Apesar do corte da Petrobras, preço da gasolina ao consumidor deve subir em janeiro; entenda

Apesar da redução no preço da gasolina anunciada hoje pela Petrobras (PETR4) de R$ 0,14 por litro (4,9%), válida a partir desta terça-feira (20) e que leva o preço médio para distribuidores de R$ 2,85 para R$ 2,71, o impacto para o consumidor pode ser limitado.
O preço definido pela Petrobras nas refinarias representa apenas uma parte do valor final da gasolina. O que o consumidor paga nos postos também inclui impostos federais e estaduais, custos de transporte e margens de distribuição e revenda — que podem variar de acordo com cada região.
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Além disso, o efeito do corte será parcialmente compensado por um aumento do ICMS previsto para janeiro de 2026. Em setembro, os governos estaduais definiram que a alíquota sobre gasolina e etanol subirá R$ 0,10 por litro, passando de R$ 1,47 para R$ 1,57. O tributo sobre diesel e GLP também terá alta.
O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) destacou em boletim de outubro que o preço médio mensal de revenda da gasolina nos postos permaneceu estável em setembro, encerrando o mês a R$ 6,19, mas ponderou que as margens de distribuição e revenda da gasolina aumentaram de forma expressiva, em uma estratégia das distribuidoras de ampliar seus ganhos mesmo com redução nos custos médios da gasolina nas refinarias.
Em janeiro, a margem era de R$ 0,96 por litro (15,5% do preço final). Em setembro, subiu para R$ 1,30 (21% do total).
Em 3 de junho, a Petrobras já havia diminuído o valor em 5,6%. No acumulado do ano, a redução soma R$ 0,31 por litro, recuo de 10,3%.
O Citi fala na possibilidade de a estatal anunciar mais uma redução de preços, caso o petróleo permanece em nível baixo, já que a estatal adotou dessa vez uma postura conservadora com o reajuste de 4,9%.
“Essa possível futura redução de preços pela Petrobras poderia compensar o efeito desse aumento tributário no preço ao consumidor”, disse em nota.
Ajuste da Petrobras deve ter efeito deflacionário
A redução do preço é anunciada pela Petrobras após a queda recente do petróleo tipo Brent, que chegou na semana passada a US$ 61 o barril, mínima em cinco meses.
O petróleo está em baixa principalmente por causa de um excesso de oferta global e uma demanda enfraquecida. A produção segue em alta em países como Rússia, Brasil, Guiana e Estados Unidos (shale oil), enquanto o crescimento econômico mundial desacelera, reduzindo o consumo.
O Itaú BBA destaca que os preços domésticos da Petrobras estavam 11% acima do preço de paridade internacional (IPP) e que o ajuste de 5% reduziu essa diferença para cerca de 6%.
O corte do preço da gasolina deve ter efeito deflacionário no país. As projeções do mercado apontam para um impacto entre -0,08 e -0,12 ponto percentual (p.p.).