É cedo para apostar em desaceleração consistente da inflação e considerar cortes na Selic, diz economista do ASA

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) mais benigno em maio não é o suficiente para apostar em uma desaceleração consistente da inflação, afirma o economista do ASA, Leonardo Costa.
A prévia da inflação desacelerou de 0,43% em abril para 0,36% em maio — o mercado, por sua vez, esperava uma aceleração para 0,44%. No ano, o IPCA-15 acumulou alta de 2,80% e, em doze meses, de 5,40%.
O economista do ASA aponta que o IPCA-15 teve um balanço qualitativo mais benigno — “o melhor do ano”. Ele destaca a desaceleração do núcleo de serviços e de bens, mas afirma que o patamar dos núcleos segue elevado a despeito da surpresa com a desaceleração.
“Ainda é muito cedo para apostar em desaceleração consistente da inflação, ainda que o IPCA-15 de maio, de fato, tenha sido mais benigno”, diz.
Costa ainda destaca que o ritmo da possível desaceleração da economia brasileira neste ano continua incerto. Esse fator é importante para que a inflação se aproxime da meta de 3% perseguida pelo Banco Central (BC).
A projeção do ASA para o IPCA ao final do ano de 2025 é de 5,4%.
Prévia da inflação foi ‘surpresa bem-vinda’ para a Selic
Apesar de estar cético quanto à desaceleração consistente da inflação, Costa acredita que o IPCA-15 de maio foi uma “surpresa bem-vinda” para a política monetária em um período final de ciclo de alta de juros.
O ASA espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a Selic em 14,75% na decisão de junho, após elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual (p.p.) em maio.
A reunião acontece nos dias 17 e 18 do próximo mês e o mercado aposta justamente em uma manutenção do patamar atual. As Opções de Copom precificam uma estabilidade da Selic a R$ 74 e um aumento de 0,25 p.p. a R$ 20,25 — quanto maior o preço, maior a expectativa para o cenário.
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O economista da casa diz ainda que é muito cedo para falar sobre cortes nos juros e projeta que o afrouxamento monetário comece apenas no primeiro trimestre de 2026.
A casa espera que a taxa básica feche o próximo ano no patamar de 13% ao ano.