Guerra Comercial

Após imposição de tarifa de 39%, Suíça pode revisar proposta de acordo comercial com Estados Unidos

04 ago 2025, 5:05 - atualizado em 04 ago 2025, 5:00
Bandeira da Suíça
Após tarifaço e risco de recessão, governo suiço pode melhorar proposta de acordo com os EUA (Pixabay/lekca060)

O governo da Suiça está aberto a revisar sua proposta aos Estados Unidos em resposta às pesadas tarifas planejadas, disse o ministro da Economia, Guy Parmelin, enquanto especialistas alertam que os impostos de importação de 39%, anunciados pelo presidente Donald Trump, podem desencadear uma recessão na Suíça.

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A Suíça ficou atônita na sexta-feira (1) após Trump aplicar ao país uma das tarifas mais altas em sua reestruturação do comércio global, com associações industriais alertando que dezenas de milhares de empregos podem estar em risco.

O gabinete suíço realizará uma reunião especial nesta segunda-feira (4) para discutir os próximos passos, com Parmelin dizendo à emissora RTS que o governo agirá rapidamente antes que as tarifas entrem em vigor, em 7 de agosto.

“Precisamos entender completamente o que aconteceu, por que o presidente dos EUA tomou essa decisão. Uma vez que isso esteja claro, poderemos decidir como proceder”, disse Parmelin.

“O prazo é apertado, pode ser difícil alcançar algo até o dia 7, mas faremos tudo o que pudermos para mostrar boa vontade e revisar nossa proposta”, acrescentou.

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Parmelin afirmou que Trump está focado no déficit comercial dos EUA com a Suíça, que foi de 38,5 bilhões de francos suíços (US$ 48 bilhões) no ano passado, sendo que a compra de gás natural liquefeito (GNL) dos EUA está entre as opções consideradas.

Outra opção poderia ser mais investimentos de empresas suíças nos Estados Unidos, o maior mercado de exportação da Suíça para medicamentos, relógios e máquinas.

“Veja a União Europeia, eles prometeram comprar GNL. A Suíça também importa GNL, talvez esse seja um caminho. Talvez mais investimentos. Mas, para garantir que isso seja uma base forte para continuar as conversas, precisamos entender completamente o que os EUA esperam, disse.

Parmelin e a presidente da Suíça, Karin Keller-Sutter, também estariam dispostos a viajar a Washington para dar continuidade às negociações, se necessário, acrescentou.

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Autoridades suíças rejeitaram relatos de que as tarifas mais altas do que o esperado foram impostas após uma ligação telefônica tensa entre Keller-Sutter e Trump na noite anterior ao tarifaço.

“A ligação não foi um sucesso, não houve um resultado favorável para a Suíça. Mas não houve uma briga. Trump deixou claro desde o início que ele tinha uma visão completamente diferente, que tarifas de 10% não eram suficientes”, disse uma fonte do governo à Reuters.

“Estamos trabalhando duro para encontrar uma solução e estamos em contato com o lado americano. Esperamos conseguir uma solução antes de 7 de agosto”, complementou a fonte.

Risco de recessão

As tarifas teriam um impacto enorme na economia orientada para exportação da Suíça e aumentariam o risco de uma recessão, disse o economista Hans Gersbach, da Universidade Técnica Federal de Zurique.

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A produção econômica suíça poderia cair entre 0,3% e 0,6% se a tarifa de 39% for aplicada, número que pode ultrapassar 0,7% se os produtos farmacêuticos, atualmente isentos das tarifas, forem incluídos. Interrupções prolongadas poderiam encolher o PIB suíço em mais de 1%, segundo Gersbach.

“Haveria risco de recessão”, afirmou Gersbach.

As ações suíças devem reagir negativamente à notícia das tarifas quando o mercado de ações reabrir nesta segunda-feira, após o feriado nacional da Suíça na sexta-feira.

As tarifas também podem levar o Banco Nacional Suíço (SNB) a cortar as taxas de juros em setembro, segundo o Nomura.

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“Esperamos mais um corte de 25 pontos-base na taxa de política monetária do SNB em setembro, o que levaria a taxa para -0,25%”, disse o banco.

“O impacto negativo nas exportações devido às tarifas dos EUA provavelmente enfraquecerá o crescimento econômico e aumentará as pressões deflacionárias, reforçando a probabilidade de afrouxamento para uma taxa negativa”.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
reuters@moneytimes.com.br
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