Internacional

Arábia Saudita indica que está farta de ‘trapaças’ da Opep+

29 nov 2019, 14:36 - atualizado em 29 nov 2019, 14:42
Abdulaziz bin Salman
Abdulaziz bin Salman sinalizar em sua primeira reunião da Opep que o maior produtor do cartel não está mais disposto a compensar a não conformidade de outros membros (Imagem: REUTERS/Waleed Ali)

Nos últimos 12 meses, a Arábia Saudita fez vista grossa às trapaças dos aliados da Opep+, cortando sua produção acima do combinado para compensar a superprodução de países como Iraque e Rússia. Agora, o reino estaria pronto para dar um basta.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O príncipe Abdulaziz bin Salman, que substituiu Khalid Al-Falih em setembro, deve usar sua primeira reunião da Opep como ministro do Petróleo saudita, na semana que vem, para sinalizar que o maior produtor do cartel não está mais disposto a compensar a não conformidade de outros membros, segundo pessoas a par do assunto.

Os membros da Opep se reúnem em Viena em 5 de dezembro e com os aliados da chamada Opep+, que inclui a Rússia, no dia seguinte.

“A Arábia Saudita está adotando uma linha mais dura do que no passado”, disse Amrita Sen, analista-chefe de petróleo da consultora Energy Aspects, em Londres. “Riad está deixando muito claro que não quer arcar com todos os cortes sozinha.”

A disposição de tolerar trapaças foi uma parte essencial da política do “que for preciso” para sustentar os preços do petróleo que Al-Falih estabeleceu no fim de 2016, parafraseando o ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Al-Falih tolerou as trapaças, mas tentou convencer os países da Opep+ a reduzirem a produção de acordo com o que haviam prometido. Mas, quando suas advertências falharam e os preços do petróleo caíram, colocando em risco a oferta pública inicial da petroleira estatal Saudi Aramco, o então ministro simplesmente decidiu arcar com o ônus.

No início do ano, em uma mudança abrupta em décadas da política de petróleo da Arábia Saudita, Riad reduziu a produção muito abaixo da meta acordada.

Ainda não está claro se a nova política representa simplesmente um tom diferente ou uma mudança mais significativa. Autoridades sauditas dizem nos bastidores que o príncipe Abdulaziz simplesmente vai reforçar o mantra saudita de décadas que todos precisam contribuir para que os cortes na produção sejam bem-sucedidos.

Autoridades sauditas dizem nos bastidores que o príncipe Abdulaziz simplesmente vai reforçar o mantra saudita (Imagem: REUTERS/Satish Kumar)

Durante o mandato de Ali Al-Naimi, ministro do Petróleo de 1995 a 2016, Riad se recusou resolutamente a reduzir a produção além do que havia acordado nas reuniões da Opep.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O príncipe já afirmou isso quando participou de uma reunião do comitê da Opep+ em Abu Dhabi, em setembro.

“Todo país conta, independentemente do tamanho”, disse na sessão de abertura da reunião.

A trapaça foi generalizada. O Iraque, por exemplo, não deve bombear mais que 4,51 milhões de barris por dia; mas, em alguns meses, produziu quase 4,8 milhões de barris por dia.

O Cazaquistão aceitou um limite de 1,86 milhão de barris por dia, no entanto, produziu perto de 1,95 milhão de barris. A Nigéria concordou com uma cota de 1,68 milhão de barris por dia, mas regularmente bombeia mais de 1,8 milhão de barris por dia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A Rússia bombeou mais petróleo do que o permitido pelo acordo da Opep+ em oito meses deste ano. O país cumpriu o contrato em apenas três meses de 2019 – maio, junho e julho -, quando a interrupção do oleoduto Druzhba empurrou a produção abaixo da meta da Opep+.

Compartilhar

bloomberg@moneytimes.com.br