Sucroenergia

Açúcar fixado antes do crash do petróleo é hedge contra o spot futuro do etanol

12 mar 2020, 15:46 - atualizado em 12 mar 2020, 16:49
Etanol vai perdendo competitividade diante da redução da gasolina e projeta cenário futuro de baixa (Imagem: Pixabay)

A fixação folgada dos preços do açúcar no mercado internacional antes do crash do petróleo, deixando hedgeada a maioria da exportação esperada na nova safra, deixa as usinas mais confortáveis. Tanto quanto dá um alívio diante do açúcar em derretimento, quanto se projeta o spot do etanol para o segundo semestre, mais ainda com o corte nesta tarde de 9,5% da gasolina.

Nominalmente, nesta quinta (12), na região de Ribeirão Preto, o litro do hidratado na indústria estava em R$ 2,40, antes da decisão da Petrobras, “mas não tinha comprador”, percebe Maurício Muruci, da Safras & Mercado, que neste momento faz visitas em várias unidades do Norte de São Paulo.

Nessas conversas, seguindo as expectativas do mercado ante a visão da crise do petróleo, que mistura coronavírus e a maior oferta e preços menores da Arábia Saudita (na disputa com Rússia), a projeção para agosto/setembro, ontem, era de R$ 2,16. “Hoje, está em R$ 2,09”, informa o analista.

Mas se a cumulatividade de queda se acentuar, a possível recuperação exigirá patamares que não estão no radar diante de todos os indicadores que apontam para uma retração econômica. Isso no terreno das hipóteses de contenção da epidemia o mais breve possível, mesmo que a China possa ir voltando aos poucos à normalidade como Pequim está declarando.

O petróleo cede forte desde segunda e nem o ajuste positivo da terça refrescou. O contrato para entrega em maio perdeu mais de 7,5%, com o barril a US$ 33,14 nos trabalhos de hoje na bolsa de Londres.

Muruci faz as contas junto com os agentes de mercado com quem diz conversar e acredita em 63% das exportações de açúcar com preços já acertados entre de 14 e 14,75 centavos de dólar por libra-peso. Das 19 milhões de toneladas a serem embarcadas presumivelmente na safra 20/21, em torno de 12 milhões/t já estão com preços travados.

A Archer, outra consultoria, na semana passada falou em 78% do açúcar já fixado.

Mercado parado

Agora, os players estão todos fora das vendas do que resta em cada grupo. A commodity derrete mais ainda e o dólar alto, que favoreceu as fixações antes, já exige conta de chegar. Os compradores também estão fora do mercado, tamanha a bagunça que o mundo virou.

Em 3 de dezembro, o vencimento maio na ICE Futures, em 12,92 c/lp, iniciou sua subida até bater em 15,06 em 12/2.

Desde então, veio caindo lentamente no fluxo da aversão ao risco pelo tremor do coronavírus na economia e despencou de vez quando a Rússia não atendeu o pedido da Arábia Saudita de cortar a produção. O maior exportador retaliou com produção maior e valores menores, acreditando que pode vender mais petróleo ganhando menos unitariamente.

O mundo vê o Brasil produzindo menos etanol, com gasolina mais barata, e maior oferta de açúcar entrando. Desse modo, derreteu mais um pouco nesta quinta, nada menos que 4,49% no maio, a 11,71 c/lp.

As grandes e modernas usinas ficam agora no compasso de espera quanto ao que ainda tem de sobra do açúcar que não está contratado e precificado externamente. Podem permanecer no adoçante ou podem virar a chave para etanol conforme o andar da carruagem.

 

 

 

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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