Para o chefe de pesquisa econômica da Julius Baer Brasil, Samuel Pessôa, o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) diz que, se as coisas evoluírem conforme o previsto, a Selic não deve ter um novo ciclo de alta, nem de baixa.
Copom mantém Selic a 10,50% e Samuel Pessôa, da Julius Baer, faz balanço da decisão; veja
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), manteve a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano nesta quarta-feira (31).
Os diretores repetiram o movimento do encontro passado, quando interromperam o ciclo de flexibilização da política monetária, iniciado em agosto de 2023.
No Boletim Focus desta semana, os economistas consultados pelo BC indicaram que o Copom não deve voltar a cortar a taxa este ano, encerando 2024 no patamar de 10,50%. Para 2025, 2026 e 2027, os palpites são de 9,50%, 9% e 9%, respectivamente.
O mercado está preocupado com o agravamento da inflação — principalmente de serviço –, o que também tem forçado as expectativas.
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de julho veio acima das expectativas e subiu 0,30%. O acumulado de 12 meses da prévia da inflação — de 4,45% — encostou no teto da meta, mas ainda segue dentro do intervalo perseguido pelo BC — 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.
Os analistas dizem, por outro lado, que as sinalizações mais otimistas do Federal Reserve (Fed), sobre uma possível redução da taxa de juros do país em setembro pode facilitar a decisão do Copom.

O Comitê de Política Monetária (Copom) optou por manter a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano na reunião desta quarta-feira (31).
Os diretores ressaltaram a desinflação mais lenta, a desancoragem das expectativas de inflação e o cenário global desafiador.
Os próximos passos da política monetária vão depender da evolução do cenário, principalmente a reancoragem das expectativas, avalia a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória. A indicação do comunicado é de manutenção da taxa no atual patamar restritivo por mais tempo.
No balanço de risco, Vitória ressalta que o Copom manteve os fatores de risco da reunião anterior, mas incluiu entre os riscos de alta a “conjunção das políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário”, que resulta da desvalorização cambial.
A economista diz ainda que a avaliação do impacto da política fiscal permanece fora do balanço de riscos, mas o Copom ainda ressalta a necessidade do compromisso com a sustentabilidade da dívida pública para a reancoragem das expectativas.
A projeção do BC para a a inflação de 2024 subiu de 4,0% para 4,2%, e de 3,4% para 3,6% para 2025. O Copom manteve o cenário alternativo, que seria a manutenção da Selic em 10,50% até 2025, e que resultaria em IPCA em 3,4% em 2025 — ou seja, uma convergência mais rápida da inflação.
“Mantemos nossa expectativa de manutenção da Selic em 10,5% por um prazo prolongado. Uma eventual alta de juros poderia ser considerada caso ocorra uma reaceleração da inflação e piora nas expectativas, o que poderia ser resultado de nova deterioração fiscal, como revisão das metas e impacto no câmbio”.
Por outro lado, Vitória diz que uma retomada dos cortes em 2025 continua no radar, caso o governo volte a apresentar controle do crescimento de gastos públicos, em linha com o cumprimento da meta fiscal, o que iria beneficiar a trajetória de desinflação e aliviar o prêmio de risco nos ativos.
Segundo a economista da SulAmérica Investimentos, Rafael Yamano, as principais novidades na comunicação do Copom nesta quarta-feira (31) apareceram no balanço de riscos e na descrição do cenário doméstico.
“O balanço de riscos ficou assimétrico, com mais riscos de a inflação ficar mais alta do que mais baixa. Dentre os riscos destaca-se a adição do risco de a taxa de câmbio ficar mais depreciada (que foi adicionado nessa reunião)”, explica.
O linguajar do Copom no restante do comunicado ficou mais hawkish, segundo a economista, com descrição de cenário indicando um arrefecimento no processo de desinflação.
“Apesar do balanço de riscos ter ficado assimétrico, acreditamos que o comitê deve seguir mantendo a taxa de juros estável em 10,50% na próxima reunião, com uma decisão pela alta ocorrendo apenas se as expectativas de inflação no Relatório Focus ultrapassarem 4,0% para 2025 e se a taxa de câmbio depreciar além de R$/US$ 5,80”, diz.
O co-head de investimentos da Arton Advisors, Raphael Vieira, diz que o cenário segue desafiador para o Banco Central. “Além de contar com uma deterioração das expectativas de inflação, ainda vê uma maior depreciação do câmbio por conta da desconfiança dos agentes econômicos sobre a política fiscal”, afirma.
Segundo ele, a manutenção e o último parágrafo do comunicado sobre futuros ajustes da taxa de juros deram um tom mais duro no comunicado.
“O tom do comunicado veio novamente mais duro ditando a piora nas expectativas de inflação e sobre a importância de uma política fiscal crível para ancorar essas expectativas”, avalia.
Vieira ressalta ainda o parágrafo inteiro sobre a política fiscal. “O Comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, classificou o comunicado do Copom desta quarta (31) como “mais rock“.
“Alguns elementos chamam a atenção, especialmente a menção à questão de que o Copom pode ficar mais vigilante no futuro se as variáveis de mercado piorarem ou se as expectativas de inflação piorarem”, diz.
“Eu acho que ele subiu um degrau nesse tom em relação ao comunicado da última reunião, que também foi uma manutenção unânime”, completa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, enquanto discorria sobre conquistas de sua gestão, que o país ainda precisa baixar a taxa de juros.
A declaração de Lula, um recorrente crítico do presidente do Banco Central e de sua política monetária, ocorreu minutos antes de anúncio de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sobre a taxa básica de juros, a Selic.
“… a inflação está controlada, só falta a gente reduzir a taxa de juros, que não depende só do governo, mas que a gente vai conseguir também”, disse Lula durante evento sobre obras de ampliação e aeroportos em Mato Grosso.

