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Alexsandro Nishimura: Um olhar pelo retrovisor – vai começar a safra de balanços do segundo trimestre

21 jul 2020, 18:29 - atualizado em 21 jul 2020, 18:29
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“A depender dos números apresentados, os preços das ações das empresas podem sofrer impactos” (Imagem: Pixabay)

Vem aí a temporada de demonstrativos financeiros do segundo trimestre de 2020 (2T20), período no qual estivemos totalmente submersos na crise econômica causada pela pandemia da COVID-19.

A partir de 21/jul, as empresas listadas na bolsa começam a tornar público seus números dos últimos três meses, sendo importante acompanhar como efetivamente a crise e as medidas de isolamento afetaram as receitas e despesas, entre outros dados, das companhias abertas brasileiras.

Indústrias Romi (ROMI3) e Neoenergia (NEOE3) dão o pontapé nesta terça-feira e os investidores devem acompanhar atentamente os dados revelados sobre o período trimestral encerrado em 30/jun.

A depender dos números apresentados, os preços das ações das empresas podem sofrer impactos. Observar essas fotografias do passado recente é importante, pois é neste momento que nós analistas podemos verificar se nossas projeções anteriores estão se realizando, ainda que em um período de grande incerteza.

Deveremos ter casos de empresas que saíram mais fortes e aproveitaram bem esse período. Por exemplo, as companhias do setor de e-commerce se beneficiaram das medidas de isolamento, com forte aumento das vendas.

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“As companhias do setor de e-commerce se beneficiaram das medidas de isolamento, com forte aumento das vendas” (Imagem: Unsplash/@rupixen)

Isto se refletiu na bolsa, com 3 dos 4 papeis do Ibovespa (IBOV) que mais subiram durante o primeiro semestre tendo seus negócios apoiados em plataformas digitais: B2W (BTOW3), +70,3%, Magazine Luiza (MGLU3), +50,3%, e Via Varejo (VVAR3), +37,1%. Esta última, aliás, foi a ação que mais subiu no 2T20, com valorização de 190%.

Até mesmo em setores nos quais se apontou como beneficiados durante a crise, há a necessidade de separarmos prognósticos. Quando falamos no setor de saúde, é de se esperar que o varejo farmacêutico mostre bons números, mas empresas de serviços médicos/hospitalares e diagnósticos podem confirmar as dificuldades impostas pelo isolamento.

Afinal, muitos pacientes deixaram de fazer exames e médicos reduziram seus horários de atendimento ou mesmo deixaram de trabalhar. Outros setores devem mostrar-se resilientes, tais como supermercados, telecomunicações, serviços públicos (como saneamento) e transmissoras de energia.

As empresas administradoras de shoppings, varejo de vestuário, aviação e turismo devem confirmar as dificuldades impostas pelo isolamento social, uma vez que muitas tiveram suas receitas praticamente zeradas repentinamente e assim permaneceram durante boa parte do período de abril a junho.

No setor bancário é interessante observar se houve impacto em variáveis importantes, tais como o crédito concedido e taxas de inadimplência, principalmente em um momento de elevação do desemprego e empresas com dificuldade de honrar seus débitos. Vale lembrar que no primeiro trimestre os bancos já haviam aumentado suas provisões para perdas devido às expectativas de aumento da inadimplência.

Para acompanhar de perto a temporada de balanços do 2T20, preparamos um compilado do cronograma de divulgações das empresas que estão listadas em algum dos níveis diferenciados de governança corporativa da B3, que contemplam 209 companhias. Veja o cronograma ao final do artigo.

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“No trimestre seguinte, o Ibovespa refletiu a recuperação dos preços das ações e subiu 30,2%” (Imagem: B3/Linkedin)

Temporada de balanços

Vale lembrar que, pela legislação, essas empresas têm 45 dias após o encerramento de cada trimestre para divulgar seus balanços. Quando do encerramento do ano, o prazo é estendido para 90 dias. Além disso, alerto que comparar os números deste trimestre com outros períodos pode nos levar a conclusões precipitadas, uma vez que pode não fazer sentido pelos momentos distintos. 2020 foi atingido por um evento totalmente inesperado e atípico.

Quase como um cisne negro, como costuma-se falar sobre eventos deste tipo e que trazem fortes consequências para a economia.

Os investidores também devem ficar atentos ao que será falado nas teleconferências de apresentação dos resultados, pois daí podem surgir indicativos do que está por vir. Olhar os balanços é importante, mas é também um olhar para o passado. Quando investimos, buscamos enxergar o futuro, e é lá que devemos encontrar as oportunidades para rentabilizar nosso dinheiro.

Importante lembrar que o mercado sempre se antecipa, precificando hoje o que ocorrerá no futuro. Isto pode explicar o descasamento entre o comportamento das ações no mercado e a economia real. Um exemplo disto ocorreu nos dois últimos trimestres. De janeiro a março, a pandemia ainda era incipiente no País e as medidas de isolamento só começaram a ocorrer nos últimos dias do período. Mas foi nestes meses em que as ações foram mais penalizadas na bolsa.

No trimestre seguinte, o Ibovespa refletiu a recuperação dos preços das ações e subiu 30,2%, mas foi durante estes meses que o isolamento social se deu mais intensamente. É justamente este período que agora vamos conhecer os efeitos da pandemia sobre os balanços das empresas.

Vamos olhar para o retrovisor dos balanços com atenção, mas é importante enxergar o que vem pela frente e buscar empresas que encontraram melhores caminhos para driblar os desafios impostos pela COVID-19 e que sairão mais fortes e consolidadas em seus setores.

Veja o calendário de divulgação dos resultados:

Head de Conteúdo e Sócio da BRA
Head de Conteúdo e Sócio da BRA Economista, Head de Conteúdo e sócio da BRA, escritório credenciado da XP Investimentos. É formado pela UFF e possui MBA em Finanças pelo IBMEC. É planejador financeiro certificado (CFP®️) e responsável pela produção e distribuição de conteúdo aos clientes da BRA. Atua no mercado financeiro desde 2005, dedicado à produção de conteúdo para investidores pessoa física. Iniciou carreira na área de consultoria, na Lopes Filho & Associados, onde atuou como analista de investimentos, montagem de carteiras recomendadas e análise de fundos de investimentos imobiliários. Foi Head de Conteúdo da MyCAP Investimentos, operação brasileira dedicada à pessoa física da maior corretora do mundo, a TP ICAP, em que era o responsável pelos departamentos de Research e Marketing.
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Head de Conteúdo e Sócio da BRA Economista, Head de Conteúdo e sócio da BRA, escritório credenciado da XP Investimentos. É formado pela UFF e possui MBA em Finanças pelo IBMEC. É planejador financeiro certificado (CFP®️) e responsável pela produção e distribuição de conteúdo aos clientes da BRA. Atua no mercado financeiro desde 2005, dedicado à produção de conteúdo para investidores pessoa física. Iniciou carreira na área de consultoria, na Lopes Filho & Associados, onde atuou como analista de investimentos, montagem de carteiras recomendadas e análise de fundos de investimentos imobiliários. Foi Head de Conteúdo da MyCAP Investimentos, operação brasileira dedicada à pessoa física da maior corretora do mundo, a TP ICAP, em que era o responsável pelos departamentos de Research e Marketing.
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