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Analistas recomendam cuidado com Petrobras; resultados não refletem cenário atual

25 fev 2021, 13:01 - atualizado em 25 fev 2021, 13:01
A troca no comando será o principal foco de atenção do mercado na Petrobras agora (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Analistas reiteraram cautela com a Petrobras (PETR3;PETR4) depois que a companhia divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2020. A XP Investimentos chamou atenção para os diversos efeitos não-recorrentes que fizeram com que a estatal encerrasse o período com lucro líquido de R$ 59,9 bilhões.

O resultado pode ser explicado pela reversão de “impairment” em R$ 31 bilhões, ganhos cambiais de R$ 20 bilhões e reversão de gastos passados do plano de saúde AMS, em R$ 13,1 bilhões.

“Ou seja, há um efeito combinado de R$ 44 bilhões sobre o lucro divulgado que não reflete as operações da companhia”, defenderam Gabriel Francisco e Maira Maldonado, analistas de Energia e Petróleo & Gás da XP.

O cálculo do Ebitda ajustado da XP também difere do número divulgado pela companhia, de R$ 47 bilhões. Excluindo os efeitos não-recorrentes, a Petrobras atingiu montante de R$ 31,7 bilhões no quarto trimestre, em linha com a projeção de R$ 30,7 bilhões da corretora.

Riscos

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A recomendação de venda que a XP tem para as ações da Petrobras refletem os riscos da política de preços de combustíveis (Imagem: Agência Brasil/Tomaz Silva)

A XP manteve a recomendação de venda para as ações da Petrobras, com preço-alvo de R$ 24 para os papéis ordinários e preferenciais. Apesar do caráter neutro dos resultados, a corretora destacou que o cenário atual que a empresa está vivendo é completamente diferente das condições vistas no quarto trimestre.

“A principal razão para a manutenção da nossa visão negativa para as ações da Petrobras diz respeito aos riscos que enxergamos para a companhia continuar a praticar uma política de preços de combustíveis alinhada com a paridade de importação. Notamos que, mesmo após o significativo reajuste de +14,6% dos preços do diesel implementado em 19 de fevereiro de 2021, a defasagem dos preços do diesel ainda segue elevada”, explicaram os analistas. A XP estima uma defasagem de -8,6% em relação aos preços internacionais de diesel.

Para a Ágora Investimentos, a Petrobras apresentou um balanço sólido, considerando a concentração da atividade de manutenção. No entanto, a equipe de análise resolveu manter a recomendação de venda para a ação preferencial, com preço-alvo de R$ 24. Além das dificuldades potenciais que a empresa pode ter para aumentar os preços de seus combustíveis, a Petrobras passa por um período de grandes incertezas no comando.

O presidente Jair Bolsonaro indicou na semana passada o general Joaquim Silva e Luna para o cargo de CEO da estatal, deixando o mercado em alerta com as interferências do governo nas companhias estatais.

Na opinião do Safra, a troca no comando será agora o principal foco de atenção do mercado, que aguarda a reunião da assembleia geral extraordinária (AGE) que avaliará a indicação de Silva e Luna.

“Qualquer desdobramento nessa frente, principalmente relacionado à intenção do governo de interferir na política de preços, deve impactar o papel”, comentaram Conrado Vegner e Victor Chen, analistas da instituição.

O BTG Pactual (BPAC11), que classificou o relatório divulgado pela Petrobras como o mais confuso dos resultados, defendeu uma visão parecida com a do Safra. O banco acredita que as ações tomadas nas próximas semanas serão cruciais para restaurar a confiança na precificação do ativo e na independência de alocação de capital. Por ora, os analistas mantiveram a recomendação neutra para o papel preferencial, com preço-alvo de R$ 29.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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