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As ressalvas da bancada ruralista para o novo Plano Safra; ‘Veremos novas recuperações judiciais. Os juros não cabem na conta’

01 jul 2025, 17:37 - atualizado em 01 jul 2025, 17:51
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(Imagem: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a chamada banca ruralista, disse que o Plano Safra 2025/2026 terá um custo para o Tesouro de R$ 13,5 bilhões, destinados para equalização dos juros dos financiamentos, montante esse 17,5% menor que a safra 24/25.

De acordo com o presidente da FPA, o deputado Pedro Lupion (PP – PR), o valor para investimentos caiu 5,14%, passando para R$ 101,5 bilhões, evidenciando, segundo ele, a maior cautela para investimentos de longo prazo.

“Ou seja, com os juros anunciados, não vamos ver produtor indo atrás de crédito para investimento. Além disso, a taxa Selic em 15% aumentou significativamente os custos de equalização de juros pelo Tesouro, o que pressiona o orçamento para subvenção, o que traz instabilidade. No ano passado, o Plano Safra cobriu apenas 40% das necessidades do setor”, disse em coletiva de imprensa.

Lupion também salientou as elevadas cargas tributária sobre os insumos, equipamentos e operações, que se referiu como uma das maiores do mundo.

“As renúncias fiscais são essenciais para manter a competitividade do setor. Fora isso, as últimas iniciativas do Governo, como a tributação das LCA e LCI, e seu impacto negativo no crédito, que responde por 43% do financiamento da safra. A irresponsabilidade do governo vai elevar o custo do produtor em mais de R$ 58 bilhões em juros”.

Segundo ele, a taxação faz com que ocorra uma fuga de investidores. “A exigência de aplicação dos recursos captados com LCA deve aumentar de 50% para 60%, o que significa que os bancos vão ter de redirecionar uma parcela maior do que arrecadam para financiamento. Mudança que pode injetar cerca de R$ 164 bilhões adicionais ao setor, sem custos diretos ao Tesouro”.

‘Veremos mais recuperações judiciais’

Na coletiva sobre o Plano Safra, o deputado federal e ex-presidente da FPA, Sérgio Souza (MDB – PR), disse que a perspectiva de futuro do agronegócio é “preocupante”.

“Há uma preocupação dentro do mercado financeiro sobre investir no setor. A dúvida que fica é: com taxação das LCA, esse é o melhor investimento? Será que o investidor não vai buscar outros produtos? Será que o agro conseguirá pagar um juro de 13,5%? Não consegue. Estamos percebendo um aumento de custo de produção e quem paga essa conta é o produtor e consumidor. Essa insegurança no crédito vai aumentar o custo”.

Outra questão mencionada são os menores preços para commodities, enquanto os custos cresceram de forma expressiva. “A commodity, soja e milho, não vale mais o preço que tinha há 4 anos, e o custo está o dobro. Vamos ver mais recuperações judiciais e quebras. Não temos recursos para o seguro rural em meio aos riscos climáticos”.

O seguro rural

O deputado federal, Alceu Moreira, presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), disse que não houve surpresas no anúncio do Plano Safra. Segundo ele, o Governo de Lula quebrou.

“O Brasil está no vermelho e eles não tem nenhum cálculo para capacidade mobilizadora do agronegócio. O que mais esperávamos era o seguro rural, principalmente nós que estamos no Rio Grande do Sul. Em 2024, pedimos R$ 3 bilhões e nos deram R$ 1,16 bilhão, e desse valor entregue, eles cortaram 40%. Com os preços de hoje para commodities, não conseguimos operar com valor de juros. Esse sistema de financiamento faliu”.

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Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024 e 2025, ficou entre os 100 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
pasquale.salvo@moneytimes.com.br
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