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Ainda mais baratas: 26 analistas indicam as melhores ações para comprar em outubro

05 out 2023, 18:22 - atualizado em 06 out 2023, 1:21
Ações
Para encontrar o caminho das pedras: Veja quais ações investir em outubro (Imagem: Pixabay)

A vida de quem investe em renda variável continua desafiadora. Em setembro, o Ibovespa até fechou no azul, com alta de 0,6%, mas bem distante de recuperar o tombo de 5% de agosto. Isso sem falar que o índice conseguiu o ‘chorinho’ de recuperação no último dia do mês.

Até o momento, a máxima ‘juros para baixo, bolsa para cima’ não se concretizou como investidores imaginavam. Em 20 de outubro, o Banco Central promoveu mais um corte das taxas de juros, a Selic, de 0,5 ponto percentual, para 12,75%. Porém, nada do Ibovespa deslanchar.

Na opinião de analistas, o cenário externo atuou como uma ‘âncora’, impedindo que a bolsa avançasse como os mais otimistas supunham. O Brasil não é uma ilha e depende dos investidores gringos para suportar seu mercado acionário.

De acordo com a Ágora Investimentos, as últimas sinalizações do Fed indicam que provavelmente há espaço para mais aumento de juros por lá e que, provavelmente, a política monetária permanecerá restritiva por um período mais longo. Essa mudança entornou o caldo para os investidores, que esperavam juros mais amenos.

Toda essa conjuntura fez com que os títulos públicos americanos de 10 anos, considerados os mais seguros do mundo, batessem o maior nível desde 2006, canalizando o dinheiro da bolsa para a renda fixa. Ao todo, o gringo bateu em retirada do Brasil com R$ 1,6 bi debaixo do braço em setembro.

“Em nossa visão, é difícil imaginar o cenário em que um Banco Central consiga trazer a inflação à meta sem causar algum tipo de desaceleração econômica e, portanto, devemos seguir atentos a leitura dos dados econômicos por lá”, coloca.

A corretora levanta ainda um ponto interessante para sustentar sua tese: nas últimas sete vezes em que o FED chegou ao seu “pico” de juros, em seis delas houve algum tipo de recessão nos Estados Unidos nos trimestres seguintes.

Na Europa, a economia também dá sinais de fraqueza e, possivelmente, alguns países da região passarão por algum tipo de recessão. Apesar disso, a Ágora diz que na China, em que pese a frustração com o baixo ímpeto de crescimento, não vê sinais de uma crise mais aguda, o que pode servir com algum alento aos preços das commodities.

O BTG Pactual recorda que nos últimos dois meses, o Ibovespa acumula uma queda de 9% em dólar. As taxas de juro mais elevadas nos EUA, a deterioração das perspectivas econômicas na China e as preocupações renovadas sobre a situação fiscal do Brasil são os culpados, diz.

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Brasil, mostra a tua cara

Sim, apontar o dedo para o cenário externo pode parecer tanto quanto fácil. Porém, Jerome Powell e sua preocupação com a inflação americana não são os únicos responsáveis pela fraqueza da bolsa, segundo as casas de análise.

De acordo com os analistas do BTG, os investidores poderão ficar cada vez mais preocupados com a situação fiscal do Brasil. Segundo o novo arcabouço fiscal aprovado pelo Congresso em 22 de agosto, para que o governo cumpra a meta declarada de déficit fiscal zero para 2024, será necessário aumentar significativamente as receitas fiscais no próximo ano (exigindo R$ 169 bilhões extras em receitas ou 1,5% do PIB).

Para atingir seu objetivo, o governo enviou ao Congresso um pacote de propostas (medidas provisórias e projetos de lei) que acredita que podem gerar as receitas necessárias para equilibrar o orçamento. Dessas medidas, apenas a que altera as regras de funcionamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) foi aprovada.

“A capacidade do governo para aprovar as suas propostas de aumento de receitas fiscais está intrinsecamente correlacionada com a sua base de apoio no Congresso. A nossa impressão é que a base existente do governo pode não ser suficiente para obter a aprovação das medidas e a expansão da sua base de apoio pode exigir uma remodelação ministerial mais profunda do que a que a administração tem feito”, explica.

Para Ágora, o cenário externo adverso, por si só, já justificaria o movimento de cautela por aqui, “mas também destacamos uma piora nas expectativas em relação ao cenário fiscal local”.

“Note que, apesar da queda da Selic nos próximos meses, quando olhamos a curva à termo, o que vimos foi uma alta nos juros de longo prazo, evidenciando a preocupação do mercado sobre o cumprimento da meta de zerar o déficit para o ano que vem”, explica.

