BusinessTimes

Adam Capital ganha com aposta antiga contra ações dos EUA

03 mar 2020, 15:55 - atualizado em 03 mar 2020, 15:55
Mercados
O fundo Adam Advanced Master FIM registrou retorno de 1,75% durante a onda de vendas, o mais alto entre quase 200 pares em meio à propagação de casos de coronavírus fora da China (Imagem: REUTERS/Ralph Orlowski)

Nem todo mundo saiu perdendo com a sangria dos mercados na semana passada.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No Brasil, uma aposta antiga da gestora de fundos Adam Capital em uma correção nos Estados Unidos, que no ano passado prejudicou a performance dos fundos da empresa, finalmente deu resultado.

O fundo Adam Advanced Master FIM registrou retorno de 1,75% durante a onda de vendas, o mais alto entre quase 200 pares em meio à propagação de casos de coronavírus fora da China, que levou Wall Street à pior semana desde 2008.

O fundo Adam Macro Strategy Master FIM da gestora teve o segundo melhor desempenho, com retorno de 1,02% na semana passada até quinta-feira, os números mais recentes disponíveis, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A queda dos mercados acionários globais ocorreu poucos dias depois de a gestora de ativos — fundada em 2016 por Márcio Appel e André Salgado e com cerca de R$ 20,7 bilhões sob gestão — reforçar a aposta contra ações dos EUA.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em 21 de fevereiro, Salgado disse no Twitter que a empresa não havia deixado de apostar contra o índice S&P 500 e que, pelo contrário, havia aumentado a posição, sem dar mais detalhes.

Em carta aos investidores na segunda-feira, a Adam Capital disse que agora acredita que o Federal Reserve e o Banco Central voltariam a cortar os juros para aliviar o impacto das consequências da crise de saúde.

O banco central americano anunciou na terça um corte na taxa de juros em uma reunião emergencial.

Segundo a Adam Capital, o “portfólio atual está preparado e equilibrado para amortecer impactos fortuitos de eventuais correções advindas de determinados cenários”, disse a empresa na carta.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Aposta da Adam Macro contra as ações da Tesla não funcionou (Imagem: Pixabay)

“Estamos cientes das dificuldades de equilíbrio que o momento atual nos apresenta.”

A maré de ganhos da Adam Capital durante a piora do mercado marca uma mudança em relação a um 2019 difícil para a gestora, com seu principal fundo não batendo o CDI.

O total de ativos do Adam Macro encolheu em cerca de R$ 3 bilhões nos últimos 12 meses e uma de suas maiores apostas – contra ações da Tesla – não funcionou.

A empresa encerrou a posição no ano passado, dizendo que a melhora da eficiência operacional da montadora prejudicou sua tese de investimento.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Appel e Salgado são veteranos das gestoras do Banco Safra e do Santander. O fundo Adam Advanced Master acumula retorno de 133% desde o início de 2016 em comparação com retorno de 38% de sua referência.

A Adam não foi a única gestora que conseguiu escapar das perdas da semana passada.

Também tiveram destaque o fundo Neo Multi Estratégia Master FIM, administrado pela NEO Investimentos, e dois fundos administrados pela JGP Asset Management, fundada por André Jakurski.

A JGP fez uma aposta contra ações dos EUA, comprou dólar americano contra outras moedas e vendeu petróleo (Imagem: REUTERS/Philimon Bulawayo)

No caso da NEO, a maior parte dos ganhos da semana passada veio de estratégias que exploraram diferentes vencimentos na curva de juros brasileira, disse Marcelo Cabral, sócio-fundador da empresa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A NEO, que administra cerca de R$ 4 bilhões, já apostava na maior inclinação da curva de juros do Brasil. Tanto o crescimento quanto a inflação do país não vinham mostrando aceleração, mesmo antes da crise do coronavírus aumentar a aversão ao risco.

“A velocidade do movimento foi totalmente inesperada”, disse Cabral.

A JGP também se preparava para o pior antes do Carnaval.

A empresa fez uma aposta contra ações dos EUA, comprou dólar americano contra outras moedas e vendeu petróleo, sob a tese de que as medidas da China para combater o coronavírus teriam impacto na economia, disse a empresa em comunicado por e-mail.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O fundo JGP Stategy Master da empresa quase não tinha exposição líquida à bolsa.

Já alguns dos gestores com melhor desempenho nos últimos anos foram afetados pela onda de vendas da semana passada.

Marcelo Cavalheiro continua otimista em relação à economia e vê a combinação de juros baixos, ampla oferta de crédito e melhora da taxa de desemprego (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Entre os que registraram as maiores quedas estão o fundo Safari Master FIM, administrado pela Safari Capital, que perdeu 12,59%, e o XP Long Bias FIM, da unidade de gestão de ativos da XP, com retorno negativo de 10,18%. A XP não respondeu a um pedido de comentário.

O fundo da Safari tinha forte exposição a ações com foco na economia doméstica, como empresas de varejo, concessionárias de rodovias e empresas de educação, além de ações da Petrobras (PETR3PETR4) e JBS (JBSS3), que responderam pela maior parte das perdas, disse Marcelo Cavalheiro, sócio-fundador da empresa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O portfólio também não tinha hedge, disse.

Ele continua otimista em relação à economia e vê a combinação de juros baixos, ampla oferta de crédito e melhora da taxa de desemprego como fator de impulsão da bolsa brasileira.

“Ainda estamos comprados em ações brasileiras e extremamente confiantes no potencial de nosso portfólio”, disse Cavalheiro.

Compartilhar

bloomberg@moneytimes.com.br