O Comitê de Política Monetária (Copom) cumpriu o roteiro e manteve a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, em decisão unânime. Assim, em meio à piora do cenário para a inflação, os investidores se prepararam para um comunicado mais duro do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e dos diretores que fazem parte do Copom.
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Aliás, o mercado já coloca nos preços a possibilidade de alta da Selic, sendo que parte dos analistas espera por esse movimento já na reunião de setembro. Em uma primeira leitura, porém, o comunicado trouxe um tom mais leve do que o esperado.

O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou nesta quarta-feira (31) a quinta decisão do ano sobre a taxa Selic. O colegiado do Banco Central decidiu novamente pela manutenção dos juros no patamar em que está, de 10,50% ao ano. Esta é a segunda vez que não há cortes desde o início do afrouxamento monetário, em agosto do ano passado.
Diante da depreciação do câmbio, das expectativas de uma inflação desancorada, da deterioração do sentimento da política fiscal e a eleição americana no radar, os membros do Copom optaram pela cautela na condução da política monetária no país.

O Banco Central bateu o martelo e manteve a Selic, a taxa básica de juros, a 10,50%. E se a bolsa pode não ser o melhor cenário em um ambiente de taxas altas, algumas ações continuam pagando rendimentos que superam os juros.
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O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic no patamar de 10,50% ao ano na reunião desta quarta-feira (31). Os diretores ressaltaram a desinflação mais lenta, a desancoragem das expectativas de inflação e cenário global desafiador.
“O Comitê, unanimemente, optou por manter a taxa de juros inalterada, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela”, afirmaram.
O Ibovespa (IBOV) encerrou o último pregão de julho em tom positivo, com a decisão sobre os juros nos Estados Unidos e à espera do Copom.
O principal índice da bolsa brasileira fechou com alta de 1,20%, aos 127.651,81 pontos. No mês, o índice avançou 3,02%
Já o dólar à vista (USBRL) terminou a sessão a R$ 5,6553 (+0,68%). Em julho, a divisa norte-americana acumulou alta de 1,20%.
- 2024: permanece em 10,50%
- 2025: permanece em 9,50%
- 2026: permanece em 9%
- 2027: permanece em 9%

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, acredita que os Estados Unidos estão “chegando mais perto do ponto em que será apropriado cortar os juros”. No entanto, ele diz que os dados econômicos ainda não passam confiança suficiente de que o país já está nesse ponto.
Apesar disso, Powell não descartou um início da flexibilização da política monetária na reunião de setembro. Segundo ele, um primeiro corte estará na mesa se a inflação cair rapidamente ou em linha com as expectativas, o crescimento seguir forte e o mercado de trabalho continuar consistente.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed), optou por realizar mais uma manutenção nos juros de referência dos Estados Unidos (EUA) nesta quarta-feira (31). A taxa segue no intervalo de 5,25% a 5,50% pela oitava reunião seguida.
O Comitê indicou ainda que não acha apropriado reduzir os juros até que tenha maior confiança de que a inflação está caminhando de forma sustentável para a meta de 2%.

Chegou o grande dia da Super Quarta. Hoje, após o fechamento do mercado, o Banco Central deve manter a Selic no seu atual patamar, de 10,50% ao ano — trata-se do menor nível desde março de 2022.
No entanto, a expectativa é de que o tom do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) deve ser duro, com os dirigentes apontando preocupações com o rumo da inflação e risco fiscal.