Apoiadores de Bolsonaro protestam por anistia no 7 de setembro em meio a julgamento do ex-presidente

Apoiadores de Jair Bolsonaro foram às ruas de várias cidades do país neste domingo, aniversário da Independência do Brasil, pedindo anistia aos acusados de tentativa de golpe de Estado e aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, em meio ao julgamento que pode sentenciar o ex-presidente a cerca de 40 anos de prisão.
As principais concentrações devem acontecer no Rio de Janeiro, na praia de Copacabana, e em São Paulo, na Avenida Paulista, após uma mobilização nas redes sociais convocando para os atos de apoio a Bolsonaro, que está em prisão domiciliar por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A tentativa de demonstração de força do bolsonarismo acontece após a primeira semana do julgamento dos oito réus acusados de fazerem parte do núcleo principal da tentativa de golpe de Estado na Primeira Turma do STF, que deve ser concluído na próxima semana.
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Sob tempo ruim e nublado na praia de Copacabana, apoiadores do ex-presidente se aglomeram nesta manhã entoando gritos de “O Supremo é o povo” e “Anistia já”, e erguendo faixas convocando o presidente dos EUA, Donald Trump, a “salvar o povo do Brasil da ditadura”.
“Não tem chuva, não tem tempo ruim que faça a gente desistir das nossas convicções e valores. Nossa bandeira sempre será em favor da justiça e da verdade”, disse Miriam Miguel, de Maricá (RJ), que compareceu ao protesto.
Políticos, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente, e líderes evangélicos, como o pastor Silas Malafaia, estão entre os principais nomes que vinham buscando mobilizar os apoiadores para os protestos.
Em meio à concentração em Copacabana, Flávio Bolsonaro disse à Reuters acreditar em um avanço do projeto de anistia no Congresso em virtude do que ele classificou como uma “grande injustiça”.
“Quem queria uma anistia ‘light’ já vê um Congresso avançando em uma anistia ampla, geral e irrestrita. Isso vai prosperar não porque os políticos sabem que tem eleição no ano que vem, mas porque sabem que o que está sendo feito é uma grande injustiça e que nunca houve movimento de golpe”.
“A gente sabe o que vai acontecer essa semana, mas estamos certos de que haverá uma reviravolta”, afirmou o deputado.
Na quinta-feira, em fala durante evento com comunicadores em Belo Horizonte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, se for votada no Congresso, há risco de a anistia ser aprovada. Disse ainda, ao afirmar que o que chamou de extrema-direita tem força no Congresso, que a batalha contra a anistia também precisa ser travada pelo povo.
Durante seus quatro anos na Presidência, Bolsonaro usou diversas vezes atos no dia 7 de Setembro para galvanizar sua base de apoio mais radical, inclusive com ataques a ministros do Supremo.
Foi, inclusive, por um ato oficial de comemoração do bicentenário da independência em 7 de setembro de 2022 que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decretou Bolsonaro inelegível até 2030, por entender que ele abusou de seu poder político e econômico no evento. O ex-presidente também foi tornado inelegível pelo TSE em outro processo separado.
Atos da esquerda
Em meio aos atos bolsonaristas pela anistia, a esquerda também se mobiliza neste domingo com pautas como a rejeição da anistia, o fim da escala de trabalho 6 x 1, a aprovação pelo Congresso da isenção de imposto de renda para quem ganha até R$5 mil mensais e a defesa da soberania nacional em meio às tarifas comerciais e sanções impostas ao Brasil e a autoridades brasileiras pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Em São Paulo, os movimentos sociais se concentram na Praça da República, enquanto no Rio a manifestação ocorre na região central e, em Brasília, o palco é a Praça Zumbi dos Palmares.
Em Brasília, o presidente Lula participou nesta manhã do desfile cívico-militar do Dia da Independência, na Esplanada dos Ministérios. O evento começou por volta das 9h e teve público estimado de 45 mil pessoas.