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Acordo entre EUA e China pressiona prêmios da soja no Brasil

12 maio 2025, 17:18 - atualizado em 12 maio 2025, 17:18
Soja prêmio EUA china
(Foto: Reuters/Tingshu Wang)

Os prêmios de exportação de soja caíram no Brasil nesta segunda-feira (12) após os Estados Unidos e a China anunciarem um acordo para mutuamente reduzir tarifas comerciais, um sinal de que o país asiático poderia se abastecer com mais oleaginosa americana que o esperado em meio à recente escalada da guerra comercial, segundo analistas.

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Os prêmios nos portos tendem a subir caso aumente a demanda pela commodity produzida no Brasil, e chegaram a bater um patamar próximo de US$ 1,4 por bushel no início de abril, após Donald Trump acentuar a guerra comercial contra os chineses.

Com a redução por 90 dias das tarifas cobradas entre americanos e chineses, conforme acordo divulgado no final de semana, os agricultores nos EUA poderiam se beneficiar de uma maior demanda chinesa pela oleaginosa. Neste contexto, os prêmios caíram cerca de 10% nesta segunda-feira em relação à sexta-feira, para US$0,50/bushel.

Os valores, calculados pelo Cepea/Esalq, referem-se ao embarque em junho pelo porto de Paranaguá (PR).

“Você veja, caíram bruscamente as tarifas recíprocas da China em relação à soja dos EUA”, disse Rafael Silveira, analista da consultoria Safras & Mercado. “Agora estamos vendo taxas de 10%. São caras para a soja dos EUA, sim, mas são muito menores,” disse ele.

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Pelo acordo, os EUA reduzirão as tarifas extras impostas às importações chinesas em abril deste ano de 145% para 30%; e as taxas chinesas sobre as importações dos EUA cairão de 125% para 10%.

Silveira acrescentou que a redução acordada nas tarifas poderia levar a China buscar mais soja norte-americana, que ainda está sendo plantada na safra 2025/26. Enquanto isto, o Brasil já está exportando a maior safra da sua história, de cerca de 170 milhões de toneladas.

Sobre a contenda envolvendo EUA e China, o corretor de grãos Adelson Gasparin entende que China não possa prescindir do produto americano, pois depender apenas de soja sul-americana seria arriscado para o maior importador mundial. Existe ainda o fator competitividade.

“Com a oferta mundial (de soja) crescendo mais do que crescimento da demanda, a China pode ter mais chance de barganhar preços,” disse o corretor.

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Silveira disse que o acordo anunciado nas últimas horas pode mudar muito a dinâmica do mercado, principalmente diante de um cenário de redução da área de soja nos EUA. “O produtor dos EUA, antes de começar a plantar, estava olhando para este cenário de queda na exportação dos EUA”, disse.

Segundo a primeira estimativa para a safra 2025/26 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, divulgada nesta segunda, os produtores de lá devem reduzir a área colhida de soja para 82,7 milhões de acres, comparado com 86,1 milhões de acres na safra anterior.

Raphael Bulascoschi, analista de inteligência de mercado da StoneX, disse que a colheita de soja dos EUA começa em setembro, quando o programa de exportações é mais ativo. Por ora, segundo ele, é preciso cautela para entender os efeitos definitivos da trégua nas tarifas.

Segundo o analista, se perdurarem tarifas mais baixas até o final do ano, aí a competição aumentaria entre a soja americana e a brasileira.

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“Vimos o mercado reagindo com mais otimismo (ao anúncio de queda das tarifas), porém não significa que veremos um salto repentino de soja em direção à China”, disse Bulascoschi.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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