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Ano da debandada na B3? Confira as empresas que deram adeus à bolsa brasileira em 2025

05 dez 2025, 7:00 - atualizado em 04 dez 2025, 16:40
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(Imagem: Canva Pro)

O ano de 2025 marcou uma das maiores ondas de fechamento de capital da história recente do mercado brasileiro, com Ofertas Públicas de Aquisição (OPAs) bilionárias, reorganizações societárias e aquisições por grupos estrangeiros.

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Ao menos dez companhias deixaram a B3 ao longo do ano — um movimento que acendeu o alerta sobre a redução do número de empresas listadas e o impacto para a liquidez da bolsa.

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A combinação de juros elevados, múltiplos deprimidos e o custo de manter uma empresa aberta criou o ambiente perfeito para controladores retomarem participações e tirarem suas subsidiárias do pregão.

Em muitos casos, o valuation baixo facilitou o avanço de grupos estrangeiros em busca de ativos estratégicos no país. Casos como Santos Brasil (STBP3), ClearSale (CLSA3), Serena Energia (SRNA3) e Wilson Sons (PORT3) são exemplos disso.

A última da lista, noticiada já no fim deste ano, foi a saída da Neoenergia (NEOE3). No fim de novembro, a espanhola Iberdrola apresentou uma OPA para adquirir a totalidade da companhia brasileira, oferecendo R$ 32,50 por ação.

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Em outro caso, a sede francesa do Carrefour decidiu fazer uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) e tirar a sua divisão brasileira da bolsa. Já a Eletromidia (ELMD3) foi adquirida pela Globo, nacional.

Além destes, papéis importantes do agronegócio, como JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3), deixaram a bolsa de valores por outros motivos, ligados a movimentos societários e reorganizações.

Confira empresas que saíram da B3 em 2025

Santos Brasil (STBP3)

A saída da Santos Brasil foi uma das mais significativas do ano. A operadora de terminais portuários deixou a bolsa após sua controladora, a francesa CMA CGM, concluir uma OPA e elevar sua participação para mais de 93% do capital.

O pedido de cancelamento de registro foi protocolado em setembro e, em 3 de outubro, as ações STBP3 deixaram oficialmente de ser negociadas na B3. A decisão marcou o encerramento de uma trajetória de quase duas décadas como companhia aberta.

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Para a controladora, o fechamento de capital simplifica a estrutura societária e reduz custos. Para os minoritários, restou a alternativa de aceitar a oferta ou aguardar o resgate compulsório — em mais um caso em que a baixa liquidez e múltiplos comprimidos facilitaram a saída.

Wilson Sons (PORT3)

Com 187 anos de história, a Wilson Sons também se despediu da B3 após a MSC Mediterranean Shipping Company realizar uma OPA, que elevou sua participação para 97,65%. O leilão foi realizado em 23 de outubro e resultou na compra de 130,9 milhões de ações, por R$ 18,53 cada.

A empresa havia aberto capital em 2007 com planos ambiciosos de expansão portuária, mas a forte concentração do controle e o custo de manter presença na bolsa levaram ao fechamento.

ClearSale (CLSA3)

A ClearSale, especializada em antifraude digital, deixou a bolsa em abril após ser incorporada pela Serasa Experian. Todas as ações foram adquiridas pela controladora, o que levou ao cancelamento do registro na CVM e à saída da B3.

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A operação avaliou cada papel em R$ 10,56, com possibilidade de recebimento em dinheiro ou conversão em BDRs da Serasa. O caso simboliza a dificuldade de empresas de tecnologia com baixo free float e liquidez reduzida de permanecerem na bolsa brasileira.

Mesmo com crescimento consistente, a companhia se viu pressionada por valuations mais baixos e encontrou na integração com um grupo maior uma saída mais eficiente do que manter capital aberto.

Eletromídia (ELMD3)

A Eletromídia deixou a B3 após ser adquirida pela Globo, que decidiu absorver os ativos de mídia exterior da empresa e consolidar a operação em sua estrutura interna.

O cancelamento de registro encerrou uma jornada iniciada em 2021, quando a empresa abriu capital, no auge da onda de IPOs.

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Com liquidez limitada e dificuldades para justificar custos regulatórios, a companhia se tornou mais valiosa integrada a um grupo de mídia com atuação nacional.