Ibovespa está (ainda mais) barato

Apesar do cenário, os analistas argumentam que a visão positiva para o Ibovespa não se alterou. O BTG lembra que embora o índice tenha caído novamente em setembro em dólar, o aumento nas taxas reais de longo prazo empurrou para baixo o prêmio para manter ações em relação ao mês passado (agora em 4,8%).

“Dito isto, ainda está um pouco mais de um desvio padrão acima da média histórica”, calcula. O banco explica que as ações locais estão sendo negociadas agora a 9,5x o P/L (preço sobre lucro) projetado de 12 meses, excluindo Petrobras e Vale (uma pequena queda em relação ao mês passado), um desvio padrão abaixo da média histórica.

Os analistas esperam que os lucros  projetados de 12 meses aumentem à medida que as estimativas se concentram em 2024 (modelamos que os lucros ex-Petro&Vale crescerão 26% em 2024 contra um declínio de 7% em 2023), pressionando ainda mais os múltiplos.

Para a Ágora, é difícil apostar contra a renda variável em um cenário contínuo de queda de juros e valuation descontado. “Sugerimos algum tipo de calibragem aos portfólios, reforçando a necessidade de aprimorar a seletividade na escolha das ações e a diversificação”, explica.

E, diante de tantas informações, o Money Times compilou 26 carteiras das principais casas de análises, bancos e corretoras do país para entender a dinâmica do mercado. Ao todo, foram indicados 82 papéis que somaram 248 indicações.

Veja quem se sagrou campeã:

Ação Ticker Indicações
Vale VALE3 19
Itaú Unibanco ITUB4 13
PRIO PRIO3 11
Petrobras PETR4 10
Localiza  RENT3 7
Eletrobras ELET6 7
Sabesp SBSP3 7

Vale ainda vale

Não há fraqueza chinesa que tire a Vale do pódio de mais indicadas. O Inter foi uma das casas que acrescentaram a mineradora na carteira. Para a corretora, há uma visão mais construtiva quanto à China.

“Os sinais de que a economia chinesa possa estar finalmente estabilizando abrem oportunidade para recuperação do papel que tem sido pressionado pela deterioração das projeções desde o início do ano”, explica.

O BTG, outro banco que indica a Vale, diz que embora as perspectivas para a economia chinesa sejam sombrias, os resultados do terceiro trimestre mostram uma tendência de melhoria apoiada pelo aumento da eficiência e pelos preços relativamente elevados do minério de ferro.

Itaú, porto seguro

O Itaú é outro papel sempre presente nas carteiras. Para o BB Investimentos, a companhia representa uma alocação de alta qualidade e de baixo risco, dados seus bons indicadores operacionais, de rentabilidade e de eficiência.

“Seu perfil equilibrado de mix de crédito, dividido entre perfis PF, PJ, Grandes Empresas e Varejo Alta Renda, aliado ao bom ritmo de expansão de receitas em serviços, atribui ao Itaú um caráter de resiliência importante para atravessar o atual momento econômico no Brasil”, completa.

O Safra diz que o Itaú é o nome de maior qualidade dentro do setor bancário, tendo mostrado um melhor controle dos indicadores de qualidade de crédito frente a seus pares.

“Além disso, o banco está negociando a múltiplos interessantes (P/L para 2024 de ~6,7x, ainda abaixo de sua média histórica de 10 anos de ~10x)”, nota.

Petrobras e PRIO, para surfar no petróleo

Para a Ágora, a PRIO apesar do forte rali dos últimos meses, que levou a ação a novas máximas históricas, possui uma vasta revisão para cima em seus fundamentos.

“Vemos PRIO3 negociando a um múltiplo EV/Ebitda (valor da firma sobre resultado operacinal) atrativo para 2024, que é 25% mais barato do que os pares da empresa no Brasil, apesar da PRIO ser indiscutivelmente o player mais premium entre as empresas juniores”, argumenta.

No caso da Petrobras, o Safra foi um dos bancos que incluíram o papel na carteira.

Em sua visão, a demonstração recente da capacidade de reajuste nos preços dos combustíveis, a tendência mais positiva para os preços de petróleo e os processos de governança implementados no passado deixam mais confortáveis o caso de investimentos da companhia.

“Acreditamos que os resultados continuarão robustos no curto e médio prazo e a empresa manterá uma boa capacidade de distribuição de dividendos”, discorre.

Levantamento

Participaram do levantamento Ágora Investimentos, Ativa Investimentos, BB InvestimentosBenndorfBTG PactualCM CapitalElevenEmpiricus Research, EQI Research, Genial InvestimentosGuide InvestimentosInter ResearchItaú BBALevanteMirae AssetMyCap, Modal Mais, Nova FuturaÓrama, Planner, RB InvestimentosBanco SafraSantanderTerra InvestimentosXP InvestimentosPagBank.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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