Exportações

Agroexportadoras fecham acordo com Argentina sobre tarifas; agricultores temem altas

08 fev 2021, 16:08 - atualizado em 08 fev 2021, 16:08
Soja no porto de Rosario
Segundo levantamento do banco central, o país deve registrar inflação de 50% em 2021 (Imagem: REUTERS/Nicolas Misculin)

As principais empresas agroexportadoras da Argentina afirmaram nesta segunda-feira que a possibilidade de o governo do país elevar o imposto sobre os embarques de derivados de soja foi eliminada, após fecharem um acordo para limitar os preços domésticos de óleos vegetais.

Em meio à tensão entre o governo e o setor rural o mais pujante do país, muitos produtores agrícolas ainda temem, porém, que o presidente Alberto Fernández, de centro-esquerda, promova novas intervenções do Estado no mercado de grãos.

O governo da Argentina uma das maiores exportadoras de alimentos do mundo alertou nos últimos dias para a possibilidade de aumentar impostos ou limitar as exportações de grãos como uma ferramenta para conter a inflação muito alta, que afeta o país há anos.

Nesta segunda-feira, a câmara de empresas processadoras CIARA disse ter acertado com o governo um mecanismo para controlar os preços dos óleos de girassol e soja na Argentina. Segundo levantamento do banco central, o país deve registrar inflação de 50% em 2021.

“Dessa forma, evita-se a interrupção de registros ou a majoração de direitos de exportação, em virtude do compromisso do Ministério da Agricultura e do Ministério do Comércio Interior de adotar medidas ou ações que removam toda distorção do mercado exportador dos produtos”, disse a CIARA.

Em uma entrevista no domingo, Fernández havia ameaçado reforçar a intervenção do Estado no mercado agropecuário. “Preferia não fazê-lo, mas se o campo não entende, vou subir os impostos de exportações ou estabelecer cotas”, disse.

Conflito

As quatro principais associações agropecuárias da Argentina divulgaram nesta segunda-feira um comunicado conjunto em que se disseram “consternadas” com as declarações de Fernández, afirmando que as atividade dos produtores incide de forma mínima sobre os preços finais.

“A receita de atacar o aumento de preços com instrumentos tão destrutivos como os direitos de exportação ou as cotas foi usada no passado recente com sonoros fracassos, que dizimaram a produção e as exportações”, disseram as associações, acrescentando que estão dispostas a se reunir com Fernández.

“Se avançarmos nessa direção errada, um novo conflito com o campo vai estourar”, afirmaram.

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