As 3 condições para o Banco Central iniciar cortes da Selic, segundo Pessôa, do BTG Pactual

O início do ciclo de cortes da Selic dependerá da combinação de três condições: inflação projetada pelo Banco Central (BC) próxima da meta no horizonte relevante, reancoragem mais nítida das expectativas e sinais de desaceleração da atividade econômica. A avaliação foi feita por Samuel Pessôa, chefe de pesquisa econômica do BTG Pactual, na 26ª Conferência Anual do Santander.
Na visão dele, esses fatores devem se materializar em janeiro de 2026, quando a autarquia iniciaria a flexibilização da política monetária.
Pessôa, contudo, não descarta a possibilidade de um corte já em dezembro deste ano, se a inflação apresentar novas surpresas positivas, acompanhadas de uma reancoragem adicional das expectativas.
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Ele espera que a Selic feche o ano de 2026 em 12%, mas admite espaço para quedas mais intensas caso a atividade econômica se enfraqueça.
Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, destacou a importância do ganho de credibilidade dos modelos do BC para sustentar os cortes, diante da influência das incertezas fiscais sobre as expectativas de inflação.
Segundo ele, as expectativas não devem convergir para 3% por não estarem ligadas apenas à política monetária, mas também ao risco fiscal, o que reforça a necessidade de apoio nos modelos para calibrar a política monetária.
Honorato diz que a comunicação dura dos diretores da autarquia mudou sua projeção de cortes para janeiro, embora o fluxo de dados ainda possa abrir espaço para uma antecipação em dezembro. Ele estima a taxa de juros em 11,75% ao final de 2026.
Já Cassiana Fernandez, economista-chefe do JP Morgan na América Latina, vê espaço para cortes, mas aposta em reduções no ritmo de 0,50 ponto percentual, levando a Selic para 10,75% no próximo ano.