Vacinas

Argentina combina Moderna e AstraZeneca em 2ª dose por atrasos da Sputnik

05 ago 2021, 13:38 - atualizado em 05 ago 2021, 13:38
Ao contrário de outros imunizantes, a vacina da Sputnik tem componentes ligeiramente diferentes entre a primeira e a segunda dose (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

Por Patrick Gillespie

Com o objetivo de acelerar a campanha de imunização antes das eleições de meio de mandato, a Argentina começará a oferecer outras vacinas a pessoas que receberam a primeira dose da Sputnik V da Rússia devido aos atrasos nas entregas.

Citando evidências domésticas e internacionais, a ministra da Saúde, Carla Vizzotti, disse na quarta-feira que vacinados com a primeira dose da Sputnik podem optar por uma segunda dose da Moderna ou da AstraZeneca. A decisão de combinar as doses é um sinal de perda de confiança na rápida entrega de doses da Sputnik em um momento crítico para o presidente da Argentina, Alberto Fernández. As eleições de meio de mandato estão marcadas para 12 de setembro, que serão seguidas pelas nacionais em 14 de novembro.

Vizzotti insistiu que a Argentina não tem problemas com a Rússia e reiterou o slogan da campanha “agosto é o mês da segunda dose”. Respondendo a perguntas de repórteres, disse que “nenhum laboratório conseguiu cumprir o cronograma”.

O Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF, na sigla em inglês) anunciou no início da semana que a Argentina receberá 3 milhões de doses da Sputnik em agosto. Mas em uma carta no início de julho, uma das assessoras de Fernández, Cecilia Nicolini, disse às autoridades russas que a Argentina ainda estava esperando por 18,7 milhões de doses naquele momento. Nicolini reclamou dos atrasos da Sputnik, alegando que isso colocava “em risco nosso governo” e “estamos novamente em uma situação muito crítica”.

Ao contrário de outros imunizantes, a vacina da Sputnik tem componentes ligeiramente diferentes entre a primeira e a segunda dose, e os problemas de produção atrasaram a aplicação da segunda injeção.

O RDIF defendeu sua abordagem, observando que os ensaios com diferentes vacinas foram bem-sucedidos.

“Temos defendido a abordagem mista desde o início, antes de outros desenvolvedores de vacinas recorrerem a isso”, disse um porta-voz do RDIF à Bloomberg News. “Esses ensaios estão confirmando a segurança completa e a alta eficácia dessa abordagem.”

O RDIF havia dito esta semana que irá acelerar os trabalhos com outros produtores de vacinas em sua abordagem mista após a condução de testes com a AstraZeneca desde fevereiro nos Emirados Árabes Unidos, Azerbaijão e Argentina. Os primeiros resultados têm sido “positivos”, disse.

A Argentina foi o primeiro país fora da Rússia a vacinar cidadãos com a Sputnik e aprovou o uso da vacina antes que estudos independentes comprovassem a eficácia do imunizante.

Embora os casos e mortes tenham diminuído nas últimas semanas, a variante delta chegou à Argentina e apenas 17% da população completou a imunização, atrás do Brasil, México e Colômbia, de acordo com o rastreador de vacinas da Bloomberg. Durante meses, a prioridade do governo Fernández foi administrar a primeira dose, e hoje cerca de 57% da população tomou pelo menos uma.

A combinação de doses é a mais recente mudança na estratégia de vacinação da Argentina. Depois de aprovar a vacina da Pfizer no ano passado, o governo classificou os termos do contrato da empresa como “inaceitáveis” e deu preferência aos imunizantes da Rússia e da China. Mas depois que os EUA começaram a doar milhões de vacinas para a América Latina em julho, Fernández fechou acordos com a Pfizer e Moderna no mês passado.

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