Política

Alta dos juros não prejudica a atividade econômica, diz Campos Neto

25 mar 2021, 16:06 - atualizado em 25 mar 2021, 16:06
Campos Neto
Para Campos Neto, o recente aumento dos juros não prejudica o crescimento em 2022 (Imagem: Flickr/Banco Central do Brasil)

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse hoje (25) que o órgão está trabalhando com um cenário de “normalização parcial” da política monetária, com o aumento dos juros básicos da economia, a Selic.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“A normalização está relacionada à taxa neutra [quando não há estímulo nem desestímulo da atividade econômica]. Se a normalização é parcial, não entendemos que esse movimento [de taxa neutra] deva acontecer agora”, disse, explicando que o BC considera que o recente aumento dos juros “não prejudica o crescimento em 2022, que está de acordo com o nosso cenário básico”, afirmou Campos Neto

Na semana passada, em meio ao aumento da inflação pressionada pelo dólar e pela alta nos preços de alimentos e de combustíveis, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a Selic de 2% para 2,75% ao ano, primeira alta desde julho de 2015. A decisão surpreendeu os analistas financeiros, que esperavam uma elevação para 2,5% ao ano.

“Temos descrito como ajuste parcial e temos dito que o ajuste mais célere nos faz crer que na verdade fazer mais, e fazer mais rápido, faz com que a intensidade total [de elevação] deva ser menor”, disse o presidente do BC, explicando que também deve haver um efeito importante na expectativa de longo prazo.

A elevação da Selic, que serve de referência para as demais taxas de juros no país, ajuda a controlar a inflação, porque causa reflexos nos preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, contendo a demanda aquecida. Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recuperação da economia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A elevação da Selic, que serve de referência para as demais taxas de juros no país, ajuda a controlar a inflação (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Ainda assim, diante da perspectiva de boa recuperação econômica no segundo semestre, os membros do Copom consideram que o cenário atual já não prescreve um grau de estímulo extraordinário nos juros e deve manter a trajetória de elevação, de 0,75 ponto percentual, na próxima reunião do Copom, em 4 e 5 de maio. Para Campos Neto, esse percentual só deve mudar caso haja uma situação muito “atípica” no cenário econômico.

Desde agosto de 2020, a Selic se manteve em 2% ao ano, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia da covid-19.

De acordo com o presidente do BC, esse nível foi alcançado diante de um cenário de projeção de queda de 9% do PIB em 2020 e inflação próximo de 1,5%. “Um cenário que não ocorreu”.

O PIB, na verdade, encerrou 2020 com queda de 4,1%, e a inflação segue pressionada pela depreciação do real e pela alta de preço das commodities. Por outro lado, o BC acredita que os efeitos desses fatores sobre a inflação serão temporários.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Crescimento da economia

No Relatório de Inflação, publicado hoje (25), o BC reduziu a projeção para o crescimento da economia este ano. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) passou de 3,8% para 3,6%.

No Relatório de Inflação, publicado hoje (25), o BC reduziu a projeção para o crescimento da economia este ano (Imagem: Banco Central do Brasil)

Questionado sobre o impacto do agravamento da pandemia no ritmo de crescimento econômico, Campos Neto disse que os indicadores são positivos, especialmente para o segundo semestre do ano.

“Não é que estamos super otimistas, acho que está bem qualificado, se todos olharem os dados do Relatório de Inflação estamos um pouco mais pessimistas em relação ao primeiro semestre. Nosso cenário [futuro] está contemplando a pandemia e aceleração na vacinação”, disse.

Segundo ele, o BC se baseia no cronograma do Ministério da Saúde para a vacinação, que projeta crescimento na distribuição de imunizantes a partir de maio e junho. “O BC não trabalha com hipóteses sobre cenários alternativos de vacinação”, disse, sobre uma possível insatisfação no ritmo de imunização da população.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Campos Neto disse ainda que o BC não observa nenhum “desrespeito às regras fiscais”, com o aumento dos gastos do governo com a pandemia. Segundo ele, houve uma contrapartida no esforço fiscal e ganhos institucionais, como as medidas de ajustes para estados e municípios, com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial.

Compartilhar

agencia.brasil@moneytimes.com.br