Ações da ISA Energia (ISAE4) caem após 2T25; alta da dívida ameaça dividendos?

As ações da ISA Energia (ISAE4) caem com o balanço do segundo trimestre de 2025 (2T25), divulgado pela companhia na noite de quarta-feira (30).
Os números reportados não se destacaram na avaliação de analistas, que tem uma visão neutra sobre o período de abril a junho.
A transmissora reportou um lucro líquido de R$ 255,6 milhões, 39,9% abaixo do registrado um ano antes.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 11,4% no período, para R$ 789,5 milhões, enquanto a receita líquida retraiu 7,5%, para R$ 1,03 bilhão.
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A queda do resultado trimestral é explicada, principalmente, por impactos da conclusão da discussão regulatória sobre os pagamentos da indenização às transmissoras chamada de RBSE.
No mês passado, a agência reguladora Aneel fez um recálculo dessa indenização, o que levou a uma redução dos pagamentos futuros à companhia.
Por volta de 15h (horário de Brasília), os papéis da ISA Energia caíam 3,02%, a R$ 21,82. Acompanhe o tempo real.
Analistas da XP Investimentos apontam que os números vieram abaixo das estimativas, com o Ebitda ajustado de R$ 790 milhões abaixo da projeção da casa de R$ 886 milhões.
O analista Bruno Vidal aponta que isso se deve principalmente à parcela de ajuste (PA) na linha de receita, relacionada ao reperfilamento da RBSE.
“Excluindo esse efeito, o desempenho operacional ficou em linha com nossas expectativas. Por outro lado, as despesas financeiras líquidas vieram melhores do que o esperado, resultando em um lucro líquido de R$ 256 milhões no período, ante estimativa da XP de R$ 287 milhões”, coloca Vidal.
A XP tem uma visão neutra sobre o segundo trimestre de 2025, mantendo a recomendação para ISAE4 também neutra, com preço-alvo de R$ 24 por ação.
Dividendos da ISA Energia
Analistas da Genial Investimentos apontam que o resultado da ISA Energia foi, sim, poluído pelo efeito não recorrente da decisão da Aneel.
No entanto, acreditam que a companhia operou dentro do roteiro esperado, evoluindo no desenvolvimento dos projetos e investimentos, desempenho positivo na linha de custos gerenciáveis e renovação de projeto de investimentos aprovados pela Eneel.
“Não acreditamos que a discussão relacionada ao waiver da dívida com o BNDES vá ser um impeditivo em relação a atual política de distribuição de dividendos da empresa. Seguimos acreditando que ser um dos pontos principais a serem gerenciados pela companhia durante o ano em sua estratégia de crescimento e investimentos”, avaliam os analistas Vitor Sousa e Ricardo Bello.
A Genial destaca que a dívida líquida consolidada da transmissora atingiu R$ 12,8 bilhões, avanço de 25,4% ante o quarto trimestre de 2024, decorrente das captações no último trimestre, parcialmente compensadas pelo vencimento da 7ª emissão de debêntures.
A alavancagem medida pela dívida líquida/Ebitda gerencial foi a 3,4 vezes, acima do covenant (uma espécie de teto) de 3,0 vezes do BNDES, e a companhia já iniciou tratativas para obtenção de waiver, que nada mais é do que a dispensa de uma obrigação contratual.
Mesmo com o “desconforto”com a dívida do BNDES, a Genial pondera que o segmento de transmissão chega a operar com uma alavancagem de 4,0-4,5 vezes com relativo conforto (a exemplo da Taesa) tendo em vista a natureza dos seus negócios, que envolve receitas em contratos de longo prazo e reajustados pela inflação.
“É importante mencionar que observamos com naturalidade a escalada do endividamento da empresa e não acreditamos que a empresa vá passar a represar dividendos”, colocam os analistas.
A Genial segue com recomendação de compra para ISAE4, com preço-alvo de R$ 27,30.
*Com informações da Reuters