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Arquirrivais no 2T23: Alphabet (GOOG) desencanta, enquanto ‘arroz com feijão’ da Microsoft (MSFT) incomoda

26 jul 2023, 15:15 - atualizado em 26 jul 2023, 15:15
Microsoft Google Alphabet Resultados
Sinal de alerta tira (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração)

Arquirrivais na corrida pela inteligência artificial, Microsoft (MSFT) e Alphabet (GOOG) reportaram resultados trimestrais no after market de ontem (26), levando a reações distintas dos mercados.

Na Bolsa de Nova York, o papel da Microsoft tem queda de 3,95%, enquanto o da Alphabet, empresa que controla o Google, sobe 5,6%.

No caso da Microsoft, o analista da Empiricus Research Richard Camargo diz que não dá para menosprezar o “bom arroz com feijão” reportado pela empresa de Bill Gates em seu quarto trimestre fiscal (terminado no dia 30 de junho).

No consolidado, a receita somou US$ 56,2 bilhões, crescimento de 8% frente ao ano passado, ou 10% em moeda constante. O lucro líquido total da empresa subiu para US$ 20,1 bilhões em seu quarto trimestre fiscal (terminado no dia 30 de junho), anotando crescimento de 20% em relação ao mesmo período em 2022.

Mesmo com números gerais batendo a expectativa dos analistas, sinais de desaceleração no segmento de computação em nuvem, que compila a principal aposta de rentabilidade da companhia no longo-prazo, explicam parte da reação atravessada dos mercados.

A divisão “Intelligent Cloud” que compila o Azure, cresceu 26% na comparação anual, além dos tradicionais SQL Server e Windows Server. A taxa, porém, é menor do que a média de crescimento dos últimos trimestres, fato que pode ter deixado os mercados mal-acostumados.

Apesar de não crescer mais num ritmo absurdo, superior a 40% ao ano, é difícil argumentar que os números sinalizam uma recessão, ao menos quando o assunto é computação em nuvem”, defende o analista da Empiricus, que critica o pessimismo exagerado. 

Descontando o ruído relacionado à computação em nuvem, Leonardo Otero, sócio e gestor da Arbor Capital, destaca como principal manchete o desempenho da unidade de negócios, que contempla produtos e serviços para o dia-a-dia corporativo.

“Houve crescimento de receita para o Office, Dynamics e LinkedIn. De forma agregada, o lucro operacional do segmento cresceu 25% e a margem atingiu os impressionantes 49%”, avalia.

Desempenho da Alphabet no 2T23 reflete sinais de reaquecimento da economia

Depois de vários trimestres lidando com um crescimento estagnado, os números divulgados ontem pela holding do Google arejam as perspectivas para o restante do ano.

No consolidado, a receita total foi de US$ 74,6 bilhões, um crescimento de 7% na comparação anual e 9% em moeda constante. Já o lucro líquido total da empresa entre abril e junho foi de US$ 18,36 bilhões, resultado 14,75% superior ao lucro líquido de US$ 16 bilhões apresentado entre abril e junho de 2022.

Na avaliação de Richard Camargo, a Alphabet resistiu bem à ofensiva ensaiada pela Microsoft contra o carro-chefe do seu negócio: mecanismo de buscas.

“No mercado, emergiu a narrativa de que a nova roupagem do Bing [com funcionalidades do ChatGPT], seria um detrator importante dos resultados do Google”, contextualiza o analista da Empiricus. Na prática, esse efeito não se materializou.

No trimestre, o segmento de buscas apresentou um crescimento de 5%, com receitas totais de US$ 42,6 bilhões. Com tamanha força, é estimado que o market share mundial de search do Google seja de esmagadores 92,5%.

Além de crescimento em busca, a Alphabet conseguiu reverter três trimestres consecutivos de queda de receitas no YouTube. O segmento vinha sendo penalizado pelo menor interesse de anunciantes em comprar publicidade, que tendem a ser os primeiros gastos a serem cortadas em tempos de dificuldade econômica.

As receitas totalizaram US$ 7,6 bilhões, crescimento de 4% versus o ano passado e 2% versus o trimestre imediatamente anterior.

“O que o resultado do Youtube nos sugere é que as empresas estão, assim como o mercado, considerando cada vez mais remota a possibilidade de uma recessão e voltando a investir”, coloca Richard Camargo.

No fim do dia, o resultado operacional do Google deixou todo mundo satisfeito. A empresa teve um crescimento de 12% na comparação anual e entregou uma margem operacional de 29%, o que representa uma expansão de 4 pontos percentuais frente ao trimestre imediatamente anterior.

Camargo salienta que a volta da margem ao patamar dos 30% se deve à ausência de gastos extraordinários, que foram sentidos no trimestre anterior. A Alphabet, assim como outras big techs, havia passado boa parte do primeiro trimestre lidando com corte de custos, sobretudo relacionados à desocupação de imóveis e aos layoffs.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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