Agricultura

As irmãs que lideram sucessão familiar na ‘Terra da Cachaça’, referências em agricultura regenerativa e baixo carbono

27 set 2025, 12:00 - atualizado em 25 set 2025, 14:24
agricultura regenerativa baixo carbono sucessão familiar
(Foto: Pasquale Augusto/Money Times)

Na cidade de Pirassununga, a mais de 200 quilômetros de São Paulo, as irmãs Aline e Nathalia Vick lideram o processo de sucessão familiar da Fazenda Estância desde 2018, fundada pelo pai, José Vick. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Elas apostam em um manejo regenerativo no berço da “Caninha 51” desde que assumiram os 1.100 hectares da propriedade, que são dedicados aos cultivos de soja, milho, sorgo, mandioca e cana-de-açúcar.

A agricultura regenerativa visa restaurar a melhorar a saúde do solo e regenerar o que foi degradado, além de preservar a biodiversidade e equilíbrio dos ecossistemas. Para esse manejo, há 4 pilares essenciais: cobertura do solo, rotação de culturas, plantio direto e uso racional de insumos. 

A partir desta prática, as irmãs já registraram resultados expressivos na menor emissão de gases de efeito estufa. 

Na safra 2024/2025, após análise, foi observado que a pegada de carbono para a soja atingiu em média 616,4 kg CO2 eq./t, 60% menor em comparação com a média nacional.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para o milho segunda safra, a média é 46% menor que a nacional, com 751,71 kg CO2 eq./t. O cálculo foi feito por meio da Footprint PRO Carbono, ferramenta desenvolvida pela Bayer em parceria com a Embrapa.

A gestão da Fazenda Estância 

A agricultura regenerativa se tornou a missão central da Fazenda Estância, e com essa decisão, vieram outras escolhas difíceis. 20% da área total da propriedade descansa todo ano durante a safrinha, para recuperação do solo. Na safra verão, 100% da área é cultivada com soja. 

“É uma decisão dura, mas é justamente porque queremos que o solo continue dando produção nos próximos 10, 20, 30 e 50 anos. É difícil porque a gente perde essa receita na segunda safra do milho, principalmente a cultura da safrinha aqui na nossa região. Foi um processo de convencimento para definirmos isso, inclusive com o nosso pai, que atua como um conselheiro, porque havíamos acabado de construir um armazém para quando o milho está mais caro. Mas deixar de plantar 20% da área na safrinha não é uma decisão que mata o nosso negócio”, explica Aline. 

Segundo as irmãs, o que ajudou nessa tomada de decisão foram as mudanças climáticas, já que a janela ideal de plantio se tornou cada vez menor, aumentando o risco e o custo para o cultivo. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Começamos a notar uma correlação de produtividade e carbono. Quanto mais carbono no solo, a tendência é produzir mais. Com isso, nosso objetivo é aumentar a uniformidade da produtividade, transformando todas as áreas em zonas de alta produção por meio do aumento da matéria orgânica. O maior investimento se dá pelas plantas de cobertura, esse é nosso maior gasto. Quando começamos com essas plantas, elas custavam R$ 4/kg e agora estão em R$ 18/kg. Isso porque muita gente está implementando agricultura regenerativa. Eu acho que o governo precisa pensar em subsidiar essas plantas de cobertura para o produtor”, completa Aline. 

Enquanto Aline é formada em economia, a irmã Nathalia fez graduações em administração e gestão de agronegócios. Elas reforçam que suas valências se complementam para uma melhor gestão da propriedade. 

“Eu (Nathalia) trabalhava diretamente com o meu pai e era um pouco mais complicado tomar algumas ações. Com a chegada da Aline, ganhamos uma força diferente, uma visão de inovação para Fazenda Estância, fundamental para trabalharmos com agricultura regenerativa. Desde que ela chegou, as decisões passaram a ser tomadas todas em conjunto”, disse, ao Money Times. 

A média histórica da propriedade é de 72 sacas por hectares para soja. No ciclo 2025/2026, elas esperam superar esse número.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A Fazenda Estância faz parte do programa Bayer ForwardFarming, iniciativa que busca promover a agricultura regenerativa na prática em uma fazenda operacional, tornando-a referência no tema.  Atualmente, o programa conta com 21 fazendas espalhadas em 13 países.

*O jornalista esteve na Fazenda Estância, a convite da Bayer

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.