Mercados

Ambipar (AMBP3): UBS BB vê ‘ruptura’ com liquidez e governança

29 set 2025, 13:45 - atualizado em 29 set 2025, 13:49
Ambipar Response ambp3 swing trade day trader
Ambipar Response (Divulgação)

A Ambipar (AMBP3), que conseguiu entrar com proteção judicial contra credores — uma espécie de pré-recuperação judicial —, ligou o sinal de alerta também para um dos poucos analistas que acompanham o papel.

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De acordo com o UBS BB, que colocou a ação em observação, a companhia passa por uma ruptura focada na capacidade de gerenciar liquidez e governança, ‘com impacto direto no valor de mercado’.

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Entre a última segunda-feira, quando o diretor financeiro João Arruda renunciou ao cargo — prenúncio de que algo estava por vir —, até o dia 25, quando a empresa entrou com o pedido, o papel despencou 46%.

Apesar disso, a ação se recuperou e subiu 26% nas últimas duas sessões. No radar, está uma possível reestruturação financeira.

‘Após anos de expansão por meio de mais de 70 fusões e aquisições e crescente complexidade financeira, eventos recentes expuseram fragilidades na governança e na solidez do balanço patrimonial’.

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Nos cálculos do UBS BB, a Ambipar carregava dívida líquida de cerca de US$ 6,1 bilhões no final de 2024 e uma projeção de dívida líquida/Ebitda de 3,2x para 2025.

Já ao fim do segundo trimestre, o endividamento líquido da empresa somava quase R$ 6 bilhões, com uma alavancagem de 2,56x o Ebitda anualizado do período.

A alavancagem sempre foi vista como um risco para a companhia. Em entrevista ao Money Times no ano passado, o então CFO, João Arruda, dizia que a empresa estava em processo de enxugamento de dívidas, depois de comprar mais de 70 empresas desde o IPO em 2020.

De acordo com o UBS BB, a integração das aquisições anteriores tem sido lenta, e a estrutura de holding continua ineficiente em termos fiscais, com taxas de imposto efetivas de até 76% em 2023.

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Ambipar: O gatilho

Desde segunda-feira, corre no mercado a informação de que as finanças da companhia não estão tão bem. No dia, os títulos de dívida (bonds) com vencimento em 2031 desabaram no mercado internacional.

Pouco antes, a Ambipar havia anunciado, via fato relevante, a sua sétima emissão de debêntures, de R$ 3 bilhões.

Em meio a isso, o Deutsche Bank cobrou um aditivo de R$ 118 milhões, o que provocou um efeito em cadeia que poderia acelerar a dívida em até R$ 10 bilhões.

De acordo com a Veja, o contrato com o banco alemão previa um aditivo em caso de desvalorizações dos bonds no mercado internacional.

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Sem ter saída, a empresa foi obrigada a recorrer à proteção judicial.

A Ambipar alega que o banco está exigindo garantias muito além dos termos contratuais.

Concorrência pode aproveitar

Ainda segundo o UBS BB, rivais como a Orizon (ORVR3) e empresas internacionais de gestão de resíduos poderiam aproveitar a crise da companhia para ‘roubar’ parcela de seu mercado.

‘O setor ambiental, embora construído sobre contratos de gerenciamento de resíduos de longo prazo, pode permitir que os concorrentes usem esse momento para desafiar a titularidade e o poder de precificação’, destaca o relatório.

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Pontos de atenção

Por fim, os analistas listam três fatores de risco para a Ambipar:

  • Cláusulas de dívida e risco de liquidez: potencial exposição a inadimplência cruzada de até US$ 10 bilhões, reformulando o risco de crédito.
  • Governança: acordos financeiros anteriores não supervisionados e divulgação reativa prejudicam a confiança nos números e no controle estratégico.
  • Sensibilidade da marca: a resposta a emergências e o gerenciamento de resíduos dependem muito da confiança na reputação da empresa, agora um possível fator negativo.

Ambipar: Disparada

No último ano, a Ambipar disparou 600%, saindo do patamar de R$ 8 para R$ 162. Se pegarmos uma janela maior, o número impressiona ainda mais. Das mínimas de 2024 até hoje, por exemplo, a alta foi de 1000%.

A escalada das ações começou em maio de 2024, impulsionada por compras realizadas pelo próprio controlador da empresa e pelo programa de recompra de ações da Ambipar.

A entrada dos fundos da Trustee fortaleceu o movimento, que culminou em um short squeeze — situação em que investidores que apostavam na queda das ações foram forçados a recomprá-las, acelerando ainda mais a alta.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É também setorista de setor financeiro. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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