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Ampliada a presença feminina, empresas dos EUA focam em negros

22 ago 2020, 9:05 - atualizado em 19 ago 2020, 11:03
Empresas CEO
Diante dos protestos motivados pela causa Black Lives Matter em todo o país após a morte de George Floyd pela polícia de Minneapolis, a composição racial dos conselhos passou a ser examinada mais de perto (Imagem: Unsplash/@brucemars)

Antes presença rara nos conselhos de administração das empresas dos EUA, as mulheres fizeram avanços reais nos últimos anos, após campanhas coordenadas de grandes investidores para aumentar a diversidade de gênero e o estabelecimento de metas estaduais de representatividade.

Diante dos protestos motivados pela causa Black Lives Matter em todo o país após a morte de George Floyd pela polícia de Minneapolis, a composição racial dos conselhos passou a ser examinada mais de perto.

Mike Magsig, responsável pela busca de presidentes e integrantes de conselhos na firma de recrutamento executivo DHR International, conta que, nas semanas após os protestos do BLM, recebeu meia dúzia de solicitações de conselhos pedindo ajuda para se diversificar.

Barry Lawson Williams, de 76 anos, que recentemente se aposentou do último dos 14 conselhos de empresas de capital aberto após quase 40 anos de atuação, também tem recebido mais pedidos para ajudar companhias a encontrar diretores negros.

“Eu gostaria de poder dizer que ter qualquer minoria é ótimo, mas não posso”, disse Williams, que já foi diretor da PG&E. “O número de diretores negros diminuiu e coloquei um holofote sobre um diretor negro por esta razão.”

Companhias também estão reagindo à pressão por mais diversidade racial. No mês passado, Procter & Gamble, Bristol-Myers Squibb e Nvidia contrataram um diretor negro cada.

Poucos dados concretos estão disponíveis sobre a composição racial dos conselhos corporativos nos EUA. Empresas de capital aberto não precisam informar a raça de seus diretores e, até recentemente, ter uma mulher era suficiente para apaziguar os que exigem mais variedade.

No entanto, cerca de uma dúzia das maiores empresas por valor de mercado no índice S&P 500 não têm negros no conselho, segundo dados coletados pela Bloomberg News. É um contraste com a presença de mulheres diretoras: a última diretoria exclusivamente masculina de uma componente do S&P 500 foi extinta no ano passado.

Contudo, o número de diretores negros nas corporações estagnou ou até diminuiu. Cerca de 10% dos diretores das 200 maiores empresas do S&P 500 são negros, de acordo com a firma de recrutamento executivo Spencer Stuart. Porém, o percentual de executivos negros ingressando em conselhos caiu de 13% no ano passado para 11% este ano.

Entre as gigantes do S&P 500 sem um único diretor negro estão TJX, Philip Morris International, Qualcomm, Cisco Systems, Adobe, Automatic Data Processing, Broadcom, Fiserv, Intuit e ServiceNow.

Entre as que confirmaram a ausência de representação negra, nove citaram esforços para melhorar a diversidade e progressos em outras áreas, incluindo a presença de mulheres e outras minorias raciais em seus conselhos.

Oracle, Danaher e Intuitive Surgical não retornaram repetidos telefonemas e e-mails da reportagem solicitando comentários sobre a composição de seus conselhos. No ano passado, a Oracle foi especialmente criticada por um grupo de parlamentares dos EUA por não ter diretor negro.

Tendo como referência o progresso das mulheres nas diretorias, ganhos adicionais podem exigir o aumento da pressão externa vinda de ativistas, das grandes gestoras de recursos que detêm ações das maiores corporações, de mandatos governamentais ou da legislação.

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