Ações da Braskem (BKRM5) saltam após acordo da Novonor com credores; o que esperar daqui em diante?
As ações da Braskem (BRKM5) performam na ponta positiva do Ibovespa (IBOV) no pregão desta segunda-feira (15), após a IG4 fechar um acordo para assumir participação da Novonor na petroquímica.
Um destino para a fatia detida pela ex-Odebrecht era aguardado pelo mercado há tempos, e o nome da IG4 já estava no radar. Na visão da XP Investimentos, a transação é positiva e, se confirmada, levaria efetivamente a uma mudança de controle.
A IG4 representa os bancos credores da companhia — Itaú, Bradesco, Santander, BB e BNDES –, que têm ações BRKM5 como garantia de empréstimos feitos à petroquímica.
Conforme o documento divulgado hoje, a Novonor se comprometeu a transferir a participação na Braskem para um fundo da IG4, que passará a deter 50,111% do capital votante e 34,323% do capital total da petroquímica.
A Novonor detém atualmente 50,1% das ações com direito a voto da Braskem e 38,3% do total de ações, enquanto a Petrobras possui 47% das ações votantes e 36,1% do total de papeis.
“Na prática, o anúncio representa os credores da Novonor finalmente exercendo a garantia da dívida (ou seja, as ações da Braskem)”, pondera a casa.
Por volta de 11h05 (horário de Brasília), as ações BRKM5 subiam 4,53%, cotadas a R$ 8,30. Mais cedo, os papéis chegaram a saltar 6%. Acompanhe o tempo real.
O que acontece agora?
Após a conclusão da operação, a Novonor permanecerá com 4% da Braskem.
A IG4 acrescentou em outro comunicado que a operação envolve cerca de R$ 20 bilhões em dívida e não causará mudanças operacionais imediatas na Braskem.
“A Petrobras faz parte de um acordo de acionistas com a Novonor e detém direito de preferência – o qual não esperamos que a companhia exerça”, avalia a XP.
Olhando além do anúncio específico, os analistas da casa acreditam que a conclusão dessa transação pode desencadear ações subsequentes, incluindo uma possível conversão de ações preferenciais em ordinárias no futuro, além de uma potencial injeção de capital para ajudar a mitigar preocupações de liquidez.
O acordo ainda precisa passar pela aprovação do Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A crise na Braskem
A crise da Braskem é multifacetada, envolvendo endividamento pesado (cerca de US$ 8,5 bilhões em 2025), a tragédia ambiental em Maceió, baixa demanda no setor petroquímico e um cenário macroeconômico adverso (juros altos, dólar), resultando em queda acentuada de suas ações e títulos, risco de recuperação judicial e impacto negativo no mercado de crédito corporativo.
A petroquímica chegou à situação atual após quase nove anos de problemas combinando questões operacionais, financeiras e ambientais. O ponto de partida foi o afundamento do solo em Maceió, que gerou um passivo ambiental bilionário e exigiu um acordo complexo com autoridades e moradores da região.
A empresa vem sendo dilacerada na bolsa de valores diante de um ceticismo cada vez maior entre os investidores e com o risco de recuperação judicial no radar. Só neste ano, as ações BRKM5 acumulam queda de mais de 33%.
*Com Reuters