A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual (p.p.) na reunião desta quarta-feira (18) foi positiva no sentido de manter a credibilidade do Banco Central, afirma o doutor em economia e professor da FGV, Márcio Holland.
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O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual (p.p.) na reunião desta quarta-feira (18), em decisão unânime. A taxa básica de juros saiu do patamar de 10,50% para 10,75% ao ano.
“O cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista”, dizem os diretores no comunicado.
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A decisão vai ao encontro das apostas do mercado, que já esperava uma retomada do aperto monetário, após o tom mais hawkish dos diretores nas últimas comunicações.
O tom geral da declaração foi agressivo, diz BofA. Segundo o comitê, o ritmo e a magnitude do ciclo de alta dependerão da evolução da dinâmica da inflação, mais especificamente dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária. Também dependerá das previsões de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
O BofA espera que o BCB aumente o ritmo de aperto para 50 bps em novembro e dezembro , e então faça uma alta final de 25 bps em janeiro. Depois disso, as taxas devem permanecer inalteradas por quatro reuniões consecutivas, com cortes começando em setembro de 2025 .
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (18) que o corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica do Federal Reserve (Fed) veio atrasado, mas deve iniciar um ciclo de cortes duradouro que deve seguir “sem surpresas” em 2025 e 2026 e que dará alívio doméstico ao Brasil.
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Questionado por jornalistas na Fazenda sobre a alta de 0,25 ponto percentual na taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, Haddad disse que não se surpreendeu com o ajuste, mas que não irá comentá-lo até ler a ata da reunião.
Na avaliação de Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, o BC repetiu o protocolo de não dar pistas sobre os movimentos futuros e reafirmou que os próximos passos do Copom dependerão de dados.
“Apesar da decisão não apresentar surpresas, a unanimidade será bem recebida. Mais importante ainda foi o tom dado no comunicado ao reconhecer no balanço de riscos todas as preocupações presentes entre analistas e agentes econômicos. Mesmo sem o chamado forward guidance, a meu ver, o Copom não quis deixar dúvidas de que farão o que for necessário para trazer a inflação para a meta. O movimento de hoje deve contribuir para o processo de recuperação da credibilidade do colegiado”, diz Igliori.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, destaca a sinalização do Copom de que o ritmo de ajustes futuros e a magnitude deles dependerão da dinâmica da inflação.
No comunicado, o BC afirma que “o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
“Essa sinalização pouco diverge de compromissos anteriores, quando a autoridade optou por manter os juros estáveis. Vale ressaltar que nem mesmo a desancoragem da inflação foi motivo suficiente para interromper o ciclo de queda de juros, já que o processo vigorava à época”, diz Sanchez.
Ele acrescenta que “se levássemos a sinalização na ponta do lápis o ciclo de alta de juros que se iniciou hoje deveria ser muito mais agressivo do que os preços dos ativos estão precificando, especialmente se a autoridade monetária quisesse construir credibilidade para uma plena convergência da inflação à meta em prazos mais dilatados”.
Na avaliação do economista-chefe, o ciclo de altas dos juros do BC” será envergonhado, sendo interrompido antes mesmo que a maioria das condições colocadas no parágrafo prospectivo sejam satisfeitas”.
Sendo assim, a Ativa projeta alta de 50 pontos-base na próxima reunião do Copom, que levaria a Selic a 11,25% em novembro. O movimento de altas deve seguir em dezembro, com aumento de 50 pontos-base, e em janeiro de 2025, com elevação de 25 pontos-base.
“Assim, na reunião de 29 de janeiro de 2025, o BC deverá sinalizar a interrupção do ciclo de alta, mesmo sem a convergência da inflação para a meta, nem no horizonte relevante, que precisaria de pelo menos mais 100bps para chegar a 3,0%, muito menos em prazos mais dilatados.”
O Comitê de Política Monetária (Copom) confirmou a expectativa da maior parte do mercado e retomou o aperto monetário. Com uma alta de 0,25 ponto percentual (p.p.), a Selic subiu de 10,50% para 10,75% ao ano.
Além da decisão, o mercado se debruça sobre o comunicado dos diretores.
Para Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, o Copom deve seguir com um curto ciclo de alta, com o objetivo de reancorar as expectativas e acelerar a convergência da inflação para a meta.
As expectativas do Inter é de novas elevações dos juros em 25 pontos-base nas próximas reuniões e a Selic deve encerrar o ano em 11,25%.
“Um aumento do ritmo de alta para 50 p.b. poderia ser considerada caso ocorra uma reaceleração da inflação e piora nas expectativas, o que poderia ser resultado de nova deterioração fiscal seguida de impacto no câmbio”, diz Vitória.
