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Alta da Selic pode afetar próximo Plano Safra, avalia setor agrícola

19 mar 2021, 18:58 - atualizado em 19 mar 2021, 18:58
Equipamentos agrícolas
Esse efeito é indireto porque os bancos terão que remunerar melhor quando forem captar recursos (Imagem: REUTERS/Marcelo Teixeira)

A decisão do Banco Central de elevar a taxa básica de juros (Selic), anunciada nesta semana, tem potencial de afetar a estrutura do Plano Safra 2021/22, em momento em que o governo enfrenta dificuldades fiscais, avaliaram associações do setor agrícola.

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Segundo a superintendente técnica adjunta da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Fernanda Schwantes, a Selic mais alta indiretamente vai elevar as taxas de juros para o crédito rural e não é bom sinal para o plano governamental, que normalmente oferece melhores condições de financiamentos.

“Esse efeito é indireto porque os bancos terão que remunerar melhor quando forem captar recursos (após a alta da Selic) e isso afeta o produtor que vai buscar crédito e será cobrado com juros maiores”, disse.

Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual para 2,75%, no primeiro aperto monetário em quase seis anos, e veio acima do esperado pelo mercado, que previa 0,50 ponto.

A superintendente da CNA ainda afirmou que a maneira que o governo utiliza para montar a subvenção do crédito rural pelo Plano Safra também tem relação com esse cenário de captação de recursos pelos bancos.

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Soma-se o ambiente econômico de recessão em meio à pandemia, segundo Schwantes, dificilmente haverá uma condição melhor do que a apresentada no Plano Safra atual.

Sobre a decisão do Copom de elevar a Selic, ele concordou que a consequência será o encarecimento do crédito rural (Imagem: Embrapa/ Gustavo Porpino)

“Com o volume de recursos que o governo tem daria para manter os juros que temos hoje (no Plano Safra), mas com as contas públicas se deteriorando e o governo tendo que fazer várias opções, corremos o risco de reduzir o recurso… ou ter impacto nas taxas”, explicou.

Desde julho do ano passado, o governo brasileiro disponibilizou o recorde de 236,3 bilhões de reais em recursos para financiamentos pelo Plano Safra 2020/21, alta de 6,1% em relação ao montante da temporada anterior, enquanto os juros recuaram.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio de Salles Meirelles, disse em nota que, com o novo contexto da Selic, o Plano Agrícola e Pecuário 2021/22 do governo federal assume importância ainda maior.

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“Na edição 2020/21, ocorreram avanços importantes, mas os juros das linhas de crédito rural ainda ficaram acima da expectativa… as dificuldades orçamentárias do governo federal são conhecidas e a taxa básica de juros mais elevada implica exigência maior de recursos para os programas do Plano Agrícola e Pecuário”, disse Meirelles.

Segundo ele, a Faesp está fazendo ampla consulta aos produtores paulistas sobre o novo plano, por meio dos sindicatos rurais, para formular sugestões “concretas e realistas” a serem encaminhadas ao Ministério da Agricultura.

Sobre a decisão do Copom de elevar a Selic, ele concordou que a consequência será o encarecimento do crédito rural nas instituições financeiras e dificultará sua contratação pelos produtores.

Soma-se o ambiente econômico de recessão em meio à pandemia (Imagem: YouTube/SLC Agrícola)

“Esperamos que esse aumento, no qual o Copom agiu com mão pesada, tenha rápido efeito na contenção da pressão inflacionária, para que os próximos ajustes eventualmente necessários sejam feitos em doses menores e com maior rapidez, a fim de acarretar menor impacto nos juros reais.”

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Contudo, ele lembrou que parte da pressão inflacionária tem origem em commodities cotadas em dólares, “de modo que elevar o juro não produzirá o efeito esperado”.

O Copom, no entanto, deu sinalização de que haverá nova elevação na taxa básica de juros em breve.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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