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Alemanha e Brasil: qual é a principal diferença entre os países?

06 set 2020, 10:02 - atualizado em 02 set 2020, 20:28
Indústria Carros Setor Automotivo
A grande fonte de riqueza e produtividade da Alemanha está na produção de bens transacionáveis sofisticados (Imagem: Reuters/Charles Mostoller)

Na Alemanha, dos 80 milhões da população, 41,5M (51,8%) trabalhavam em 2011. Dos que trabalhavam, 17,52% estavam na indústria e 15,34% nos serviços empresariais e finanças. Ou seja, quase 36% em empregos do tipo engenharia, design, marketing, IT, gestão, todos eles com grandes economias de escala e alta qualificação.

No Brasil, para uma população de 200M em 2011, 105M (52,5%) trabalhavam. Desses 10,6% estavam na indústria, bem mais low tech em relação à Alemanha, e 10,5% em serviços empresariais e finanças, também menos high tech do que na Alemanha.

O gráfico mostra isso com o somatório de empregos industriais + serviços sofisticados no eixo Y e complexidade da estrutura produtiva no eixo X:

(Fonte: Paulo Gala)

Ser um país pobre equivale a não ter complexidade econômica nem empregos de qualidade.

Tomemos por exemplo o estado alemão de Baden-Wurttemberg que conta com 10 milhões de habitantes e produz o equivalente ao PIB norueguês e 3x mais do que o PIB português.

O que se produz lá que faz com que as pessoas sejam tão ricas e eficientes? Ouro? Muito pelo contrário. A produção de riquezas naturais e agricultura é praticante irrelevante por lá.

Seriam os restaurantes, as farmácias, hospitais, shopping centers e cabeleireiros a fonte de tanta produtividade e riqueza? Também não.

A grande fonte de riqueza e produtividade desse estado está na produção de bens transacionáveis sofisticados. Aí se baseiam companhias como Porsche, Hugo Boss, Zeiss, Mercedes e SAP e inúmeras outras nas áreas de mecânica de precisão e maquinaria. O estado não é rico graças aos seus recursos naturais; é rico por conta de sua rede produtiva altamente sofisticada que abastece o mundo inteiro com bens transacionáveis complexos. Ainda na mesma região, no estado vizinho da Bavária, os destaques são: BMW, Audi, Siemens, Continental, MAN, Puma e Adidas.

O estado não é rico graças aos seus recursos naturais; é rico por conta de sua rede produtiva altamente sofisticada que abastece o mundo inteiro com bens transacionáveis complexos (Imagem: Reuters)

Uma maneira simples para se entender o que é desenvolvimento econômico é pensar em termos de sofisticação produtiva. São ricos e desenvolvidos aqueles países capazes de produzir e vender no mercado mundial bens complexos e sofisticados. São pobres aqueles apenas capazes de produzir e vender coisas simples e rudimentares.

Por isso, o desenvolvimento econômico pode também ser entendido como a capacidade de uma sociedade de conhecer e controlar técnicas produtivas, especialmente nos mercados mundiais mais relevantes (o que os economistas chamam de bens transacionáveis).

CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR
Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
paulo.gala@moneytimes.com.br
Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.