“No entanto, com o início do corte de juros pelo Fed em 50 p.b., e o cenário de arrefecimento global, a pressão cambial tende a reduzir pelo maior diferencial de juros. Por outro lado, o cenário de um ciclo curto de alta na Selic, seguido da retomada dos cortes em 2025 pode ser reforçado caso o governo volte a apresentar controle do crescimento de gastos públicos, na direção do cumprimento da meta fiscal, o que iria beneficiar a trajetória de desinflação, bem como aliviar o prêmio de risco nos ativos, incluindo a taxa de câmbio.”
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual (p.p.), para 10,75% ao ano, apontando risco maior de alta da inflação.
“O cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista”, dizem os diretores no comunicado.
Na avaliação de Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, o comunicado do Copom deixou claro que a força recente do mercado de trabalho e a resiliência do IPCA e de suas medidas subjacentes levaram o comitê a reconsiderar para cima suas estimativas de hiato de produto.
“Em nossa opinião, o Copom corrigiu o erro adotado na decisão de julho, em que o comitê considerou uma estimativa de hiato mais benigna no que as estimativas do RTI [Relatório Trimestral de Inflação] do segundo trimestre mostravam”, diz Borsoi em nota.
“Em termos de prescrição de política monetária, o comitê afirmou que o ritmo dos ajustes futuros e o próprio orçamento do ciclo serão ditados pelo compromisso com a convergência da inflação à meta. Ou seja, o Copom não só deixou aberta a possibilidade de acelerar as altas para 0,50%, como não deu quaisquer sinais sobre a taxa terminal do ciclo, uma mensagem bastante conservadora em nossa visão, especialmente em vista de um Fed que optou por um ciclo de cortes mais célere.”
Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, a decisão do Copom não trouxe nenhuma surpresa.
“A gente tem falado de economia brasileira aquecida. O Copom já coloca hiato de produto positivo. Quer dizer que a economia já começa a operar acima da sua capacidade, e as expectativas de inflação estão completamente fora da meta, para esse ano, e, inclusive, para o ano que vem. […] Se o Copom não tivesse feito nada, ele basicamente estaria rasgando a meta de inflação. O que ele está dizendo de maneira bem clara é que a meta de inflação é para valer, que ele vai agir”, diz.
Segundo o Gala, o BC iniciou um “mini-ciclo” de aperto monetário.
“É melhor um mini-ciclo agora do que um maior depois, então, é melhor fazer um movimento agora para tentar moderar e estancar a inflação, e não ter que fazer um choque de juros de verdade lá no futuro levando a Selic a 14%, 15% ou 16%”, afirma.
Ele também destaca que a decisão do Fed, de cortar os juros em 50 pontos-base, “ajuda muito o Brasil”.
“Aprecia a moeda brasileira. Com câmbio a R$ 5,40, R$ 5,30, ou R$ 5,20, a vida do BC fica mais fácil.”
Para o economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (APAS), Felipe Queiroz, a atual conjuntura econômica tanto doméstica quanto internacional permitia não apenas a manutenção, mas também a redução da taxa básica de juros.
“No cenário doméstico, os fundamentos econômicos não justificam esse aumento [de 0,25 p.p.]”, diz.
Segundo Queiroz, embora a inflação ainda não tenha atingido o centro da meta de 3% ao ano, ela permanece dentro da banda de flutuação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
“O aumento da Selic, portanto, impõe um freio à economia brasileira, encarecendo o crédito aos produtores e comerciantes e desestimulando o consumo das famílias, já que o crédito ao consumidor final fica ainda mais caro”, afirma.
O Copom não deu indicação sobre o que vai fazer na próxima reunião (forward guidance), deixando o mercado sem pistas se deve seguir no ritmo gradual ou acelerar para o ritmo de 0,50 p.p. de alta por reunião.
Os diretores ressaltaram, no comunicado, apenas que os ajustes futuros e a magnitude total do ciclo dependerão pelo compromisso que eles têm de fazer o necessário para levar a inflação para a meta.
No entanto, para o economista da SulAmérica Investimentos, Rafael Yamano, parece mais provável que Comitê acelere o ritmo de cortes na próxima reunião.
A alta de 0,25 p.p. nos juros hoje foi justificada pela deterioração do cenário inflacionário prospectivo, com hiato do produto mais apertado e a inflação mais forte nos últimos dados sendo destacada no comunicado.
O analista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima, a decisão de subir 0,25 ponto percentual (p.p.) na Selic sinaliza uma estratégia voltada para o combate à inflação. A ideia é manter o controle sobre a demanda doméstica e tentar estabilizar o real, diz.
“Essa decisão reforçaria o compromisso do Brasil com uma política monetária mais rígida, diante de pressões inflacionárias”, afirma.
Lima diz que, no entanto, que, com o corte de juros nos EUA, o aumento da Selic pode gerar maior atração de capital estrangeiro, fortalecendo o real temporariamente, mas com o risco de enfraquecer o crescimento econômico.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Copom: Roberto Campos Neto, Ailton Santos, Carolina Barros, Diogo Guillen, Gabriel Galípolo, Otávio Damaso, Paulo Picchetti, Renato Gomes e Rodrigo Teixeira.