A saída evidencia como negócios de nicho, especialmente os ligados a comunicação e tecnologia, enfrentaram dificuldades para se manter listados em um mercado retraído.

BRF (BRFS3)

A BRF deixou o pregão como parte de sua integração com a Marfrig (MRFG3), que já controlava a companhia. A operação incluiu reorganizações societárias e a unificação das operações do grupo, eliminando a necessidade da BRF manter capital aberto de forma independente.

Além de reduzir custos e simplificar processos internos, a deslistagem permite ao conglomerado operar com maior flexibilidade estratégica. Para o investidor, no entanto, a saída representou o adeus a uma das maiores empresas alimentícias já listadas no país.

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Com as operações definitivamente unificadas, as empresas negociam sob o único ticker de MBRF (MBRF3).

JBS (JBSS3)

A JBS também retirou suas ações da B3 depois de consolidar sua migração para os Estados Unidos, onde busca múltiplos mais altos e um mercado de capitais mais robusto.

A decisão vinha sendo maturada há anos e foi concluída em 2025, reduzindo ainda mais a representação do setor de proteína animal na bolsa brasileira. Agora, a empresa negocia seus papéis em Nova York e seus BDRs no Brasil, sob o ticker JBSS32.

A operação tem impacto significativo na B3: além de perder uma das maiores multinacionais do país, o investidor local perde acesso direto a uma empresa de peso global, refletindo o desafio que o mercado brasileiro enfrenta para reter grandes corporações.

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Carrefour Brasil (CRFB3)

O Carrefour Brasil foi alvo de uma OPA promovida por sua controladora francesa, que decidiu unificar a governança e retirar a subsidiária do mercado brasileiro.

A decisão ocorreu em meio a uma reestruturação global do grupo e levou ao cancelamento de registro da companhia na CVM.

A saída encerra a trajetória de uma das maiores redes varejistas do país na bolsa, num momento em que o varejo enfrenta fortes pressões marginais, guerra de preços e juros elevados.

Serena Energia (SRNA3)

A Serena Energia também deixou a B3 após ser adquirida por um grupo internacional de infraestrutura, que viu na empresa uma oportunidade de consolidar participação no setor de geração e transmissão.

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A OPA levou ao cancelamento de registro e à saída dos papéis do pregão. O caso está alinhado com o avanço de investidores estrangeiros sobre ativos de energia no Brasil, impulsionado por valuations atrativos e pelo potencial de longo prazo do setor.

Neoenergia (NEOE3)

A Neoenergia foi a última a anunciar sua saída da bolsa neste ano. No fim de novembro, a espanhola Iberdrola — já controladora da companhia — apresentou uma OPA oferecendo R$ 32,50 por ação, com a intenção de adquirir 100% dos papéis em circulação.

O processo ainda está em andamento, mas a deslistagem é considerada praticamente certa. O movimento reforça a pressão para empresas de infraestrutura, cujos valuations deprimidos e necessidade de investimentos contínuos tornam a permanência na bolsa menos atrativa.

Casos de Gol (GOLL4) e Banco Pan (BPAN4) 

Além das saídas confirmadas, o mercado já trabalha com a possibilidade de que outros papéis deixem a B3. Em outubro, o BTG Pactual (BPAC11) anunciou que pretende incorporar integralmente o Banco Pan (BPAN4).

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A proposta mira transformar o banco especializado em crédito de veículos e consignado em uma subsidiária indireta e completa do grupo. Atualmente, o BTG já detém quase 77% do Pan, que se tornou o canal do banco para atender os clientes da classe C.

Outro caso que chama atenção é o da Gol (GOLL54). Em outubro, a holding controladora da companhia aérea, a Abra, anunciou que pretende fazer uma oferta pública inicial de ações nos Estados Unidos e sair da B3.

Além da Gol, a Abra controla a companhia aérea sul-americana Avianca. A mudança depende de cenários favoráveis em meio a reestruturação pós-Chapter 11. A empresa também afirmou que vai propor aos acionistas uma reorganização societária.

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Repórter estagiário no Money Times, graduando em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP). Cobre empresas, mercados e agronegócio desde 2024.
Repórter estagiário no Money Times, graduando em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP). Cobre empresas, mercados e agronegócio desde 2024.

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