uso de materiais compostos leves e considerados duráveis e mais sistemas elétricos.
O tamanho, alcance e eficiência do avião o tornaram ideal para a abertura de novas rotas, contornando hubs servidos por jumbos como o Boeing 747 e o Airbus A380 e ajudando a tirar ambos os jatos de produção.
A Airbus seguiu o exemplo, desenvolvendo o jato A350, feito também com materiais compostos.
O 787 também foi pioneiro em uma nova maneira de se montar aviões, terceirizando grande parte da estrutura e dos componentes para empresas de todo o mundo e reunindo as peças em Everett, Washington, e mais tarde em North Charleston, Carolina do Sul, nos EUA.
Mas a mudança levou a problemas na cadeia de suprimentos e a Boeing reconheceu mais tarde que havia ido longe demais com a terceirização.
Incidentes anteriores
Em julho de 2013, um 787 vazio da Ethiopian Airlines pegou fogo no solo do aeroporto de Heathrow, em Londres, em um incidente posteriormente relacionado a um curto-circuito em um transmissor localizador de emergência.
Também em 2013, órgãos reguladores suspenderam temporariamente a frota global de 787 após superaquecimento de baterias de lítio em dois aviões de companhias aéreas japonesas em Tóquio e Boston, resultando em alterações no projeto para conter melhor o risco de fuga térmica.
Em março do ano passado, pelo menos 50 pessoas ficaram feridas quando um 787 operado pela LATAM Airlines se deslocou para baixo abruptamente em pleno voo de Sydney para Auckland. Os investigadores se concentraram em um movimento involuntário para frente no assento do piloto.
*Com informações da Reuters