“O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, diz o comunicado.
O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou nesta quarta-feira (18) a sexta decisão do ano sobre a taxa Selic. O colegiado do Banco Central decidiu pelo aumento de 0,25 pontos-base. Desta forma, o BC volta ao aperto monetário.
- AO VIVO: Professor da FGV comenta as decisões do FOMC e Copom e como elas devem mexer com o mercado; assista:
A Selic voltou a subir, após um ciclo de corte de juros. A alta é primeira da gestão Lula 3. Nesta quarta, os diretores do Banco Central bateram o martelo e elevaram a taxa básica em 0,25 ponto percentual, para 10,75%, em meio a uma inflação fora da meta e uma economia aquecida.
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual (p.p.) na reunião desta quarta-feira (18), em decisão unânime. A taxa básica de juros saiu do patamar de 10,50% para 10,75% ao ano.
Para tomar a decisão, os diretores consideraram “a evolução do processo de desinflação, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis”.
A expectativa predominante no mercado é de um aumento de 0,25 ponto percentual (p.p.) na taxa Selic — projeção que a Empiricus Research também compartilha. Entretanto, há quem preveja um aumento mais agressivo, de 0,50 p.p.
O analista da casa, Matheus Spiess, espera um comunicado com tom mais severo do Banco Central, indicando a possibilidade de mais dois ajustes de mesma magnitude até o fim do ano.
“Vale lembrar que o atual patamar de 10,5% já impõe uma forte restrição à economia”, afirma.
- BTG Pactual: Alta de 0,25 p.p.;
- Itaú BBA: Alta de 0,25 p.p.;
- XP Investimentos: Alta de 0,25 p.p.
Na ponta negativa do Ibovespa, Azul interrompeu a sequência de altas consecutivas, em realização dos ganhos recentes. Os papéis da companhia aérea avançaram mais de 50% nos últimos três pregões.
Confira as maiores quedas do Ibovespa nesta quarta-feira (18):
A ponta positiva do Ibovespa foi liderada por Braskem. As ações saltaram 9% na primeira hora do pregão e encerraram com alta de mais de 5%, após o UBS BB elevar a recomendação de neutra para compra.
Confira as maiores altas do Ibovespa nesta quarta-feira (18):
A ‘Super Quarta‘ finalmente chegou e confirmou parte das expectativas do mercado. Enquanto os investidores aguardam a decisão sobre a Selic, o Ibovespa (IBOV) acompanhou o ritmo do exterior – que reagiu ao corte de 0,50 ponto percentual (p.p.) nas taxas de juros dos Estados Unidos.
Nesta quarta-feira (18), o principal índice da bolsa brasileira fechou em queda de 0,90%, aos 133.747,69 pontos.
Wall Street viveu uma montanha-russa nesta quarta-feira (18), com a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed) no centro das atenções.
O Banco Central dos Estados Unidos cortou os juros em 0,50 ponto percentual (p.p.), levando a taxa ao intervalo de 4,75% a 5,00% ao ano.
Wall Street viveu uma montanha-russa nesta quarta-feira (18), com a decisão de política monetária do Federal Reserve no centro das atenções.
O Banco Central dos Estados Unidos cortou os juros em 50 pontos-base, levando a taxa ao intervalo de 4,75% a 5,00% ao ano.
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: -0,29%, aos 5.618,26 pontos;
- Dow Jones: -0,25%, aos 41.503,10 pontos;
- Nasdaq: -0,31%, aos 17.573,30 pontos.
As bolsas de Nova York avançaram quase 1% logo após a decisão do Federal Reserve. Mas, o ânimo dos investidores arrefeceu com falas do presidente do BC norte-americano, Jerome Powell.
Além disso, a magnitude do corte nos juros trouxe de volta à mesa incertezas sobre o enfraquecimento da maior economia do mundo.
As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), em especial as de prazos mais longos, ampliaram as baixas na tarde desta quarta-feira, após o Federal Reserve anunciar corte de 50 pontos-base dos juros, e não de 25 pontos-base como boa parte do mercado esperava.
Assim como os yields dos Treasuries, as taxas dos DIs renovaram as mínimas do dia após o Fed anunciar uma taxa de juros na faixa de 4,75% a 5,00%.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deu início ao ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos (EUA) e cortou os juros de referência em 0,50 ponto percentual nesta quarta-feira (18).
A taxa, que estava no intervalo de 5,25% a 5,50% desde julho de 2023, foi reduzida para 4,75% a 5% ao ano. Trata-se do primeiro corte em mais de quatro anos, período em que o banco central norte-americano impôs condições restritivas para conter a inflação.